Pesquisa personalizada

31 de outubro de 2007

A LOJINHA DAS CURIOSIDADES

Num dos cafés no Rato onde às vezes tomo o pequeno-almoço, tomo sempre a mesma coisa - o mesmo galão de máquina e o mesmo croissant com manteiga - e sou sempre atendido pelo mesmo empregado.

Mas nunca pago o mesmo preço.

30 de outubro de 2007

THEORY OF ENCRYPTION

Já me tinha esquecido como a casmurrice e a estupidez baseadas na ignorância podem consumir desnecessariamente tempo e paciência.

29 de outubro de 2007

Estava eu pacatamente a almoçar no meu poiso habitual, e entre as outras pessoas que também elegem o meu poiso habitual como seu poiso habitual estava uma sra. professora a conversar com amigas, talvez colegas. O restaurante não estava muito cheio e por isso a sra. professora, que tinha uma daqueles vozes que projectam bem, ouvia-se bem mesmo à distância. E ao longo dos 40 minutos que estive a almoçar, a sra. professora esteve a falar, indignada, às amigas, talvez colegas, que... não, não estava a falar das suas aulas nem dos seus alunos: estava a resmungar por causa dos seus escalões de funcionalismo. Dei por mim a pensar que quando uma professora está mais interessada na sua remuneração do que no seu trabalho, alguma coisa não está a bater certo.

28 de outubro de 2007

A recente ausência de novidades por estes cantos não é sinal de desinteresse nem de cansaço com o blogismo; apenas uma sobredose de trabalho que veio reduzir temporariamente o exercício de observação que sustenta estas prosas telegráficas. O serviço normal será retomado progressivamente. Obrigado pela paciência.

24 de outubro de 2007

E JÁ QUE ESTAMOS A FALAR DE HOBBES

Adoro aquela tira em que Calvin pergunta se a cauda de um tigre é "uma gravata para o teu rabinho".

O CULTO DO MAC ENQUANTO GRANDE FELINO

O novo sistema operativo Apple para os computadores Macintosh chama-se Leopard. (Como diria o Hobbes, um nome felino fica sempre melhor.) Versões anteriores chamavam-se Jaguar e Tiger. Fico à espera do dia em que, por ter esgotado os nomes felinos existentes (ainda estou para ver um Mac OSX Lion), a Apple tenha que se contentar com o nome Cat.

20 de outubro de 2007

FRANCISCO, ESTEJA QUIETO

É sábado de manhã, está uma brisa leve a refrescar este Verão tardio no meio da esplanada rodeada de árvores e verde no meio da cidade. O pai, de óculos escuros, lê o jornal; a mãe, de vaporosa blusa branca, lê a revista do jornal; a filha adolescente, de T-shirt vermelha, de costas para mim, escreve qualquer coisa com aquela curvatura atenta da adolescente que está a ter cuidado com o que escreve. Só o filho, dos seus cinco anos, não pára quieto, sentado no chão a brincar com os camiões em miniatura, encostado á esquina das placas de vidro que fecham o espaço e deixam passar a luz do sol para dentro da cafetaria, gatinhando para a frente e para trás, para o meio da porta que dá acesso à esplanada, enquanto os pais a cada cinco minutos resmungam para ele estar sossegado, com aquela velha frase das famílias bem: "Francisco, esteja quieto".

Dois minutos depois, a filha volta a correr para pegar na bolsa de que se esqueceu pendurada na cadeira.

PRAZERES SIMPLES

Depois de uma semana fechado em casa a "aviar" DVDs para fazer a cobertura que o glorioso DocLisboa deste ano merece, a felicidade pode ser ver um gatinho a brincar sozinho à apanhada com os restos de um brinquedo de peluche mastigado para lá de qualquer reconhecimento.

Ou pode ser um calmíssimo passeio de automóvel do Parque das Nações a Paço d'Arcos pela marginal beira-rio, mesmo que ainda haja obras do Metro a tapar o dito cujo aqui e ali, sob o glorioso sol de Verão tardio, a ver o mar calmo onde o rio desagua a brilhar com mil centelhas de luz reflectida.

Ou pode ser uma chamada telefónica de longa distância onde ouvimos aquela voz que tanto nos diz e da qual tantas saudades temos.

