Blog-notas de ideias soltas; post-it público de observações casuais; fragmentos em roda livre, fixados em âmbar. Eu, sem filtro. jorge.mourinha@gmail.com

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18 de dezembro de 2011
UA 931
À minha frente no voo para São Francisco, está um pai indiano que viaja com os dois filhos; ele e o filho estão junto à janela na fila da frente, a filha na janela da fila à frente deles. Ao longo das dez horas de voo, ele passa a vida a incomodar a vizinha da coxia para ir à bagageira buscar chocolates, batatas fritas, livros, iPods e afins que estão numa das duas malas ou na mochila que estão na bagageira por baixo dos casacos dos três, ou então passa a vida a trocar de lugar com o filho ou com a filha, mesmo quando o voo atravessa turbulência e o sinal de cintos apertados está ligado. A senhora da coxia, que já teve de ficar sem jantar porque não gostava da opção de galinha ou massa e não havia refeições vegetarianas, não protesta, mas um dos comissários de bordo, quando vou à casa de banho, diz-me, "Se depois puder dizer ao senhor que está na fila da frente para ficar sentado quando está o sinal de cintos apertados ligado... Eu já percebi que não deve servir de muito, mas faz parte das minhas funções."
17 de dezembro de 2011
TP 354 / UA 931
No voo para Londres, a comissária de bordo chamava-se Cláudia Vanessa. No voo para São Francisco, há uma hospedeira chamada Vanessa, que fala francês com os colegas e resmunga de modo muito francês: que está muito calor, que os serviços nunca mais acabam. E que parece estar tão concentrada em resmungar que passa o tempo todo distraída.
16 de dezembro de 2011
TP 354
A passageira brasileira sentada atrás de mim chama-me. "Desculpe, importava-se de não recostar a cadeira para trás? Já estou com o joelho no limite."
TP 354
No autocarro que leva do terminal de Lisboa para o avião para Londres, ficamos alguns momentos com as portas fechadas à espera do OK para seguir. Há um grupinho de amigas - colegas de repartição? colegas de escritório? de secretaria? - uma das quais não se cala, resmunga por estarmos parados com as portas fechadas (apesar de estar frio às oito da manhã), protesta porque diz que qualquer atraso são "duas ou três horas a menos que estamos em Londres" e diz à amiga "estás enjoada? estás aí tão caladinha quando costumas ser tão tagarela".
5 de outubro de 2009
POSTAL DE LONDRES
War Horse no New London Theatre - mil espectadores num auditório acanhado construído em 1973 nos andares superiores de um prédio em pleno Soho, acessível através de uma interminável sucessão de lances de escadas, uma peça que o Alex definiu como "magia pura", com o trabalho da Handspring Puppet Company sul-africana nesta adaptação do romance de Michael Morpurgo absolutamente sublime na capacidade de recriar a alma do cavalo com três marionetistas visíveis a darem corpo e vida a um esqueleto articulado.
Uma visita à Waterstone's de Piccadilly (203-206 Piccadilly, metro Piccadilly Circus), seis andares de livros no antigo edifício da loja de cavalheiros Simpsons - uma extraordinária arquitectura Art Deco a que a cadeia de livrarias emprestou uma funcionalidade pragmática e um stock absolutamente interminável. Um par de números mais abaixo, descubro a extraordinária Hatchard's (187 Piccadilly, metro Piccadilly Circus), quatro pisos que se confirmam de maneira notável à imagem que temos de uma livraria inglesa: cheia de cantos, confortável, discreta, elegante, educada, vazia nesta hora de almoço de domingo.
Uma sanduíche, um café e um hedonista quadrado de caramelo no Caffe Nero do Piccadilly Market, no jardim da igreja de S. Jaime (197 Piccadilly, metro Piccadilly Circus) com a caravana verde do acompanhamento psicológico a dar para o túmulo do visconde de Southwood.
