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25 de dezembro de 2011

timeout

Nos seis anos desde que visitei São Francisco pela primeira vez, muitas coisas têm vindo a mudar. Pode parecer uma verdade de La Palisse, mas é também um reflexo do modo como criamos "âncoras" numa cidade e da maneira como elas resistem, ou não, ao tempo.

Gostava de tomar um pequeno-almoço "à americana" no Welcome Home, que já fechou há uns anos. No seu lugar está agora o Café Mystique, onde não se come mal, mas que arma mais ao pingarelho do que o Welcome Home e onde o Michael Levy ia tendo um ataque com o serviço um bocadinho confuso. Sítios como o Blue e o Luna Café praticamente morreram em termos de qualidade da comida e do serviço; a cadeia Firewood continua a ser aquela solução eficaz de comida simples, funcional, bem feita e rápida. Dizem-me que o 2223 vai fechar de vez no Ano Novo, mas o La Méditerranée continua a ser uma boa opção, e o Nob Hill Cafe continua igual a si mesmo. A galeria comercial Metreon, ancorada por uma super-loja da Sony, está praticamente fechada - apenas sobraram os cinemas da AMC e pouco mais; a antiga loja da Virgin, mesmo em frente da loja da Apple, é agora mais uma loja de roupa; com a falência da Borders, a grande livraria da Union Square é agora um enorme espaço vazio e fechado. O supermercado Cala Foods da 18th passou para a cadeia Mollie Stone's.

O Castro Theatre, esse, continua em grande, com um programa de luxo que já passou pela Árvore da Vida de Malick (que ganha uma dimensão completamente nova visto com alguém especial) e, antes que 2011 acabe, ainda vai trazer dois Minnellis - Não Há como a Nossa Casa e A Roda da Fortuna -, dois Donen/Kelly - Serenata à Chuva e Um Dia em Nova Iorque -, Os Guarda-Chuvas de Cherburgo de Demy e Uma Mulher é uma Mulher de Godard. Dou por mim a pensar a falta que fazia uma sala destas em Lisboa, mas depois penso melhor e dou-me feliz por termos a Cinemateca. Os bilhetes é que estão carotes para o nível de vida local - dez dólares (sete euros) nas sessões normais do Castro, apenas dois ou três dólares mais baratos que uma sessão num dos grandes multiplex da cidade (sem 3D, evidentemente, com o qual o preço salta para os quinze dólares, ou onze euros e meio).

As ruas têm estado a abarrotar de consumistas natalícios; as compras nas lojas do costume (uma Amoeba, uma City Lights - e, actualmente, em São Francisco, livros e discos só podem mesmo ser comprados nestas lojas "mom-and-pop") ficaram, por isso, para depois do Boxing Day, o dia a seguir ao dia de Natal. Os Pittsburgh Steelers perderam escandalosamente com os San Francisco 49ers num jogo que ficou infame por ter faltado a luz duas vezes, mas compensaram esmagando os St. Louis Rams 27-0 na véspera de Natal (e sem o Big Ben na equipa).

E é bom deixarmo-nos embarcar em novas possibilidades de tradições de Natal. O espectáculo de Natal anual do San Francisco Gay Men's Chorus no Castro, equivalente local (numa estética obviamente menos convencional) do Concerto do Ano Novo de Viena, foi uma surpreendente revelação de bom humor e sábio equilíbrio entre solenidade e prazer. E a Missa do Galo anglicana, numa Grace Cathedral a abarrotar (hora e meia antes do início do serviço já quase não havia lugar sentado), um fascinante momento de ritual. Com uma atenção tão minuciosa à música sacra que mesmo os não-religiosos, como eu, puderam apreciar a beleza do momento.

Hoje é um momento de pausa. A todos um bom Natal.

19 de dezembro de 2011

é Natal, é Natal

Estão a ver a cena da Fantasia de Natal com o palhaço que foi com o coelhinho no comboio ao circo? Juro que ontem vi um presépio de Natal que tinha uma montanha-russa. Não estou a brincar. Tentaremos obter provas.

15 de dezembro de 2009

THE DECEMBERISTS

Não vou tão longe aqui como o rapaz, mas confesso que gosto muito do frio seco de Dezembro e de Janeiro quando o céu está límpido e azul. Sobretudo quando está o aquecedor ligado ou o gato está enroscado a dormir no sofá qual gerador de calor. (Ironicamente, agora está a chover.)

25 de dezembro de 2008

TRADIÇÕES

Duas semanas antes, geralmente na última semana de aulas antes das férias do Natal, depois de almoço, íamos buscar os enfeites e o presépio à despensa, onde estavam guardados em caixas velhas. A árvore, até certa altura, era um pinheirinho de Natal comprado nem eu sei bem onde; depois, passou a ser uma construção plástica made-in-China, que era colocada em cima do "banco da cozinha" — um banquinho pequenino de madeira escura, sólida e resistente, como se fosse um banquinho de menino — revestido de papel verde. 

Os enfeites da árvore e do presépio eram muitas vezes de plástico tosco, comprados em barateiros ou parte de conjuntos com defeito; as figurinhas do presépio vinham das viagens que os meus pais faziam em autocarros para ver jogos do Benfica. Bocadinhos de algodão a fingir de neve, luzes coloridas que acendiam e apagavam intermitentemente. Depois, o presépio, montado sobre papel de embrulho ou papel de lustro verde, com uma estrela improvisada forrada a prata de chocolate presa com fita-cola por cima da cabana; um espelho a fingir de lago onde patinhos de plástico escorregavam; pescadores e varinas e moleiros e pastores dos quatro cantos de Portugal. 

O cheiro da resina do pinheiro nos primeiros dias, que se ia perdendo com o tempo; as luzes acesas na véspera de Natal, que a minha mãe passava na cozinha, a fazer os biscoitos, a bolema, os sonhos. E, mais para a noite, o bacalhau cozido e a carne de porco frita. 

A árvore ficava sempre montada durante os primeiros dez dias do Ano Novo, até passar o dia de Reis e o aniversário do meu irmão, para o qual a minha mãe fazia arroz doce polvilhado com canela que depois colocava em pires brancos com um bonito desenho de flores silvestres; havia sempre alguns pires onde a minha mãe não punha canela, mas não sei para qual dos meus irmãos era.

Deixei de gostar do Natal já há muitos anos.

8 de dezembro de 2008

IT'S HAPPY HOUR AGAIN

Alguém sabe explicar porque é que a música de fundo no Corte Inglés esta manhã (que, ainda assim, faz uma refrescante variação das habituais músicas natalícias) era o "best of" dos Housemartins? (E não, eu não andei ao consumismo natalício. Foi mesmo trabalho.)

18 de dezembro de 2007

É NATAL, É NATAL

... e na mesa ao lado da minha no restaurante onde hoje almocei, três senhoras com aspecto de funcionárias públicas suburbanas e um senhor com ar de chefe de secção terminam o almoço, depois da sobremesa e do café, trocando lembrancinhas de Natal minuciosamente embrulhadas em papel festivo e transportadas em sacos de papel alusivos à quadra (ah, aquele Pai Natal bonacheirão tão típico de saco industrial de loja dos 300), que vão dos anjinhos decorativos às molduras com espaço para toda a família incluindo o novo netinho — as lembrancinhas que das duas uma: ou são logo enfiadas no fundo de uma gaveta ou numa prateleira recôndita do armário para de lá só sairem no caso de visita do ofertador; ou são consideradas giríssimas e ocupam desde logo lugar digno por entre o bric-à-brac de bugigangas que preenche cada recanto da lareira, da cómoda ou da cristaleira lá de casa.