Blog-notas de ideias soltas; post-it público de observações casuais; fragmentos em roda livre, fixados em âmbar. Eu, sem filtro. jorge.mourinha@gmail.com
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31 de agosto de 2007
MÚSICA NO GINÁSIO #26
Face a The Temple Bell (Bor Land, 2007), terceiro disco mágico de Old Jerusalem, quem é quer realmente perder tempo com Bill Callahan, David Berman, Will Oldham e outros Dave Pajo quando temos um Francisco Silva nosso tão bom ou melhor que os "originais"?
"Her Scarf"
A HISTÓRIA SECRETA DOS CORREDORES MISTERIOSOS
No túnel do metro, logo a seguir à saída da estação do Jardim Zoológico, em direcção à estação das Laranjeiras, quem estiver a olhar para o interior do túnel verá, iluminado por uma das lâmpadas fluorescentes do tecto, antigos cartazes eleitorais da APU. Afinal, cada centímetro conta, não é?
por outras palavras:
metro,
observações descentradas,
polaroid
30 de agosto de 2007
MÚSICA NO GINÁSIO #25
The Times They Are A-Changin' (Columbia/Sony BMG, 1964), de Bob Dylan. Porque quando se escreve poesia como Dylan já então escrevia (mesmo que poesia de intervenção) a afinação passa a ser um conceito pequeno-burguês.
"The Times They Are A-Changin'" (ao vivo em 1965)
por outras palavras:
Bob Dylan,
música no ginásio,
obsessões pop
29 de agosto de 2007
OS HABITANTES DO METRO
São aquelas pessoas que nunca vemos fora dos corredores das estações ou dos comboios em movimento. Os pedintes que se sucedem ou que reconhecemos se fizermos o mesmo percurso diariamente, da senhora idosa que percorre as carruagens com uma muleta enquanto pede esmola com uma voz chorosa aos seguranças vestidos de preto com o logotipo da empresa a vermelho. Mas nunca vi nenhum como os dois com que me cruzei na linha azul a uma semana de intervalo.
Uma senhora negra, razoavelmente bem vestida e carregando sacos de plástico do supermercado, entra na carruagem a falar sozinha em voz alta, mas percebo depois que não está a falar sozinha: está a anunciar a quem a quiser ouvir do apocalipse que se aproxima, embora ela própria diga que não sabe quando vai ser nem como vai ser, se será água, fogo ou outra coisa qualquer. Algumas pessoas fingem não ouvir, outras sorriem. A senhora continua a pregar, perfeitamente alheia às reacções dos outros passageiros.
Hoje, um senhor dos seus 60 anos percorre a estação agitando uma velha flâmula do Benfica, dizendo entre sorrisos meio tolos a quem o quiser ouvir que "hoje eu sou do Benfica".
Uma senhora negra, razoavelmente bem vestida e carregando sacos de plástico do supermercado, entra na carruagem a falar sozinha em voz alta, mas percebo depois que não está a falar sozinha: está a anunciar a quem a quiser ouvir do apocalipse que se aproxima, embora ela própria diga que não sabe quando vai ser nem como vai ser, se será água, fogo ou outra coisa qualquer. Algumas pessoas fingem não ouvir, outras sorriem. A senhora continua a pregar, perfeitamente alheia às reacções dos outros passageiros.
Hoje, um senhor dos seus 60 anos percorre a estação agitando uma velha flâmula do Benfica, dizendo entre sorrisos meio tolos a quem o quiser ouvir que "hoje eu sou do Benfica".
28 de agosto de 2007
MÚSICA NO GINÁSIO #24
The Whole Story (EMI, 1986), "resumo" dos primeiros quase-dez anos de carreira de Kate Bush que explicam duas coisas. Primeira: como "Wuthering Heights" foi o sucesso que foi em plena explosão do punk e da new-wave nunca será inteiramente compreendido. Segunda: neste período, Bush conseguiu convencer as massas a comprar alguma da música pop mais ousada e experimental da época como se fosse pop orelhuda (que, em alguns casos, também era). Alguns arranjos (sobretudo nos dois primeiros álbuns, The Kick Inside e Lionheart, ambos de 1978) dataram, mas as canções nem por isso; e tudo o que ela fez de 1980 para a frente é uma das mais espantosas singularidades da pop inglesa de qualquer época.
