Ah, é verdade, bom ano.
now playing: Brian Eno with Daniel Lanois & Roger Eno, "Silver Morning"
Blog-notas de ideias soltas; post-it público de observações casuais; fragmentos em roda livre, fixados em âmbar. Eu, sem filtro. jorge.mourinha@gmail.com
Pesquisa personalizada
31 de dezembro de 2009
RETURN OF THE SON OF THE TWO-CAT EXPERIENCE
D. Noémia é uma misantropa. Instala-se confortavelmente no sofá ou na estante de livros junto à janela, pontualmente debaixo da cama (à cabeceira, junto à mesa de apoio, ou então aos pés, pertinho do aquecedor), mas garantidamente não se mistura com a criadagem. Suporta relutantemente as expressões de afecto e simpatia do staff; mais do que um par de festas ou de cócegas nas orelhas é refutado com um sibilar pouco amigável e uma patada. E recusa-se terminantemente a alimentar-se ou a visitar o quartinho se houver staff por perto.
Nota-se, no entanto, uma clara progressão: há uma semana, qualquer presença do staff a cinco metros de distância levava ao eriçar do pêlo e a um rosnar possuído a meio caminho entre os efeitos de som do Exorcista e um concerto de throat singers de Tuva (esta comparação surge por cortesia de Alface Pequena e seu pai Alface Grande), que hoje parece já ter sido abandonado.
D. Diogo, por seu lado, esforça-se por ser um anfitrião respeitador e amável, coisa que D. Noémia reconhece algo distante. Já por um par de vezes dei com os dois felinos amigavelmente encostados a dormir afincadamente no sofá, e duas a três vezes por dia ouço ruídos de perseguições agitadas pelo corredor fora, com pequenos miados inquisitivos do anfitrião e alguns rugidos desagradados da hóspede a pontuar os momentos que resultam, geralmente, em tapetes fora do sítio.
Mas D. Diogo mantém-se teimosamente perplexo com a reacção hostil de D. Noémia às tentativas de manifestação de afecto do staff, ele que é tão apreciador de festas, colos, guloseimas, brincadeiras e focinhadelas.
last five played: David Holmes, Jane Birkin, The Feelies, Cliff Richard, Atmosphere
now playing: Benoît Charest, "Cabaret Aspirateur" da banda-sonora das "Triplettes de Belleville"
next five playing: Brian Eno, Stowaways, Pedro Luís & A Parede, Étienne Daho, Curve
Nota-se, no entanto, uma clara progressão: há uma semana, qualquer presença do staff a cinco metros de distância levava ao eriçar do pêlo e a um rosnar possuído a meio caminho entre os efeitos de som do Exorcista e um concerto de throat singers de Tuva (esta comparação surge por cortesia de Alface Pequena e seu pai Alface Grande), que hoje parece já ter sido abandonado.
D. Diogo, por seu lado, esforça-se por ser um anfitrião respeitador e amável, coisa que D. Noémia reconhece algo distante. Já por um par de vezes dei com os dois felinos amigavelmente encostados a dormir afincadamente no sofá, e duas a três vezes por dia ouço ruídos de perseguições agitadas pelo corredor fora, com pequenos miados inquisitivos do anfitrião e alguns rugidos desagradados da hóspede a pontuar os momentos que resultam, geralmente, em tapetes fora do sítio.
Mas D. Diogo mantém-se teimosamente perplexo com a reacção hostil de D. Noémia às tentativas de manifestação de afecto do staff, ele que é tão apreciador de festas, colos, guloseimas, brincadeiras e focinhadelas.
last five played: David Holmes, Jane Birkin, The Feelies, Cliff Richard, Atmosphere
now playing: Benoît Charest, "Cabaret Aspirateur" da banda-sonora das "Triplettes de Belleville"
next five playing: Brian Eno, Stowaways, Pedro Luís & A Parede, Étienne Daho, Curve
por outras palavras:
a aventura continua,
animais curtidos,
gato
30 de dezembro de 2009
I'LL BE SEEING YOU
E os leões-marinhos foram-se embora da minha outra cidade.
