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31 de agosto de 2006

DESCONTEXTUALIZAR POR AÍ

Num cartaz de publicidade que anuncia um elixir para a boca, li a frase "afecções da cavidade oral" como "afeições da cavidade oral".

30 de agosto de 2006

O QUARTO PODER

Segundo a capa da Caras desta semana, Gonçalo Diniz (que este que assina confessa não fazer a mínima ideia de quem é, mas que a capa informa simpaticamente ser o ex de Elsa Raposo) diz que não gosta da mentira nem da traição. Uns metros ao lado, o 24 Horas ocupa toda a capa a revelar que Merche Romero se chamava na verdade Mercê quando por duas vezes não conseguiu ser eleita Miss Rio Maior. É por estas e por outras que a Economist diz — aqui — que é preciso os jornais reinventarem-se na era da internet.

28 de agosto de 2006

Ó PRÓ MEU IPOD TÃO ECLÉCTICO #4

Primeiro, Nusrat Fateh Ali Khan na sublime colaboração com Michael Brook "Night Song" (Real World/Virgin, 1996), onde as guitarras tratadas e desmultiplicadas do músico canadiano e a instrumentação moderna criam uma cama sublime para o mestre devocional paquistanês erguer a sua voz a cada vez maiores alturas de êxtase — é um daqueles álbuns para os quais a expressão "clássico moderno" foi inventada.

Depois, tempo para "picar" a banda-sonora de "Lost in Translation" (Emperor Norton, 2003), e para recordar as imaculadas miniaturas atmosféricas que Kevin "My Bloody Valentine" Shields escreveu para um dos filmes da minha vida, com destaque para os sublimes "Goodbye" (suspensão gravitacional quase Enoiana) e "Ikebana" (delicadeza dedilhada enlevada em filigranas preciosas e frágeis).

27 de agosto de 2006

CABIN FEVER

É quando se passa o dia inteiro fechado em casa com aquela sensação de não se ter nada para fazer — mas não é exactamente verdade: entre livros que se lêem, revistas que se folheiam, documentários que se vêem na televisão, discos que se ouvem, roupa que se lava, coisas que se arrumam, há realmente muito para fazer. Só que são aquelas coisas que dão sempre a impressão de "não serem nada" — e eis a sensação incontornável de vazio a tomar corpo. Mas é só um vazio metafísico, amplificado pelo gás da garrafa ter acabado e ter tido de tomar um banho rápido "à gato" antes que a água quente arrefecesse de vez, e pela impossibilidade de cozinhar comida quente e ter de me contentar com o Pizza Hut do lado.

26 de agosto de 2006

A PROPÓSITO DA SILLY SEASON

É bom saber que algumas coisas nunca mudam. No telejornal da RTP-1 de quinta-feira, 15 minutos de Benfica e Luís Filipe Vieira a abrir, seguidos de 15 minutos com o debate das salas de chuto entre médicos com abordagens diferentes ao assunto (cortei o som, mas quase aposto que só do visual dos dois médicos já dava para perceber quem estava contra e quem estava a favor). Depois, sexta e sábado, não se fala de outra coisa que não o sururu criado por esta história da Liga de Clubes, com o presidente do Gil Vicente, António Fiúza, a aparecer em tudo o que é noticiário a fazer o seu número do David que enfrenta o Golias, do Zé Povinho que sabe muito bem o que é que se passa e não se deixa comer pelas maquinações dos grandes (nem falta o sotaque regional para completar o quadro), e com as proverbiais perguntas aos adeptos. Ou seja, a solução habitual quando não há "hard news": venha lá o futebol.

