Pesquisa personalizada

28 de fevereiro de 2007

Ó PRÓ MEU IPOD TÃO ECLÉCTICO #7



June Tabor, A Quiet Eye (Topic Records, 1999)



June Tabor & Martin Simpson, A Cut Above (Topic Records, 1980)

O MARAVILHOSO MUNDO ANIMAL


A pedido de várias famílias, apresento-vos D. Diogo Antunes da Silva von Satori de Mourinha.

26 de fevereiro de 2007

A MULHER CAMUFLADA

Acho muito bem que as mulheres também sejam militares, que eu não sou daqueles que acha que há profissões que deviam ser reservadas aos homens ou que as mulheres não se deviam meter em coisas de homens. Agora, aqui entre nós, aquele carrapitozinho que as mulheres-soldado usam é que não está mesmo com nada: não se consegue ver ali uma jovem ou uma mulher interessante, é como estar a olhar para a vizinha velhota do quarto esquerdo.

25 de fevereiro de 2007

OS PINGUINS LEGISLAM VIOLENTAMENTE

Mas não são esses em que vocês estão a pensar. São estes. Só as capas dão vontade de comprar todos.

24 de fevereiro de 2007

AINDA A PROPÓSITO DO COMUNISMO

A capa do último "Avante!" (que o dono de uma tabacaria perto de minha casa exibe ostensivamente entre os outros jornais) traz o título "PCP exige novo rumo para o país". No que não são nada originais. Todos os partidos da oposição acham o mesmo. Assim não sei se vão conseguir novos leitores.

23 de fevereiro de 2007

O COMUNISMO, A MODA E O CANTOR

Diz hoje Kalaf ao Público, questionado sobre José Afonso, que "ele era comunista, e saiu de moda ser comunista" como se a política fosse uma questão de moda. Não é exactamente assim: durante muitos anos, associou-se em Portugal "ser de esquerda" a "ser comunista", porque, durante o regime de Salazar, os dois conceitos eram sinónimos e o comunismo era a única resistência activa organizada de esquerda à direita no poder. Os tempos exigiam uma divisão preto-no-branco, dicotómica; um pró/contra.

Hoje já não é bem assim, as certezas estilhaçaram-se, há muitas maneiras de se ser de esquerda sem se ser comunista e de se ser de direita sem se ser fascista. Se José Afonso continua preso ao comunismo tal como ele era então entendido, a culpa não será tanto dele como daqueles que, sendo de esquerda, entenderam por bem reivindicá-lo como exclusivamente seu, e sublinharam a dimensão política da sua música.

Com isso, fizeram o pior que se podia ter feito a José Afonso: encerraram-no numa redoma dourada, que reduz a sua música a uma única dimensão, e provavelmente a menos interessante. José Afonso não se esgota - nunca se esgotou - na política que necessariamente enformou o seu trabalho. Mais do que de esquerda, ele era um resistente; e essa resistência partia sempre de uma música que queria abrir novos caminhos para a canção cantada em português, aberta às raízes e às invocações de África, aberta à evolução e à diferença.

A música de José Afonso nunca foi fechada. Nós é que a quisemos sempre fechar numa gaveta. E todas as gavetas são redutoras.

22 de fevereiro de 2007

OS PORTUGUESES SÃO MUITO DESCONFIADOS

Estava eu pacatamente na caixa do supermercado quando aparece uma idosa de bengala, muito devagar, que sem dizer água vai se chega à empregada que me está a atender e lhe disse, "olhe! enganou-se a dar-me o troco". Esteve-se perfeitamente a borrifar para o facto da empregada estar a atender outro cliente, tirou da carteira o recibo e mostrou-lhe. "Eu dei-lhe uma moeda de dois euros e você não me deu o troco certo". A empregada olhou para o recibo e disse-lhe, "dei-lhe o troco certo sim senhora, a conta eram onze euros e vinte e um cêntimos e eu dei-lhe setenta e nove cêntimos de troco".

No entanto a idosa de bengala não se deixou convencer e ficou ali a insistir durante vários minutos que a empregada se tinha enganado a dar-lhe o troco e que queria que ela lhe desse o troco certo.