now playing Lloyd Cole, "Travelling Light"
now playing Lloyd Cole, "Travelling Light"
29 de dezembro de 2009
PÉROLAS DE SABEDORIA OUVIDAS NO 738 EM ÉPOCA FESTIVA
"Antigamente não havia nada e a gente governava-se"
"A vida dos outros não me interessa nada a mim"
"A televisão estraga a vista"
"Não tem dinheiro para comprar um pão para levar para casa mas já tem dinheiro para comprar um maço de cigarros para levar para casa"
last five played: Nina Simone, San Francisco Gay Men's Chorus, Bill Frisell, Magnétophone, Balla
now playing: Adiafa, "Pêra Madura"
next five playing: Marvin Gaye, Ella Fitzgerald, Bob Marley, Joy Division, Silence 4
"A vida dos outros não me interessa nada a mim"
"A televisão estraga a vista"
"Não tem dinheiro para comprar um pão para levar para casa mas já tem dinheiro para comprar um maço de cigarros para levar para casa"
last five played: Nina Simone, San Francisco Gay Men's Chorus, Bill Frisell, Magnétophone, Balla
now playing: Adiafa, "Pêra Madura"
next five playing: Marvin Gaye, Ella Fitzgerald, Bob Marley, Joy Division, Silence 4
27 de dezembro de 2009
DE VOLTA AO ACONCHEGO
last five played: Lush, ABC, Electronic, Judy Collins, Tommy Parsons & Lee Hazlewood
now playing: Ban, "Pá-rá-rá"
next five played: Lloyd Cole, Julia Fordham, Nino Rota, David Byrne, Nine Inch Nails
Gosto do frio seco, quase tangível, de Dezembro (e também de Janeiro), sobretudo se o céu está de um azul luminoso sem nuvens. Lembro-me de um Janeiro em Londres em que andei pela cidade a passear agasalhado num destes dias.
Gosto do calor aconchegado da cama nestas manhãs de Dezembro, enrolado na aura quente, confortável, preguiçosa do édredon, acordando com o som da TSF e deixando-me ficar a desfrutar do quentinho mais alguns minutos, ou então, por ser fim-de-semana, de me deixar estar por ali com um gato que ronrona satisfeito aos pés da cama. Lembro-me, quando era miúdo, nos anos 1970, das manhãs de domingo que ia passar enroscado com os meus pais na cama do quarto deles, com a rádio ligada na Comercial a ouvir o Pão com Manteiga ou a pôr discos no gira-discos na salinha ao lado, que eu me levantava pressuroso para mudar sempre que acabava um lado.
now playing: Ban, "Pá-rá-rá"
next five played: Lloyd Cole, Julia Fordham, Nino Rota, David Byrne, Nine Inch Nails
Gosto do frio seco, quase tangível, de Dezembro (e também de Janeiro), sobretudo se o céu está de um azul luminoso sem nuvens. Lembro-me de um Janeiro em Londres em que andei pela cidade a passear agasalhado num destes dias.
Gosto do calor aconchegado da cama nestas manhãs de Dezembro, enrolado na aura quente, confortável, preguiçosa do édredon, acordando com o som da TSF e deixando-me ficar a desfrutar do quentinho mais alguns minutos, ou então, por ser fim-de-semana, de me deixar estar por ali com um gato que ronrona satisfeito aos pés da cama. Lembro-me, quando era miúdo, nos anos 1970, das manhãs de domingo que ia passar enroscado com os meus pais na cama do quarto deles, com a rádio ligada na Comercial a ouvir o Pão com Manteiga ou a pôr discos no gira-discos na salinha ao lado, que eu me levantava pressuroso para mudar sempre que acabava um lado.