A desilusão de ver a HMV de Oxford Street (150 Oxford Street, metro Oxford Circus) reduzida a uma sombra do que era, com o stock de discos e livros muito reduzido para dar lugar a DVDs e jogos de computador, mesmo que a secção de clássica do e nichos do piso inferior continue muito boa. Mas o catálogo profundo tem falhas indesculpáveis e os livros já não são o que foram. Trago os novos dos Prefab Sprout e David Sylvian (mais baratos do que se os comprasse cá), a reedição de Reckoning dos R. E. M., os remasters de Unhalfbricking e Liege and Lief dos Fairport Convention (que nem sequer encontro cá, e que encontro mais baratos do que se os comprasse cá). Mas nem na HMV nem na Hatchard's nem na Waterstone's encontro o livro dos 50 anos da Island, e o Stay Positive dos Hold Steady é mentira.
A descoberta dos maravilhosos e suculentos hamburgers da cadeia Byron (slogan: "proper hamburgers". Absolutamente) e das pastelarias francesas Paul (ai aquele macaron praline), ainda por cima lado a lado na Gloucester Road para dose dupla de hedonismo (Byron: 75 Gloucester Road, com lojas na Kensington High Street, no centro comercial Westfield em White City e na King's Road; Paul: 73 Gloucester Road, com mais 21 lojas em Londres).
A maravilhosa cama do Crowne Plaza London Kensington, uma das melhores em que já dormi; o próprio hotel, recentemente renovado, é simpático, moderno, confortável — só precisa de pessoal mais bem treinado...
Uma visita à Waterstone's de Piccadilly (203-206 Piccadilly, metro Piccadilly Circus), seis andares de livros no antigo edifício da loja de cavalheiros Simpsons - uma extraordinária arquitectura Art Deco a que a cadeia de livrarias emprestou uma funcionalidade pragmática e um stock absolutamente interminável. Um par de números mais abaixo, descubro a extraordinária Hatchard's (187 Piccadilly, metro Piccadilly Circus), quatro pisos que se confirmam de maneira notável à imagem que temos de uma livraria inglesa: cheia de cantos, confortável, discreta, elegante, educada, vazia nesta hora de almoço de domingo.
Uma sanduíche, um café e um hedonista quadrado de caramelo no Caffe Nero do Piccadilly Market, no jardim da igreja de S. Jaime (197 Piccadilly, metro Piccadilly Circus) com a caravana verde do acompanhamento psicológico a dar para o túmulo do visconde de Southwood.
A desilusão de ver a HMV de Oxford Street (150 Oxford Street, metro Oxford Circus) reduzida a uma sombra do que era, com o stock de discos e livros muito reduzido para dar lugar a DVDs e jogos de computador, mesmo que a secção de clássica do e nichos do piso inferior continue muito boa. Mas o catálogo profundo tem falhas indesculpáveis e os livros já não são o que foram. Trago os novos dos Prefab Sprout e David Sylvian (mais baratos do que se os comprasse cá), a reedição de Reckoning dos R. E. M., os remasters de Unhalfbricking e Liege and Lief dos Fairport Convention (que nem sequer encontro cá, e que encontro mais baratos do que se os comprasse cá). Mas nem na HMV nem na Hatchard's nem na Waterstone's encontro o livro dos 50 anos da Island, e o Stay Positive dos Hold Steady é mentira.
A descoberta dos maravilhosos e suculentos hamburgers da cadeia Byron (slogan: "proper hamburgers". Absolutamente) e das pastelarias francesas Paul (ai aquele macaron praline), ainda por cima lado a lado na Gloucester Road para dose dupla de hedonismo (Byron: 75 Gloucester Road, com lojas na Kensington High Street, no centro comercial Westfield em White City e na King's Road; Paul: 73 Gloucester Road, com mais 21 lojas em Londres).
A maravilhosa cama do Crowne Plaza London Kensington, uma das melhores em que já dormi; o próprio hotel, recentemente renovado, é simpático, moderno, confortável — só precisa de pessoal mais bem treinado...
