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21 de junho de 2012

a fúria do açúcar

No café do Classic Alvalade, enquanto espero por uma projecção, um sem-abrigo (sujo, determinado, mal vestido) entra pelo café dentro e dirige-se à minha mesa. Penso que me vai pedir esmola ou que lhe pague um café. Em vez disso, diz-me "posso?" e dirige a mão para o meu queque. Digo-lhe que não. Agarra então na chávena de café praticamente vazia e, enquanto pergunta de novo "posso?", perante o meu ar atónito (e das empregadas do café) antes que eu possa dizer que "não", bebe o resto do café, pousa a chávena e lança-me quase ofendido "não tem açúcar!".

Enquanto as empregadas tentam desesperadamente correr com o homem, ele faz exactamente o mesmo com outras mesas antes que o projeccionista consiga finalmente pô-lo fora. Perguntam-se se será um fugido do Júlio de Matos.

10 de maio de 2011

as maravilhas da vida moderna

Porque é que as pessoas, quando estão a almoçar sózinhas, pegam no telemóvel e começam a falar em altos berros com as pessoas com quem não falam há muito tempo?

30 de agosto de 2009

POLAROID: CAFÉ

É dia de semana de Verão e o homem entra no café com o I na mão. Tem o cabelo louro solto e a tez bronzeada do fulano bem na vida que não tem de se preocupar com pagar a renda no fim do mês, usa uma camisa branca imaculada por cima de calças de ganga Levi's e sapatos castanhos sem meias, põe a carteira de cabedal castanho, o iPhone e as chaves do carro que traz na mão em cima da mesa. Olha à sua volta com o olhar neutro de quem está ali apenas porque é preciso e tem de ser, como se estivesse sozinho no café apenas com o empregado a quem pede o pequeno-almoço num tom de voz um pouco aristocrata enquanto folheia o jornal.

25 de abril de 2009

25 DE ABRIL SEMPRE

...mas não há cafés abertos para ir tomar o pequeno-almoço.

Num dos poucos, um senhor e três senhoras dos seus 50 e muitos anos celebram o 25 de Abril contando episódios caricatos de resistência à ditadura e histórias do tempo da outra senhora, mas fazem-no num tom de voz que obriga quem esteja num raio de dez metros a ouvir. Três cadeiras mais ao lado, um homem passa a vida a olhar para um telemóvel que apita a cada dois minutos com avisos de mensagem que até a vinte metros se devem ouvir. 

20 de janeiro de 2009

OLHA O BELO PASTEL DE NATA

Visto numa padaria chinesa perto da 19th Avenue, um tabuleiro de "Portuguese custard cakes". Tradução: pastel de nata, só que com mais ar de queijada que outra coisa.

15 de outubro de 2008

PEQUENA CONSTATAÇÃO (não exclusivamente londrina)

O Starbucks é o novo McDonald's, só que com café em vez de hamburgers. 

(E aquele malfadado "chocolate caramel shortbread" em que me ficou o olho e que não descansei enquanto não provei e não lambi todas as 470 calorias que contém é tão hedonista que devia ser proibido.)

20 de fevereiro de 2008

A EXPERIÊNCIA EINSTEIN

Eu avisei: na segunda-feira, não resisti, e ala para o Café Einstein para a verdadeira experiência de café berlinense. 

A decoração é clássica: bancos de couro castanho, cadeiras de madeira sólida, mesas de mármore ora redondas ora quadradas, luz indirecta suave, os jornais do dia suspensos na parede, as janelas para a rua (Kürfurstenstraße na esquina com Unter den Linden) veladas. Criados de camisa branca, colete preto, laço e avental branco. 

O cappuccino (em alemão "mélange") é maravilhoso, acompanhado por um copo de shot com água. "Pariser frühstück": uma baguette fresquíssima, saída do forno, cortada em fatias pequenas, acompanhada por manteiga da casa num pequeno recipiente de vidro, um frasquinho de mel e um frasquinho de compota de morango; um croissant de massa folhada também saído do forno; e uma pequena madalena com o toque exacto de baunilha para rematar. 


7 de fevereiro de 2008

CHOCOLATE CHERRY MUFFIN

Em plena Alte Potsdamer Straße, quase em frente do palácio dos festivais, há um Starbucks que é um dos meus poisos preferidos no meio do frenesi dos três filmes por dia (quando não mais). É um reduto confortável onde bebo um café e como um muffin (hoje foi o de chocolate e cereja; as sanduíches também não são más) à laia de pequeno-almoço ou numa pausa entre dois filmes. Está sempre cheio, mas isso é porque a maior parte dos jornalistas e outros profissionais em serviço só gostam do que têm em casa e já conhecem, enquanto que eu não tenho Starbucks em Lisboa (e também não sei se quero ter, mas isso são outras conversas). Mas a verdade é que não há muitos cafés onde se ouça Thelonious Monk, Bob Dylan ou Leonard Cohen enquanto se bebe um café e come um muffin. 

Quase toda a gente sentada nas mesas e nos bancos altos tem um passe do festival ao pescoço, folheia programas ou informações de projecções, revistas da profissão, quando não mesmo o calhamaço de 400 páginas que é o catálogo, provavelmente à procura daquela descoberta que não está a concurso e onde pode estar o futuro (?) do cinema (ou pelo menos o futuro de hoje do cinema, porque amanhã a coisa pode mudar). E, ao meu lado, a Katrin (o nome está escrito a feltro no copo alto de café ao seu lado) escreve num Sony Vaio daqueles pequeninos que dão novo nome à palavra "portátil". 

(Starbucks: Alte Potsdamer Straße, 7, Berlin-Mitte; metro U2 Potsdamer Platz, comboio S1/S2/S25 Potsdamer Platz)

31 de outubro de 2007

A LOJINHA DAS CURIOSIDADES

Num dos cafés no Rato onde às vezes tomo o pequeno-almoço, tomo sempre a mesma coisa - o mesmo galão de máquina e o mesmo croissant com manteiga - e sou sempre atendido pelo mesmo empregado.

Mas nunca pago o mesmo preço.

29 de outubro de 2007

Estava eu pacatamente a almoçar no meu poiso habitual, e entre as outras pessoas que também elegem o meu poiso habitual como seu poiso habitual estava uma sra. professora a conversar com amigas, talvez colegas. O restaurante não estava muito cheio e por isso a sra. professora, que tinha uma daqueles vozes que projectam bem, ouvia-se bem mesmo à distância. E ao longo dos 40 minutos que estive a almoçar, a sra. professora esteve a falar, indignada, às amigas, talvez colegas, que... não, não estava a falar das suas aulas nem dos seus alunos: estava a resmungar por causa dos seus escalões de funcionalismo. Dei por mim a pensar que quando uma professora está mais interessada na sua remuneração do que no seu trabalho, alguma coisa não está a bater certo.

26 de agosto de 2007

POLAROID: CAFE

A família de quatro entra no café pouco depois da hora de almoço: pai (T-shirt escura de "Porto Galinhas, Pernambuco"), calções, carteira, chaves de casa e telemóvel na mão), mãe, dois miúdos hiperactivos para quem tudo parece ser novidade mesmo quando não é. O pai pede um gelado, três tostas mistas, três copos de leite morno; a empregada esquece-se de contabilizar o gelado na conta, e o pai abre a carteira para tirar o dinheiro, mas acaba por se virar para a esposa. "Oh Cristina, não tens aí moedas?"