23 de dezembro de 2009
MÚSICA PRÁ CAROLA. BOA NOITE
last five played: José Afonso, Maria Bethânia, Eurythmics, Philip Glass, Kristin Hersh
now playing: John Cale, "So What"
next five playing: Idanha-a-Nova, Jeanne Balibar, Donald Fagen, Mountain Goats, Sérgio Godinho
Uma das coisas maravilhosas de já não ter de escrever por obrigação sobre música é que se ganha uma disponibilidade completamente diferente para (re)descobrir os discos que já não se ouviam há muito tempo, que nem sempre se ouviram como deviam ser ouvidos ou que ganharam aquela patine muito especial que só o tempo lhes dá. Faz parte do paradoxo, eu sei.
Outra das coisas maravilhosas é que, há cinco ou dez anos, eu não tinha tanta música convertida em digital e não podia deixar o shuffle do iTunes fazer as justaposições surpreendentes que, ao virar de uma canção, me sugerem (re)descobertas extraordinárias, me recordam instantes, pessoas, emoções, ou me intrigam o suficiente para eu tentar perceber o que (não) vi ali na altura. É um bocado como ter uma estação de rádio que nunca passasse má música.
now playing: John Cale, "So What"
next five playing: Idanha-a-Nova, Jeanne Balibar, Donald Fagen, Mountain Goats, Sérgio Godinho
Uma das coisas maravilhosas de já não ter de escrever por obrigação sobre música é que se ganha uma disponibilidade completamente diferente para (re)descobrir os discos que já não se ouviam há muito tempo, que nem sempre se ouviram como deviam ser ouvidos ou que ganharam aquela patine muito especial que só o tempo lhes dá. Faz parte do paradoxo, eu sei.
Outra das coisas maravilhosas é que, há cinco ou dez anos, eu não tinha tanta música convertida em digital e não podia deixar o shuffle do iTunes fazer as justaposições surpreendentes que, ao virar de uma canção, me sugerem (re)descobertas extraordinárias, me recordam instantes, pessoas, emoções, ou me intrigam o suficiente para eu tentar perceber o que (não) vi ali na altura. É um bocado como ter uma estação de rádio que nunca passasse má música.
17 de dezembro de 2009
COISAS INEXPLICÁVEIS
Eu que não consigo dormir se a televisão tiver ficado acesa e não é que não dei pelo sismo?
15 de dezembro de 2009
THE DECEMBERISTS
Não vou tão longe aqui como o rapaz, mas confesso que gosto muito do frio seco de Dezembro e de Janeiro quando o céu está límpido e azul. Sobretudo quando está o aquecedor ligado ou o gato está enroscado a dormir no sofá qual gerador de calor. (Ironicamente, agora está a chover.)
por outras palavras:
civilização,
é a cultura,
É Natal,
prazeres culpados
14 de dezembro de 2009
9 de dezembro de 2009
O VERDADEIRO CONDUTOR
Queria só dizer que assisti, há pouco, a um condutor enfurecido sair do seu carro, começar a mandar vir violenta, furiosa e gesticulantemente* com um condutor de autocarro e, inclusive, dar uns valentes murros na janela do condutor e ameaçar alguns pontapés na carroçaria. Não terá servido de muito - o autocarro seguiu o seu pachorrento caminho uma vez o sinal aberto - mas pelo menos o homem terá libertado a sua adrenalina.
*não sei se a palavra existe mas é uma imagem bonita
*não sei se a palavra existe mas é uma imagem bonita
8 de dezembro de 2009
7 de dezembro de 2009
QUEDA DO IMPÉRIO
"...Beneath all this is the peculiar British combination of bragging and bewilderment, an air of expectations great but unmet and of unrealised specialness. It is hard to think of another country so keen to magnify its accomplishments (everything must be "the best in the world"), yet also to wallow in its failings; so deluded and yet so morbidly disappointed."
É engraçado como aquilo de que o Economist fala na coluna Bagehot desta semana relativamente a Inglaterra podia perfeitamente ser aplicável a este nosso cantinho.
É engraçado como aquilo de que o Economist fala na coluna Bagehot desta semana relativamente a Inglaterra podia perfeitamente ser aplicável a este nosso cantinho.
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