2 de junho de 2009
10/05/2009: KL 1697 AMS 21h00-LIS 22h55
É a irritação total: um puto que não se cala na fila de trás, em conversa com o avô, perguntando o que é isto sobre tudo e mais alguma coisa. Três miúdas portuguesas com tom de voz beto que viajam com uma ama estrangeira, que travaram, sozinhas, durante 15 minutos, uma fila do Burger King no aeroporto de Schiphol a protestar em inglês perfeito que não foi aquilo que pediram, também estão a bordo e não se calam mas, felizmente, estão lá para trás. Na fila da frente, há um tipo que faz um ruído que me parece ser teclar num computador mas que, vai-se a ver, está apenas a brincar com um copo de plástico. E, quando quero refrescar-me na casa de banho, sou travado durante dez minutos pelo duty-free que foi parado quatro vezes — três das quais por portugueses que não se decidiam se queriam ou não levar o produto e depois queriam pagar com notas altas para as quais o comissário de bordo não tinha troco, resultando numa fila de gente agastada porque o comissário de bordo não avançava nem deixava passar.
Quando chego a Lisboa, está a chover que é uma coisa estúpida.
Quando chego a Lisboa, está a chover que é uma coisa estúpida.
18 de fevereiro de 2009
16/02/2009: TXL
São onze da manhã, estou à beira de fazer o check-out do hotel embora só tenha vôo às três da tarde (para Frankfurt e daí para Lisboa às seis da tarde, que a Lufthansa não tem vôos directos Berlim-Lisboa) e dou uma espreitadela no site do aeroporto para confirmar tudo — e lá está: os vôos para Frankfurt estão cancelados.
Não penso duas vezes e despacho-me a ir para o aeroporto para tentar resolver a questão; eu e mais não sei quantas pessoas que estavam marcadas para o vôo anterior a fazer fila em frente ao balcão da Lufthansa, 45 minutos no meu caso. Dou as boas tardes à funcionária e digo-lhe que tinha lugar num dos vôos cancelados, a senhora solta um suspiro e lança, "pois, estamos aqui desde manhã a resolver isto, é muito frustrante queremos ajudar sem podermos...". Ao que parece, Frankfurt está fechado por causa do mau tempo, e Berlim também esteve a meio gás, afinal tinha estado a nevar non-stop desde a noite de sábado.
Mas quando lhe digo que vou para Lisboa ela fica mais animadinha, "ah! assim é capaz de ser mais fácil". Numa demonstração de eficiência germânica a toda a prova, daí a dez minutos estou no vôo para Munique, que devia ter saído à uma da tarde mas atrasou uma hora, para apanhar depois a ligação para Lisboa às sete e meia.
Com tudo isto, só cheguei a Lisboa uma hora mais tarde do que originalmente previsto.
4 de fevereiro de 2009
04/02/2009: LH 178 FRA 11h35-TXL 12h40
Nunca vi um vôo doméstico que não estivesse a abarrotar - e este, de Frankfurt para Berlim, estava mesmo em "overbooking" (sabe-se que um avião está em "overbooking" quando cinco minutos antes da hora da partida continua a entrar gente e já não há sítio para arrumar as malas que toda a gente quer trazer consigo).
Vou na coxia. À minha esquerda, senta-se um espanhol corpulento (mas não em excesso) que dormita enquanto o vôo não descola e, quando partimos, faz o sinal da cruz antes de voltar a adormecer.
04/02/2009: LH 4537 LIS 06h50-FRA 10h50
A única vantagem de apanhar um vôo tão madrugador é que o check-in, a segurança e o controle se fazem num instante, e temos tempo para nos sentarmos a tomar o pequeno-almoço descansados. Mesmo que ao nosso lado estejam três executivos que têm aquelas conversas de almoço entre executivos e que veja uma excursão turística de orientais que atravessam repetidamente o aeroporto à procura de alguma coisa que esteja aberta.