"Wuthering Heights"
"Babooshka"
"Army Dreamers"
"Hounds of Love"
por outras palavras:
Kate Bush,
música no ginásio,
obsessões pop
26 de agosto de 2007
POLAROID: CAFE
A família de quatro entra no café pouco depois da hora de almoço: pai (T-shirt escura de "Porto Galinhas, Pernambuco"), calções, carteira, chaves de casa e telemóvel na mão), mãe, dois miúdos hiperactivos para quem tudo parece ser novidade mesmo quando não é. O pai pede um gelado, três tostas mistas, três copos de leite morno; a empregada esquece-se de contabilizar o gelado na conta, e o pai abre a carteira para tirar o dinheiro, mas acaba por se virar para a esposa. "Oh Cristina, não tens aí moedas?"
25 de agosto de 2007
PROXIMA ESTAÇAO: BAIXA-CHIADO
Muitas vezes dou por mim no metro, distraidamente, a fazer playback da senhora que dá voz às informações que se ouvem no interior das carruagens. "Próxima estação: Marquês de Pombal. Há correspondência com a linha azul". E não falho. Até a mim próprio me irrito.
por outras palavras:
observações descentradas,
portugal no seu melhor
23 de agosto de 2007
CONTINUA A IMPOR-SE A PARABENIZAÇAO...
...desta vez à Veronica e ao Tiago, pela Maria.
(Escolheram todos a mesma altura...)
(Escolheram todos a mesma altura...)
22 de agosto de 2007
NA VIDA REAL
"...Like one of those heartbreaking Raymond Carver stories in which a luckless character catches a glimpse of something better, a small moment of rightness about the world, and, instead of cheering us, this glimmer of hope makes us even more anxious — because we know it can’t possibly last."
— Tom Barbash, na sua crítica ao romance de Ron Carlson "Five Skies" publicada no New York Times Sunday Book Review de domingo, 19 de Agosto
— Tom Barbash, na sua crítica ao romance de Ron Carlson "Five Skies" publicada no New York Times Sunday Book Review de domingo, 19 de Agosto
21 de agosto de 2007
POLAROID: MÃES E FILHOS
As mães e outros parentes que viajam nos transportes públicos com as suas criancinhas têm essencialmente duas opções de comportamento quando confrontadas com a hiperactividade pública das criancinhas. Uma: ignoram-nas com um ar ausente, como quem diz, "são miúdos, isto já passa". Outra: fazerem má cara e olharem para elas com o ar "não perdes pela demora". Seria interessante ver também porque é que as criancinhas ficam tão hiperactivas nos transportes públicos, mas isso são outras histórias.
20 de agosto de 2007
COMO DETECTAR UM TURISTA ESPANHOL NO METRO DE LISBOA
Não é nada difícil. Estão quase sempre em grupos (mínimo de quatro) a falar entre si em espanhol, e muito alto.
19 de agosto de 2007
POLAROID: Ó DA GUARDA
Sexta-feira de manhã, perto da embaixada inglesa, uma senhora grita em altos berros, de pé junto à porta do condutor aberta de um jipe; enquanto atendo uma chamada telefónica, os gritos aceleram, o carro tenta arrancar ainda com a senhora de pé e a porta aberta, com uma criança aos berros no banco de trás, até que um dos transeuntes que tem estado a observar a cena chama a polícia que costuma estar a montar guarda à Embaixada. Entre a chamada telefónica e a chegada da polícia, não percebo nada do que se passa mas pergunto-me se o que se passa ali é uma discussão conjugal, um prelúdio de divórcio ou um problema de custódia. Em qualquer dos casos, é estranho ver gente a mostrar os seus problemas pessoais no meio da rua.
18 de agosto de 2007
PEQUENOS IRRITANTES QUOTIDIANOS #43
Não sei de quem foi a brilhante ideia de encerrar a loja de conveniência da avenida Álvares Cabral (por acaso até sei: foi dos proprietários da rede Sprint, que chegaram à conclusão que a rede não dava lucro e fecharam as lojas todas, incluindo as únicas duas que davam lucro, uma das quais a da Álvares Cabral), mas apetece-me espancá-lo com a moca dos pregos. Porque o resultado prático é que agora não se conseguem comprar jornais nesta zona: depois do fecho da tabacaria do salão Monumental ao pé do antigo Jardim Cinema (com o salão de jogos transformado em pseudo-Zara de terceira categoria), e com os quiosques do largo do Rato fechados para férias, sobra só o quiosque da Basílica da Estrela — e mesmo esse não sei se está aberto. Agosto em Lisboa tem as suas vantagens, mas esta não parece ser uma delas.
por outras palavras:
irritantes quotidianos,
observações descentradas
17 de agosto de 2007
A MINHA FAMÍLIA DAVA UMA SITCOM: D. LIVIA SOPRANO
"Ai, o teu pai faz-me tanta falta."