20 de fevereiro de 2007

O FELINO TRANSSEXUAL

Quando fui para Berlim, tinha uma gata chamada Sofia.

Agora que cheguei de Berlim, descubro que a gata chamada Sofia afinal é um gato. Aquelas protuberâncias não enganam.

Por sugestão da fã nº 1 da Amélia Muge, estou a pensar em chamar-lhe Urso.

AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE, PAI

Berlim é o pesadelo dos gulosos. Está cheia de cafés e confeitarias que servem doces maravilhosos. Não estou a falar apenas das célebres bolas de Berlim (ali conhecidas por "Berliners" ou "Berliner Pfannkuchen"), nem das dezenas de Dunkin' Donuts que vendem donuts à americana com inúmeras variações locais (como o Muffin Schwarzwald), nem da célebre Sachertorte.

Estou mesmo a falar de confeitarias com fabrico próprio, como o café LebensArt (Unter den Linden, 69A, comboio S1/S2/S25 Unter den Linden, autocarro 100 ou TXL, futuro metro U55 Brandenburger Tor), que tinha uma selecção de bolos de salivar até à quinta casa. Ainda não percebi exactamente o que raio era a "Herrentorte" que eu comi (reconheci camadas de pão-de-ló e um creme aromatizado, com cobertura de chocolate e amêndoa), mas lá que era maravilhoso, lá isso era.

INSTANTÂNEOS DE BERLIM

Os berlinenses andam muito de bicicleta. As ruas têm todas faixas para bicicletas reservadas nas estradas ou nos passeios.

===

Os berlinenses são muito pouco simpáticos quando um estrangeiro lhes fala em inglês. Parece que o outro tem obrigação de saber falar alemão.

Os berlinenses são muito simpáticos quando um estrangeiro lhes fala em alemão, e começam a falar com ele como se ele fosse alemão. Ou seja, tão depressa que um estrangeiro não percebe metade do que eles dizem.

===

Nos restaurantes berlinenses, a mesa não está posta antes da refeição. Só depois do pedido feito é que o empregado traz os talheres e os guardanapos, e não vem manteiga para a mesa, apenas o cesto do pão. A única coisa na mesa é sal, pimenta e açúcar.

A FALAR É QUE A GENTE SE ENTENDE

Só mesmo em Berlim um passageiro português e um taxista alemão se entenderiam perfeitamente a falar francês.

19 de fevereiro de 2007

A IRMANDADE DA MASALA DE ESPERA - ESPECIAL BERLIM

Sítios onde não se come nada mal em Berlim:

Trattoria Piazza Rossa (Rathausstraße, 5, mesmo em frente à Fernsehturm; metro U2 Alexanderplatz) - italiano de bom recorte, bem servido (as pizzas sao descomunais), a preços médios de 16 euros por pessoa.

Blaues Band (Alte Schönhauserstraße, 7; metro U2 Rosa-Luxemburg-Platz ou eléctrico M2) - "nouvelle cuisine" cosmopolita (recomendo vivamente o frango assado em molho de limão e ervas). O preço médio ronda os 18 euros.

Trattoria Ossena (Rosenthaler Straße, 42; comboio S5/S7/S75/S9 Hackescher Markt; eléctrico M2/M4/M5/M6 Hackescher Markt) - outro italiano de bom recorte e doses bem servidas, embora ligeiramente mais caro que o Piazza Rossa.

Oranium (Oranienburger Straße, 33; metro U6 Oranienburger Tor; comboio S1/S2/S25 Oranienburger Straße; eléctrico M1/M6 S Oranienburger Straße) - café restaurante bar de grandes dimensões e ambiência moderna/chique/cosmopolita onde se janta à luz de velas enquanto o écrã de TV dá imagens de desporto. Sanduíches, bifes, massas e "nouvelle cuisine" a um preço próximo dos 15-20 euros por pessoa.

18 de fevereiro de 2007

EU GOSTO É DO VERÃO

Basta um bocadinho de sol que os berlinenses saem todos à rua e sentam-se na primeira esplanada a beber uma bjeca, tomar um cafézinho ou saborear um bolinho.