Ou pode ser, apenas, estar longe da voragem.

15 de outubro de 2007

MONARCHY IN THE UK, PERDÃO, EM PORTUGAL

Tenho para mim que, se em vez de termos D. Duarte Pio como descendente da monarquia portuguesa, tivéssemos alguém com a pinta de D. Felipe de Borbón, príncipe das Astúrias (perguntem à minha mãe, que diz que aquilo é que um príncipe como deve ser), os portugueses e sobretudo as portuguesas seriam muito mais monárquicos do que são.

O lado de má-língua e resmunguice que os portugueses têm sempre de ter seria então canalizado para D. Letizia e estou já a ver as velhotas alentejanas a dizerem que ela tem o nariz muito empinado e que não é nada simpática e que o marido é que um nobre a sério enquanto ela é uma dessas espertalhonas que se agarrou a ele.

14 de outubro de 2007

MISANTROPIA

Já me tinha esquecido como não gosto de ir ao cinema quando o cinema está cheio. Ele é as arrumadoras que não arrumam nada e só deixam a porta aberta para as pessoas entrarem; ele é as espanholas que falam pelos cotovelos; ele é as matronas que deixam os telemóveis ligados e os atendem a meio do filme; ele é o casal na moda que fala aos cochichos ao telemóvel; ele é os bandos de jovens intelectuais na moda que têm sempre alguma coisa a dizer sobre o filme; ele é o pessoal que chega atrasado e incomoda toda a gente.

12 de outubro de 2007

OS PAIS NAO DEVIAM MESMO GOSTAR NADA DELE...

...mas o senhor guarda por quem passo na rua não tem culpa de se chamar Marco Paulo, como estava aliás bem legível na chapa de identificação na camisa.

10 de outubro de 2007

A PROPÓSITO DA CASA PIA

Primeiro, Catalina Pestana; agora, Joaquina Madeira. Eles têm pontaria para os nomes, hem?

9 de outubro de 2007

8 de outubro de 2007

POLAROID: ENTRADAS POR SAÍDAS

Na Confeitaria Marquês de Pombal, à esquina da avenida da Liberdade com a Alexandre Herculano (e onde se come uma das melhores torradas de Lisboa), há uma porta automática que só dá entrada e outra que só dá saída. Nos 30 minutos que lá passei a lanchar hoje, a percentagem de pessoas que tentavam entrar pela saída e sair pela entrada sem olharem para os letreiros (contudo extremamente visíveis!) nem perceberem que estavam a fazer tudo ao contrário era tão alta que me perguntei se seria realmente uma boa ideia ter portas separadas.

4 de outubro de 2007

UMA INTERROGAÇÃO PREMENTE NAS CABEÇAS DE TODO O MUNDO

Porque é que o Devendra Banhart gostava tanto de ser o Caetano Veloso? E porque é que o Caetano Veloso não lhe diz para estar calado?

MULTIBANCO

No multibanco do supermercado, pago a conta da água com dois miúdos novinhos, crianças dos seus cinco anos, a correr à minha volta enquanto a mãe fala ao telemóvel de costas para eles. Um deles, uma menina de casaco cor-de-rosa que está a comer um bollycao, aponta para o écrã e diz "tens de carregar ali" e, quando aparece um anúncio da BMW no écrã, pergunta "vais comprar um carro?".

Quando termino as operações, viro-me para a senhora, que acaba de desligar o telemóvel com um ar muito atarefado e continua de costas, e toco-lhe ao de leve no ombro. "Ai que susto!", diz a senhora. "Desculpe," digo-lhe eu, "mas era capaz de não ser má ideia tomar conta da sua filha. É que pode haver pessoas que não achem tanta graça como eu a ter uma miudinha a controlar-lhe os movimentos do multibanco." A senhora não percebe bem mas pede desculpa na mesma.

2 de outubro de 2007

POLAROID: TAXI

Enquanto espera que surja um táxi livre para o poder apanhar, a senhora, loura, de óculos escuros, atravessa displicentemente a rua, ignorando o facto do sinal estar fechado para os peões. Quando um automóvel lhe apita por ela estar no meio da rua, a senhora faz ao condutor a cara típica da senhora que acha que tudo lhe é devido e que tem todo o direito de estar ali no meio da rua a passear à espera de um táxi livre.