"Pobrezinho de quem precisa."
"Ninguém vos chamou cá, vão-se embora! Vão lá para as vossas mulas! Venham quando eu vos chamar!"
"Sim, eu sei que sou muito má. Só tenho é defeitos. O vosso pai é que é um santo. É, é."
"Para mim estão sempre com sete pedras na mão, mas depois vão para casa e têm medo delas. Elas comem-vos as papas na cabeça. São umas espertalhonas. Chama-lhes parvas."
"O teu irmão ontem torrou-me uma carcaça. Porque é que tu não me torras uma carcaça?"
"Puseste açúcar? Este chá está amargoso."
"Pobrezinho de quem precisa."
"Ninguém vos chamou cá, vão-se embora! Vão lá para as vossas mulas! Venham quando eu vos chamar!"
"Sim, eu sei que sou muito má. Só tenho é defeitos. O vosso pai é que é um santo. É, é."
"Para mim estão sempre com sete pedras na mão, mas depois vão para casa e têm medo delas. Elas comem-vos as papas na cabeça. São umas espertalhonas. Chama-lhes parvas."
"O teu irmão ontem torrou-me uma carcaça. Porque é que tu não me torras uma carcaça?"
"Puseste açúcar? Este chá está amargoso."
16 de agosto de 2007
MÚSICA NO GINÁSIO #23
Waking Up the Neighbours (A&M/Universal, 1991), de Bryan Adams: é isto que o rock'n'roll devia ser. E poucos discos terão chegado tão perto da imagem icónica do rock'n'roll: cinco amigos a curtirem que nem loucos em cima de um palco e a festa a passar à audiência. E foi preciso um canadiano para o fazer. Waking Up the Neighbours é um disco de festa — que faz a festa e lança os foguetes e desafia toda a gente a ir atrás - "gotta be guilty having too much fun". Quem não for não sabe o que perde.
"Can't Stop This Thing We Started"
"Thought I'd Died and Gone to Heaven"
por outras palavras:
música no ginásio,
obsessões pop,
prazeres culpados
AS PALAVRAS DO MESTRE #4
Algumas frases de infinita sabedoria do mestre Claude Chabrol na excelente entrevista a Sophie Grassin publicada na edição de Agosto da Première francesa:
"Para um homem de constituição normal, as mulheres são ao mesmo tempo um fascínio e um mistério. Colaborar com elas evita-me assim escrever parvoíces sobre as minhas protagonistas femininas"
"Prefiro definitivamente as mulheres aos homens. Se lermos bem a Bíblia, aliás, Deus parece partilhar a minha opinião"
"Evito escolher actores aos quais convém relembrar que o avô era carpinteiro para que eles possam abrir uma porta. Há actores assim. «Qual é a minha motivação?» O teu cheque!"
"O pai da minha primeira mulher dirigia o banco Rothschild. Em seguida casei com uma actriz, depois com uma anotadora... Podemos assim falar de um declínio total"
"Para um homem de constituição normal, as mulheres são ao mesmo tempo um fascínio e um mistério. Colaborar com elas evita-me assim escrever parvoíces sobre as minhas protagonistas femininas"
"Prefiro definitivamente as mulheres aos homens. Se lermos bem a Bíblia, aliás, Deus parece partilhar a minha opinião"
"Evito escolher actores aos quais convém relembrar que o avô era carpinteiro para que eles possam abrir uma porta. Há actores assim. «Qual é a minha motivação?» O teu cheque!"