O DIA DOS MUSEUS

Capuccino na mão, caminho ao sol pela Karl-Liebknecht-Straße em direcção a Museumsinsel, "a ilha dos museus". No impecavelmente restaurado Zeughaus (antigo arsenal do exército) alargado por um "anexo" espectacular construído por I. M. Pei (a cobertura de vidro do pátio interior é assombrosa), está instalado o Museu Histórico Alemão (Unter den Linden 2; autocarros 100/200/TXL).

A exposição permanente sobre a história alema desde a fundação da nacionalidade à queda do Muro de Berlim é fascinante, embora muito do que ali esteja seja necessariamente restrito aos germanófilos (inexplicavelmente, nem tudo está traduzido para inglês). É comovente ver alguns dos utensílios de uso comum das famílias alemãs do século XIX - bonecas, canetas, chávenas, cadernos de exercícios - e pela primeira vez num museu, tenho a sensação de que não estou a visitar uma exposição mas sim um pouco da vida de gente que já morreu.

A mesma sensação surgirá mais tarde no Museu Judeu de Berlim (Lindenstraße 9-14; autocarros 248/M29/M41), uma criação inspiradíssima do arquitecto Daniel Libeskind onde a exposição permanente abrange dois mil anos de história dos judeus alemães; aqui, a quantidade de pertences pessoais de famílias (albuns fotográficos, cartas, bilhetes de identidade, uniformes) dá ainda uma dimensão mais humana à história, com a brutalidade do holocausto nazi sempre no horizonte.

Uma coisa fica muito bem expressa em ambas as exposições permanentes: o facto do "Terceiro Reich" Hitleriano se ter constituido como um ponto de ruptura numa história e numa sociedade. O nazismo recuperou uma série de elementos históricos que haviam estado sempre presentes para os subverter em favor dos seus próprios fins, distorcendo-os e amalgamando-os numa filosofia do ódio ao estranho e ao outro cujas raízes estão nas inúmeras convulsões pela qual o estado alemão passou ao longo das décadas.

No Museu Histórico, está também patente uma exposição temporária (até Abril) intitulada "Arte e Propaganda", contrastando arte política produzida durante a II Guerra Mundial na Alemanha, na Itália, na Uniao Soviética e nos EUA - é curioso ver como os trabalhos provenientes de regimes totalitários sao aqueles que mais consciência têm do efeito que pretendem (e conseguem) obter.

O dia completa-se ainda com uma visita à "Topografia do Terror" (Niederkirchnerstraße, ao lado do Martin-Gropius-Bau; U2 Potsdamer Platz ou U6 Kochstraße), exposição ao ar livre instalada nas ruínas da antiga sede do aparato policial nazi enquanto a cidade nao chega a uma decisão sobre o que construir naquela zona. É um trabalho exemplar de uma arqueologia histórica da arquitectura, descrevendo dois séculos de transformação de um bairro berlinense até à sua destruição nos bombardeamentos aliados de 1945. Ou como quem diz: Berlim é uma cidade que não evita a sua história - antes a exibe, porque só olhando é possível compreender.

ICH BIN EIN BERLINER

Costuma dizer-se que uma cidade se conhece percorrendo-a a pé. Nao é inteiramente mentira - em Berlim os transportes públicos ajudam muito - mas só hoje, no "dia livre" (bem merecido, diga-se de passagem, depois quase dez dias de filmes, entrevistas e textos em regime non-stop e, sobretudo, de um final de semana alucinado e alucinante) percebi verdadeiramente como esta cidade é muito mais pequena do que nós imaginamos.

Tem tudo a ver com a rede de transportes públicos extraordinariamente (dir-se-ia quase: germanicamente) organizada, nao existindo praticamente uma zona da cidade que nao seja servida pelo menos por uma linha de comboio, metro ou autocarro. Essa redundância dá a entender que a cidade é muito maior do que parece - mas a verdade é que dá perfeitamente para se ir a pé de Alexanderplatz à Porta de Brandenburgo (devem ser aí uns 3km), desta a Potsdamer Platz (nao mais de mil metros) e desta ao Checkpoint Charlie em Kochstraße (750 metros). (Nao necessariamente tudo no mesmo dia.)