25 de agosto de 2006

Ó PRÓ MEU IPOD TÃO ECLÉCTICO #3

"Edição Ilimitada", dos Mind Da Gap (Nortesul 2006), é tão longo (76 minutos) que ocupa por si só uma sessão inteira de exercício — o que é um problema comum à maior parte dos discos de hip-hop contemporâneos, que são como as pilhas do coelhinho (duram e duram e duram) mas nem sempre têm substância que os aguente tanto tempo. No caso dos Mind Da Gap, o problema não é falta de substância (os rapazes até a têm em demasia), é mesmo que o disco respirava bastante melhor com 10 ou 12 temas em vez dos 17 aqui incluídos — não fazia mal nenhum terem aprendido a lição com o excelente (e tão menosprezadinho que foi) álbum a solo de Serial, "Brilhantes Diamantes". No resto, contudo, "Edição Ilimitada" é prova de que o hip-hop local já não deve nada ao que vem lá de fora (a pontaria de Serial a alinhar beats de primeiríssima água é homérica). E tem, no irresistível "Tilhas? São Sapatilhas", um daqueles hits tão óbvios, tão óbvios, tão óbvios que só dá vontade de o pôr em repeat no leitor.

23 de agosto de 2006

Ó PRÓ MEU IPOD TÃO ECLÉCTICO #2

Primeiro, "Smile", de Brian Wilson (Nonesuch, 2004) — a verdadeira "teenage symphony to God" de que muitos falam a propósito de "Pet Sounds", mais próximo de uma qualquer música contemporânea americana que incorporasse todas as linguagens da música popular numa única (e a terminar com "Good Vibrations", ainda por cima), que só poderia ter saído de uma cabeça de génio frágil e atormentado (porque um escriturário bem-comportadinho nunca poderia escrever música desta). Nota: ir buscar o "Orange Crate Art" de Van Dyke Parks com Brian Wilson, que é uma espécie de "coda" a esta "great Cosmic American music".

Depois, "Southern Accents", de Tom Petty (MCA, 1985) — o momento em que um dos grandes cantautores do rock americano (sempre muito incompreendido por cá, valha-o Deus) quis ir mais longe e tentou sair do colete-de-forças do 4/4 mainstream. Não resultou a cem por cento, mas continua a ser um fabuloso disco (o momento em que "Don't Come Around Here No More" passa de experiência orientalizante a rockalhada sempre-a-abrir é como meter a quinta no automóvel e disparar pela auto-estrada). E o que dizer da espantosa ambiguidade de um "Southern Accents", o melhor tema que Randy Newman nunca escreveu?

22 de agosto de 2006

Ó PRÓ MEU IPOD TÃO ECLÉCTICO #1

Uma das coisas óptimas de ter um leitor de MP3 é poder levá-lo para o ginásio e ouvir discos enquanto se malha. É preferível ao tecno ou ao trance que costuma andar nas aparelhagens dos ginásios e dá para pôr os discos em dia, ou repescar coisas que por uma ou outra razão não ouço há muito tempo.

Ontem, primeira audição para o novo TV On The Radio, "Return to Cookie Mountain" (4AD, 2006) — confirmando que o trio de Kyp Malone, Tunde Adebimpe e David Andrew Sitek soa como se Prince estivesse hoje a fazer música depois de ter crescido numa dieta rigorosa de underground nova-iorquino, Wire e At The Drive-In. Soa a urbanos modernos a tentarem fazer sentido do "apocalypse now" e a curtir que nem uns perdidos enquanto o fazem — não entra logo, mas fica cá dentro a remoer, e tem em "Wolf Like Me" um dos singles do ano.

Para "limpar" os ouvidos, contrasto com o lindíssimo "Rocky Grounds, Big Sky" dos portugueses Unplayable Sofa Guitar (Subotnick/Bor Land, 2005), belíssimo álbum de americana-vista-da-Europa que já não ouvia há uns meses, como se Heidi Berry (e como eu gostava desta senhora) fosse a "frontwoman" de uns Walkabouts depurados com o sentido da paisagem de Ry Cooder.

A PROPÓSITO DOS TREINADORES DE BANCADA

Isto parece-me uma reflexão interessante, articulada e inteligente sobre um daqueles assuntos sobre os quais todos os portugueses têm uma opinião, mesmo quando se torna rapidamente evidente que estão a falar de cor.

21 de agosto de 2006

E OS BOLSOS, SERVEM PARA QUÊ?