"O pai da minha primeira mulher dirigia o banco Rothschild. Em seguida casei com uma actriz, depois com uma anotadora... Podemos assim falar de um declínio total"
por outras palavras:
as palavras do mestre,
observações descentradas
15 de agosto de 2007
POLAROID
O Polo escuro está parado à minha frente num dos sinais que atravessa a Avenida da Liberdade, mas não avança quando o sinal abre. Eventualmente, lá avança mas a velocidade muito moderada em direcção à rua das Pretas/do Telhal; contra a luz dos candeeiros, o condutor, com um boné de basebol na cabeça, gesticula para o passageiro enquanto mexe no tablier, com ar de quem está a concentrar-se em tudo menos na condução, mas regressa à "normalidade" assim que entra na íngreme Calçada do Moinho de Vento.
por outras palavras:
Lisboa tem muito trânsito,
polaroid
14 de agosto de 2007
MÚSICA NO GINÁSIO #22
With Teeth (Nothing/Interscope/Universal, 2005), dos Nine Inch Nails: ou como o "rock industrial" se cruza com a influência do tecno-pop pioneiro dos primórdios dos anos 80 e Trent Reznor vira rock de estádio de bom recorte. E porque há dias em que só a paranóia enérgica de arestas limadas serve de banda-sonora.
"The Hand That Feeds"
13 de agosto de 2007
MÚSICA NO GINÁSIO #21
Hoje precisei de alguma coisa que me animasse e a passear pelas playlists achei que The Singles Collection 1984-1990 (London/Warner Music, 1990) podia ser o disco certo. Já não ouvia há muito tempo esta resenha dos singles tecno-pop/eurodisco de Jimmy Somerville, o careca escocês do falsete soul que, nos idos de 1986/1987, dominava as tabelas de venda com os Communards, depois de o ter feito com os Bronski Beat. O que acho que passou ao lado de muitos dos que consumiam esta pop electrónica paredes-meias com o disco-xunga hedonista era o fortíssimo activismo pro-gay dos projectos de Somerville: esta era pop política que queria mudar o mundo dançando, e provavelmente ninguém fora de Inglaterra (ou muito pouca gente) terá percebido que "There's More to Love Than Boy Meets Girl" era uma ode pansexual, que "Smalltown Boy" celebrava a fuga da tacanhez provinciana, que "For a Friend" era uma elegia por um amigo morto, que "Read My Lips" era um hino contra a SIDA. Hoje, ouvir estes singles todos é uma espécie de cápsula do tempo que mantém intacto o activismo e a pontaria pop de Somerville. Mesmo que, sim, o falsete irrite aqui e ali.
E, sim, animou-me.
"There's More to Love Than Boy Meets Girl"
"Don't Leave Me This Way"
"Never Can Say Goodbye"
por outras palavras:
música no ginásio,
obsessões pop,
prazeres culpados
10 de agosto de 2007
POST DE DEVOÇÃO INCONDICIONAL AOS ARACNÍDEOS DO OUTRO
Isto é a ideia mais genial que ouvi em muitos meses.
9 de agosto de 2007
EXCLUSIVO TVI
A comissária da PSP que estava a falar para a câmara ia sendo atropelada em directo pelo autocarro que passava pela rua.
7 de agosto de 2007
MÚSICA NO GINÁSIO #20
Aimee Mann Op. 4: Lost in Space (Superego/V2, 2002), o momento em que um manto escuro classicista e as aspirações da grande pop seventies começaram a cobrir a falsa alegria dos discos anteriores. "Pavlov's Bell" explica.
por outras palavras:
Aimee Mann,
música no ginásio,
obsessões pop
6 de agosto de 2007
MÚSICA NO GINÁSIO #19
Aimee Mann Op. 3 (vá lá: 3.5 se quisermos contar com as canções do filme Magnolia): Bachelor no. 2, or the Last Remains of the Dodo (Superego/V2, 2000). São umas atrás das outras, canções, bem entendido, clássicas, com uma identidade própria que não enjeita as influências dos Beatles, de Bacharach, de Costello e do songwriting clássico americano: "How Am I Different?", "Driving Sideways", "Red Vines", "Nothing Is Good Enough", "You Do", "Ghost World" (video em baixo), "Satellite", "It Takes All Kinds"... E se este disco fosse uma espécie de "greatest hits" que ainda não o tinham sido?