E, quando o dia estava lindo como esteve hoje - frio, mas nao demasiado; céu limpo e azul de inverno - a cidade ganha a impressionante dimensao de imponência que as suas avenidas largas e planas exigem.

14 de fevereiro de 2007

ESTES PUBLICITÁRIOS SÃO UNS EXAGERADOS

"Vir a Berlim e não comer Eisbein é a mesma coisa que nadar sem água", lê-se num anúncio da cervejaria Mommseneck, "a casa das mil cervejas", na Potsdamer Platz de Berlim.

11 de fevereiro de 2007

PARK INN ALEXANDERPLATZ

É o proverbial hotel de negócios - moderno, confortável, anónimo, cheio de grupos que falam entre si outras línguas que não o alemão (espanhol, russo, francês, italiano, é o que quiserem). Funcional, decorado com algum gosto dentro de uma estética muito Europa do Norte de forma e função complementares, mas completamente despersonalizado - ao ponto de, ao pequeno-almoço, não ser verdadeiramente necessário falar com um único empregado. Não foram os Kraftwerk que em tempos falaram da "Mensch-Maschine"?

CAIO EU EM BERLIM

O problema é que, depois da neve, e sobretudo quando chove, fica tudo extremamente escorregadio e não custa nada uma pessoa escorregar e cair no chão de pedra. Só eu hoje vi quatro pessoas escorregarem e cair (as melhoras, Pedro) - a quinta fui eu, bem almofadado pelas botas de cano alto e pelo blusão quente e grosso, sem consequências de maior.

CAI NEVE EM BERLIM

Com temperaturas negativas (o frio é fora do normal) e uma forte camada de neve nas ruas e nos tejadilhos dos carros. Maravilha.

MEDITAÇÃO

É engraçado como a consciência de classe não é uma coisa exclusivamente portuguesa.

10 de fevereiro de 2007

FAHRSCHEINKONTROLLE

Surpresa: saio às onze e meia do cinema para voltar para o hotel, e no metro em direcção a Alexanderplatz apanho dois revisores no controle de bilhetes que aparecem à paisana e tiram a identificação do bolso do casaco. Parecem mais dois polícias à paisana (ténis, sapatos, calças de ganga, blusão quente contra o frio) como os que vemos nos filmes.

9 de fevereiro de 2007

TRADUÇÃO SIMULTÂNEA

Os placards electrónicos do metro de Berlim repetem incessantemente esta frase:
"Bitte beachten Sie beim Einsteigen die Lucke zwischen Einsteigkante und Zug!!!".

Traduzindo por miúdos, isto significa "MIND THE GAP".

8 de fevereiro de 2007

INVERNO

A Fernsehturm (aquela enorme torre que está bem no centro da Alexanderplatz) está envolta em nevoeiro às três da tarde. É deste frio glacial, seco apesar do céu cinzento e da chuva molha-parvos, que eu gosto em Berlim. (Disto e da citação de Alfred Döblin que, inscrita ao longo de um longuíssimo bloco de apartamentos do lado de fora da minha janela do sexto andar enquanto trabalho ao computador, vejo do outro lado da rua.)

A COBRA CAIXA DE ÓCULOS

Como anúncio a uma óptica (visto hoje no metro de Berlim) não está nada mal não senhor: uma serpente pitosga que se apaixona por uma mangueira de jardim. Quem disse que os alemães não têm sentido de humor?

7 de fevereiro de 2007

O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO

Em plena Potsdamer Platz, junto à entrada da estação de comboios, está montado um palco no qual pareço reconhecer os bombos e os ferrinhos de um qualquer festival de folclore. Percebo, depois, quando vou comer qualquer coisa e aviar-me na drogaria e no supermercado das Arkaden, tratar-se de uma manifestação do sindicato Verdi - é só gente com bonés, casacos ou bandeiras vermelhas e brancas. Parece um desfile de 1º de Maio da CGTP - só que estes, depois do desfile em defesa do direito do trabalhador, vão consumir para o shopping.