O jovem executivo/bancário/vendedor (riscar o que não se aplica) entra na carruagem de metro; fato cinzento claro de tom veraneante e corte elegante, camisa da moda em azul claro de risca diagonal larga, gravata verde brilhante, cabelo com gel, óculos escuros sofisticados, só é pena os sapatos pretos engraxados não jogarem bem com a imagem de "olhem que moderno que eu sou". Isso e as quatro carteiras que transporta na mão esquerda - porta-chaves, carteira, bolsa dos óculos, bolsa do telemóvel. Como quem não quer macular a elegância usando os bolsos para a sua verdadeira função.

20 de agosto de 2006

OU COMO AS CIRCUNSTÂNCIAS INDUZEM EM ERRO

Quantas vezes é que os olhares de engate ao balcão do bar são mesmo olhares de engate e quantas é que não passam de pessoal a tentar perceber no meio da escuridão toda se já conhece, se é mesmo quem se pensa que é, ou se está só a tentar chamar a atenção do barman?

19 de agosto de 2006

OLÁ HOMEM MALVADO

De vez em quando a minha mãe tem um ataque e jura que não volta a ver "Os Sopranos" porque, segundo ela diz, "aquele Tony Soprano é um homem malvado". Sendo ele um mafioso, não estou bem a ver porque é que ela achava que ele havia de ser um santo...

16 de agosto de 2006

SINAL VERMELHO

Pelo sotaque, não consigo perceber se são africanos ou brasileiros — ele de T-shirt branca a dar a entender um torso trabalhado, cabelo rapado e barbicha aparada, ela de blusa de estampado tropical escuro largueirona, calças a mostrar as ancas. Ela insiste em querer atravessar a rua com o sinal vermelho para os peões, entre gargalhadas sonoras, saindo do passeio e dando vários passos na passadeira de peões desenhada no asfalto, ele insiste em agarrá-la pelo braço e impedi-la de ser atropelada pelos carros que passam de sinal aberto.

15 de agosto de 2006

QUEM PROCURA SEMPRE ENCONTRA

Às vezes, aquilo de que mais precisamos está no sítio onde menos esperamos. "Carros", de John Lasseter, um dos melhores filmes que vi em 2006 (e, ao fim de duas visões, ninguém me convence do contrário — façam o favor de tirar a prova dos nove, se ainda não a tiraram), não é sobre outra coisa.

when you find yourself
in some far off place
and it causes you
to rethink some things
you start to sense that slowly you're becoming someone else
and then you find yourself

when you make new friends
in a brand new town
and you start to think
about settling down
the things that would have been lost on you are now clear as a bell
and you find yourself
that's when you find yourself

when you go through life
so sure of where you're heading
and you wind up lost
and it's the best thing it could have happened
because sometimes when you lose your way
it's really just as well
because you find yourself
that's when you find yourself

when you meet the one
you've been waiting for
and she's everything
that you want and more
you look at her and you finally stop to live for someone else
and then you find yourself
that's when you find yourself

you go through life
so sure of where you're heading
and then you wind up lost
and it's the best thing could have happened
sometimes when you lose your way it's really just as well
because you find yourself
that's when you find yourself.


— Brad Paisley, "Find Yourself", para a banda-sonora de "Carros" (Walt Disney Records, 2006)

damn it, D., I miss you

14 de agosto de 2006

PEQUENA INTERRUPÇÃO PARA FAZER UMA DECLARAÇÃO IMPORTANTE

Era só para dizer que esta continua a ser a única série televisiva que continua a ser obrigatória. Os fãs das outras que me desculpem.

13 de agosto de 2006

É SÓ ROCK'N'ROLL

Vi os Rolling Stones da primeira vez que eles cá vieram ao Estádio de Alvalade; foi num domingo de Junho, dia de Marchas Populares, vim a pé do estádio para minha casa (ou quase), cheguei a casa à uma da manhã estava a minha mãe a ver o desfile das marchas na televisão, levantei-me no dia seguinte às seis para ir a Setúbal à inspecção da tropa (a parte da manhã passou sem eu dar quase por nada, tal era a pedra de sono com que eu estava, e vim-me embora no fim do dia por ter sido dispensado do serviço militar). Gostei imenso, mas como fiquei na bancada geral em frente ao palco a minha memória é de um palco muito distante.