1 de fevereiro de 2009
23/01/2009: CO 64 EWR 20h15-LIS 08h10
No vôo para Lisboa, nota-se a subida no número de passageiros portugueses assim que tomo o meu lugar e começo a ouvir as conversas. Uma família americana que mora em Portugal diz a um casal americano que visita o país pela primeira vez que as pessoas são muio simpáticas e amistosas e o país é lindíssimo, mas que os transportes públicos não funcionam e para terem cuidado com os couverts nas mesas dos restaurantes. Um casal de idosos que viaja com a filha e que está sentado na fila atrás de mim fala um com o outro de modo quase monossilábico: "Deixa-me ir para o meio." "Vai lá filha." Uma senhora que passa na coxia com a sua bagagem de cabina à frente diz para o seu colega de viagem enquanto olha para os compartimentos de bagagem sobre os lugares: "Ai, eu acho que a minha mala não cabe numa coisa destas." E, à saída do vôo, à espera que as bagagens saiam, dois homens com ar de bancários ou colegas de trabalho regressados de uma viagem de trabalho resmungam com o modo como as malas caem no carrocel de bagagens em cima das malas de um vôo anterior que ainda não foram levantadas porque os passageiros ainda estão a passar o controle dos Estrangeiros e Fronteiras.
23/01/2009: CO 62 IAH 14h22-EWR 19h00
Nem todos os vôos domésticos americanos fornecem refeição à borla — em alguns casos, há comida mas é paga à parte —, o que explica porque é que vejo tantos passageiros a embarcarem com sacos de papel do McDonald's, do Wendy's, do Starbucks, ou com garrafas de água ou de refrigerantes, ou com copos de café. No entanto, nos vôos que fiz nesta viagem (todos com a Continental), serviram refeição gratuita (mesmo que não muito melhor que o fast food do aeroporto...). O mais curioso foi mesmo observar as consequências dos fusos horários que "desaparecem" quando se viaja da Costa Oeste para a Costa Leste: saio de São Francisco no vôo para Houston das 7h40, servem o pequeno-almoço. Três horas de vôo depois, aterro em Houston às 13h23, para apanhar o vôo que sai para Newark às 14h22, onde servem almoço. Três horas de vôo depois, aterro em Newark às 19h00 para apanhar o vôo que sai para Lisboa às 20h15, onde servem jantar.
23/01/2009: CO 1444 SFO 07h40-IAH 13h23
A célebre frase "quando mija um português mijam logo dois ou três" não é um exclusivo luso. É ver, nos vôos domésticos americanos, como toda a gente — sobretudo quem está sentado na coxia — se levanta assim que o sinal de "apertar os cintos" se apaga para usar a casa de banho.
20 de janeiro de 2009
14/01/2009: CO 348 EWR 18h10-SFO 21h58
Enquanto espero que o avião saia de Newark, noto que o vôo está cheio a abarrotar e três em cada quatro passageiros não largam esse pequeno símbolo do "always on" da vida moderna que é o Blackberry, ou em alternativa o iPhone (o meu vizinho de fila tem, ao mesmo tempo, o iPod, o iPhone e o computador em cima do tabuleiro). Noto também que há coisas em que os americanos são como os portugueses, nomeadamente na quantidade de sacos e bagagens que transportam consigo no avião em vez de despacharem no porão. A senhora na fila da frente pede ajuda a uma das hospedeiras para arrumar uma mala de viagem que não conseguiu colocar em nenhum dos compartimentos; a hospedeira pergunta-lhe se sabe quanto pesa e a senhora responde "sei sim porque a pesei: nove quilos". O avião acaba por sair com quase uma hora de atraso porque houve um passageiro que - para além de ter sido um dos últimos a embarcar - decidiu desembarcar à última da hora, alegando que se sentia mal.