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Aimee Mann,
música no ginásio,
obsessões pop
POLAROID: EMEL
Um rapaz está sentado em cima de uma mota à porta de um edifício; muito provavelmente, é um estafeta à espera de um serviço. De repente, um outro rapaz sai do edifício com ar apressado, olha rapidamente à sua volta e, dirigindo-se ao rapaz em cima da mota, pergunta-lhe: "Desculpe, não viu por aí ninguém da EMEL, pois não?..."
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observações descentradas,
polaroid,
portugal no seu melhor
5 de agosto de 2007
AS PALAVRAS DO MESTRE #3
"É óbvio que a arte não pode ensinar nada a ninguém, uma vez que, em quatro mil anos, a humanidade não aprendeu absolutamente nada."
— Andrei Tarkovski, in Esculpir o Tempo (na tradução brasileira a partir da versão inglesa [!] de Jefferson Luiz Camargo, São Paulo: Martins Fontes, 1998)
— Andrei Tarkovski, in Esculpir o Tempo (na tradução brasileira a partir da versão inglesa [!] de Jefferson Luiz Camargo, São Paulo: Martins Fontes, 1998)
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é a cultura,
observações descentradas,
questões pertinentes
4 de agosto de 2007
O SENHOR GUARDA NÃO TEM CULPA
...de se chamar Edu Barato.
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portugal no seu melhor
MÚSICA NO GINÁSIO #18
Segundo episódio das obras completas de Aimee Mann, I'm with Stupid (DGC/Geffen/Universal, 1995) foi durante muito tempo o disco dela de que eu menos gostava, em parte devido à produção rococó de Jon Brion, que na altura me parecia um bocadinho preciosa demais para a simplicidade das canções. Estava, claro, enganado — as pérolas que se escondem neste álbum nunca mais acabam ("Choice in the Matter", "That's Just Who You Are", "You Could Make a Killing", "Sugarcoated", "Long Shot", o espantoso "Amateur" cujo teledisco está aqui em baixo...) e a injustiça deve ser reparada.
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Aimee Mann,
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3 de agosto de 2007
MÚSICA NO GINÁSIO #17
Whatever (Imago/Geffen/Universal, 1993), o primeiro trabalho a solo de Aimee Mann, numa altura muito pré-Magnolia em que se estava tudo a borrifar para a senhora — e faziam mal, porque tudo aquilo que hoje todos gostam nela já estava intacto aqui. E porque, depois do belíssimo concerto do Coliseu, me apeteceu voltar a ouvi-lo. E aos outros todos.
(Em baixo, o video do maravilhoso "Stupid Thing".)
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Aimee Mann,
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obsessões pop
2 de agosto de 2007
A LÍNGUA ESPANHOLA É MUITO TRAIÇOEIRA
Vejo na rua cartazes para campanha de preservativos que anunciam "o estímulo afrodisíaco do pêssego". Eu não acho o pêssego nada afrodisíaco, mas aceito que haja quem ache. Mas mesmo esses devem ter alguns problemas quando, como eu, lêem na embalagem dos preservativos em questão "el estimulo afrodisiaco del melocotón". É que não há afrodisíaco que resista.
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é a cultura,
observações descentradas,
palavras abstrusas
1 de agosto de 2007
MÚSICA NO GINÁSIO #11-16
Seguir There Is a Season (Columbia Legacy/Sony BMG, 2006), a mais recente caixa retrospectiva dos Byrds, é entrar numa montanha russa esquizofrénica que começa com o grupo como uma espécie de Beatles de terceira em versão xoninhas, termina com os moços a aproximarem-se perigosamente do rock FM californiano da década de 70. Mas, pelo meio, há uma invenção melódica e guitarrística absolutamente notável, há aqueles carrocéis de Rickenbackers cintilantes e a impecável prestação vocal e instrumental dos rapazes, há a amplitude térmica que ia dos Dylanismos traduzidos para as massas à invenção do country-rock com um respeito insuspeito pela tradição (muitos anos antes dos manos Coen devolverem a "mountain music" às parangonas com a banda-sonora de Irmão, Onde Estás?, já Roger McGuinn & cª, com a ajuda preciosa de Gram Parsons, tinham percebido o que de bom ali se podia recuperar). O título é enganador: não há uma única estação em There Is a Season, há uma viagem pelo ciclo do tempo com todas as voltas que isso implica.
"Mr. Tambourine Man"
"I'll Feel a Whole Lot Better"
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América América para onde vais,
música no ginásio,
obsessões pop
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