BERLIN ALEXANDERPLATZ

Sem as obras de há um ano (enfim, sem a maior parte das obras de há um ano) - a Galleria Kaufhof (pensem Corte Inglés em mais arejado) já se vê, a estação de metro já tem as entradas todas em funcionamento (e uma fica mesmo à porta do hotel), já parece uma praça a sério e não um estaleiro (assim como a Trindade ou o Rossio). Ainda por cima, Berlim estava hoje solarenga, luminosa, brilhante (apesar do frio de rachar).

QUANDO O TELEFONE TOCA

...a bordo de um avião em plena descolagem, sem que ninguém o atenda ou se acuse, isso é um susto.

6 de fevereiro de 2007

MORNING IS BROKEN

Outro teledisco do mestre Lloyd que eu nunca tinha visto. Aliás, eu nem sabia que isto (maravilhoso glam-rock mal-disposto da fase em que ele decidiu que estava mal com o mundo e gravou um disco escandalosamente maltratado chamado "Bad Vibes") tinha sido um single.

PERGUNTA DE EXTREMA IMPORTÂNCIA SOCIAL

Vi hoje numa loja de congelados um painel a anunciar "Garoupa legítima".

Quer isto dizer que também há garoupas ilegítimas?

5 de fevereiro de 2007

VOX POPULI

"António, amo-te. O Eu"

(graffiti há meses legível na Conde de Almoster, junto ao Centro de Saúde de Sete Rios)

4 de fevereiro de 2007

THE DARK SIDE OF MOURINHA

Às vezes, penso como seria agradável ver os condutores dos Mercedes, Audis e outras berlinas de super-luxo a escavacarem os seus carros por efeito das manobras irresponsáveis que realizam. Nada de grave, entenda-se — apenas sustos ou chapa gasta. Mas sou humano, e não resisto a ter tais (oh quão humanos) pensamentos sempre que os vejo, oportunistas e completamente espertalhões, a fazerem valer o estatuto de "carro de luxo" para terem comportamentos muito pouco cívicos. Como ontem, no Rato, quando um palerma a conduzir um Mercedes vindo das Amoreiras "força" a entrada no trânsito vindo da Álvares Cabral e de S. Bento para se enfiar na faixa de transportes públicos frente à Papelaria Fernandes. Pensava eu que o senhor iria parar para deixar algum amigo ou familiar; nada, acelera na faixa bus para forçar entrada no trânsito normal para cortar para a rua da Escola Politécnica. Não consegui evitar pensar como agradável seria que o sinal mudasse para vermelho e o Mercedes desse por si bloqueado na faixa bus pelo 9 ou pelo 6 ou por dois ou mais dos autocarros que não param em frente à Fernandes, para ensinar uma liçãozinha relativa à pressa. É horrível, sim, eu sei, não é nada cristão da minha parte. Mas quem nunca pensou o mesmo que atire a primeira pedra.

2 de fevereiro de 2007

CARREIRA 718

Não é muito vulgar, admito. Mas viajar num autocarro em Lisboa, sentado à janela, é uma oportunidade de olhar para cima — para as fachadas, para as ruas, para os alinhamentos — e de ver Lisboa como se fosse uma outra cidade, de ver o modo como a paisagem se projecta em direcção ao céu. Esquecemo-nos disso demasiadas vezes — a tendência é olhar para o chão, ou então em frente. Mas há mais para ver, e muito melhor do que muitas vezes pensamos — só é preciso olhar para cima.

1 de fevereiro de 2007

DICIONÁRIO TELEFONISTA-PORTUGUÊS

(os nomes foram alterados para proteger os inocentes)

"****, boa tarde..."
"Sim, boa tarde, posso falar com ***** *********?..."
"Está ao telefone" (dito com tom de quem não quer verdadeiramente estar ao telefone e se está positivamente a borrifar se o assunto é importante, urgente ou apenas casual) = "O melhor que você tem a fazer é ligar mais tarde porque ela agora está ao telefone e como eu não estou com paciência você vai ficar dez minutos ou mais à seca a ouvir uma música horrível para eu depois lhe voltar a perguntar com quem quer falar porque já me esqueci e o voltar a pôr em espera até você desistir"