16 de outubro de 2008
16/10/2008: TP 355 LHR 11h40-LIS 14h10
O regresso a Lisboa sai à hora marcada e chega à hora marcada. Em vez de almoço, servem uma sanduíche quente de carne assada com ananás (o ananás ficou na embalagem, que meter fruta numa sanduíche quente de carne assada é anátema); o inglês com ar de bulldog que vai à janela pede um copo de vinho branco a acompanhar, coloca o tabuleiro da refeição na mesinha do assento vazio entre nós os dois, e dorme a sono solto pelo meio de um breve momento de turbulência.
Duas filas à frente, uma senhora idosa chama a hospedeira e diz resmungando que tem de mudar de lugar porque ficou na coxia e já teve de se levantar duas vezes para deixar o senhor que vai à janela ir à casa de banho e não está para isso e quer mudar de lugar para uma das filas vazias atrás de mim. Tudo isto com a maior educação mas com uma frieza de cortar à faca e um tom geral de "comigo ninguém brinca porque eu vivi a guerra e meninas como você como-as todos os dias ao pequeno-almoço". Do outro lado da minha fila, uma outra senhora inglesa idosa liga a intervalos regulares uma pequena ventoinha a pilhas que faz um barulho irritante.
15 de outubro de 2008
15/10/2008: TP 354 LIS 08h10-LHR 10h50
Supostamente, o vôo estaria a sair a esta hora mas ainda há gente a entrar e o comandante perde cinco minutos a explicar ao intercomunicador (primeiro em português e depois em inglês) que o atraso se deve a dois passageiros que vêm do Senegal num vôo atrasado, e que foi preciso tirar as suas bagagens do porão; mas também (e, tenho eu cá para mim, sobretudo) que a empresa de logística estava com "dificuldades" (eufemismo que eu entendi como pouco pessoal ou pessoal insuficientemente treinado). Já no autocarro que leva da porta de embarque ao avião, enquanto esperávamos pela partida, se ouvia no intercomunicador um supervisor enfadado por ter de explicar três vezes à/ao colega que "aqui cada um fala na sua vez senão ninguém se entende".
O vôo é sossegado, até porque ainda é cedo e a maior parte das pessoas vem meio ensonada (ao meu lado, um casal brasileiro dorme a sono solto a maior parte do tempo). Saímos com 20-25 minutos de atraso e aterramos com outro tanto de atraso, depois de termos de estar a fazer tempo às voltinhas sobre Londres à espera do OK para aterrar. Nas últimas três filas de um dos lados do avião, uma senhora viaja esticada numa maca colocada por cima das cadeiras, com soro e oxigénio, acompanhada por uma enfermeira, ambas mordiscando meio distraídas a sanduíche de carne assada do pequeno-almoço. Quando aterramos, a hospedeira diz que é uma hora a mais em Londres do que em Lisboa e dois minutos depois, depois de um colega lhe ter chamado a atenção, vem corrigir e dizer que afinal não, Londres está na mesma hora de Lisboa.
13 de setembro de 2008
A DEMOCRATIZAÇÃO DO TRANSPORTE AÉREO
Ainda acham que ser hospedeira do ar ou comissário de bordo é uma profissão de futuro? Pensem duas vezes.
18 de junho de 2008
16/06/2008: US 738 PHL 20h20 - LIS 08h30
Três horas de escala no aeroporto de Filadélfia (porque o vôo de São Francisco chegou antes da hora) deram para perceber que as instalações do aeroporto são muito simpáticas (com cadeiras de baloiço espalhadas pelos corredores, muitas delas junto a tomadas de electricidade que dão para ligar o portátil e aproveitar a internet sem fios que o aeroporto mantém), mas também para confirmar que os controles nos aeroportos americanos são mais rigorosos à entrada do que à saída. Na escala de ida, depois de ter passado o guichet do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras americano, a bagagem de porão tem de ser levantada e reembarcada e temos de voltar a passar pelo controle de segurança; na escala de volta nada disso acontece, é como se fosse uma escala normal em território europeu, sem precisar de levantar e reembarcar a bagagem nem de voltar a passar pela segurança.
Ao contrário do que tem sido habitual, o vôo para Lisboa vem completamente cheio; fico ao lado de um casal que viaja com os filhos adolescentes (que ficaram na fila de trás) e que se pergunta em voz alta quanto português os seus conhecimentos de espanhol lhes vão permitir compreender de uma língua que lhes foi anunciada como uma mistura de polaco e espanhol. Na fila de frente, viaja um casal com três filhos pequeninos; duas filas à frente, um casal com um bebé e uma filha pequena; duas atrás, um casal com um bebé; e o comissário de bordo é o mesmo que apanhei no vôo de Filadélfia para Lisboa, com o mesmo sotaque brasileiro, só que desta vez com o ar enfastiado de quem não tem vontade nenhuma de estar ali. Levámos 40 minutos desde sair da porta de embarque até descolarmos — só por causa da fila de aviões a descolar... — e dormir durante as seis horas de vôo foi mentira, graças aos encontrões das hospedeiras quando passavam pelo meu lugar, às birras das criancinhas ou às visitas ao toilette dos vizinhos de fila. Ou se calhar sou só eu que estava chateado por voltar de férias.
por outras palavras:
a democratização do transporte aéreo
16/06/2008: UA 184 SFO 9h01 - PHL 17h33
No aeroporto de São Francisco, ao embarque de regresso a Filadélfia, a porta 87 tem um écrã LCD por cima do balcão de embarque que mantém — como deve ser — os passageiros informados do estado do vôo. Não apenas se o avião já chegou ou se já está pronto para embarcar, mas sobretudo se os passageiros que solicitaram um upgrade de cabine vão conseguir tê-lo (não conseguiram) e se os passageiros em "standby" ou em "overbooking" vão conseguir viajar neste vôo (a maior parte deles conseguiram). A parte chata — lá está, é a democratização do transporte aéreo... — é que o embarque faz-se por zonas e quando chegou à minha zona, já não tinha onde meter a bagagem de mão, porque estava tudo cheio (e a United ainda não tinha começado a cobrar os 15 dólares que vai começar a cobrar por cada mala embarcada no porão...). Não fosse a simpatia da vizinha de coxia que pegou no portátil e o enfiou debaixo do assento e não estou muito bem a ver onde é que eu ia meter a mochila. Chato mesmo foi a viagem em ritmo "camioneta de carreira", com muita ondulação...
por outras palavras:
a democratização do transporte aéreo
25 de maio de 2008
23/05/2008: US 650 PHL 16h25 - SFO 19h34
Parecendo que não, o vôo não dura três horas mas seis — é o que dá jogar com as diferenças horárias de um país onde às cinco da tarde da Costa Leste são duas da tarde na Costa Oeste e que leva à volta de seis horas a atravessar de ponta a ponta. A maior parte dos vôos intra-europeus são apenas de três horas. E dou por mim a pensar nas ironias de um vôo transcontinental de sete horas dar direito a almoço (mesmo que de avião) e lanche quando um vôo doméstico de seis horas só dá direito a bebidas à borla e um saquinho de aperitivos (quem quiser mais alguma coisa que pague, e ao que parece as companhias americanas já estão a pensar seriamente em começar a cobrar por despachar bagagem no porão).
Dito isto, num vôo completamente cheio como foi o Filadélfia-São Francisco da tarde em sexta véspera de fim-de-semana prolongado (o fim-de-semana do Memorial Day que comemora a memória dos que morreram em combate), qualquer tentativa de dormir é mentira absoluta, sobretudo quando se tem 1m90 e se vai sentado na coxia de classe económica de um Airbus.
23/05/2008: US 739 LIS 10h35-PHL 13h25
Aterragem em Filadélfia por entre nuvens que parecem algodão doce ou fios de ovo escalfado sob um céu azul. Vista de cima, a subúrbia americana é lindíssima, com a formatação geométrica das ruas e dos bairros entrecortada por imenso verde. Claro que deve ser mesmo só de cima.
por outras palavras:
a democratização do transporte aéreo
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