Vi os Rolling Stones da segunda vez que eles cá vieram ao Estádio de Alvalade; foi num dia de semana não sei se de Julho se de Agosto, estava eu de férias, fui à tarde ver o "Blow-Up" do Antonioni ao King às quatro e meia, depois fui ter com uma amiga e jantámos no La Campania, na Artilharia Um, antes de irmos para o concerto. Como fiquei na bancada lateral coberta vi muito mais do concerto e gostei mais do que do outro.

Não vi os Rolling Stones da terceira vez que eles cá vieram, a Coimbra, nem agora que eles foram ao Porto. Mas vi bocadinhos do concerto do Porto na televisão e fiquei a achar que Ron Wood parece ter feito uma plástica que correu mal, Keith Richards (que continua a tocar que nem um deus) está muito mais velho do que parecia e Mick Jagger continua a ser Mick Jagger. Charlie Watts só apareceu de costas, por isso não me posso pronunciar.

Também vi os habituais comentários dos fãs, e só achei estranho haver um senhor que parecia estar em todas as entrevistas, a fazer um ar embrutecido para a câmara. Não era o célebre "emplastro", mas era como se fosse.

12 de agosto de 2006

PEQUENAS IRONIAS DAS CATALOGAÇÕES

A notícia de que o romancista alemão Günter Grass fez a tropa nas SS nazis durante a II Guerra Mundial aparece, no site da BBC News, na secção de "entretenimento".

11 de agosto de 2006

UMA VIDA INTEIRA

Thomas J. Abercrombie, fotógrafo da National Geographic.

POLAROID: SUPERMERCADO

Passa pouco das sete da tarde e, como habitual, o supermercado está a encher com as pessoas que regressam a casa do trabalho e compram alguma coisa de que se esqueceram ou que lhes faz falta para o jantar (ou, em alguns casos, compram mesmo o jantar). Das três caixas, contudo, só uma está a funcionar e rapidamente se forma uma fila que curva junto à arca dos gelados. Um senhor dos seus 60-70 anos, com uma pasta de escriturário na mão e uma embalagem de bacon na outra, mostra-se relutante em juntar-se à fila, que no entretanto ganhou uma forma retorcida, um pouco estranha. Quando chega uma funcionária para abrir uma das caixas, o senhor precipita-se para ser atendido, mas faço sinal à empregada que há gente à frente do senhor e ela apressa-se a dizer "por ordem, se fizer favor". O senhor resmunga por não poder ser atendido antes dos outros todos, "então, é pela ordem que as pessoas estavam na fila"", diz-lhe a empregada, mas ele responde "e eu sei lá onde é que está a fila, aquilo não parece uma fila".

10 de agosto de 2006

DESPERTADOR

Hoje, às oito da manhã, o despertador tocou com a TSF a falar do caos em Heathrow à conta das revelações feitas pela polícia britânica. Nada disso muda os 36 graus de calor que sufocam Lisboa durante o dia sem a bênção de uma aragem. Mas no site da BBC, fonte dos aeroportos britânicos diz que as novas regras que obrigam a (até agora) bagagem de mão a ser despachada no porão podem ter vindo para ficar. A frase é terrível: "nunca mais vamos viajar da mesma maneira". Uma internauta britânica diz que provavelmente hoje, com tanta segurança, é o dia mais seguro de sempre para viajar de avião, e no noticiário da noite uma senhora apanhada na confusão dos aeroportos ingleses diz com aquela fleuma britânica "ainda bem que estão a fazer isto tudo, porque eu quero viver". A maior parte dos entrevistados estão mais irritados com a maçada e o atraso do que verdadeiramente em pânico. Há um italiano que diz no telejornal que ficar trancado em casa não é solução, é ceder ao medo. E tem razão. Mas continuarmos a acreditar que tudo continua como antes de 11 de Setembro de 2001 também não é solução — e hoje o despertador tocou mais alto.

9 de agosto de 2006

POLAROID: CORREIOS

A senhora, dos seus 50 anos, bronzeada, entra na estação de correios, com uma saia comprida de tecido branco translúcido que parece linho e uma camisola de alças justa que apenas realça as ancas gordas e a celulite. Traz sandálias cor de cortiça, um chapéu de sol fechado debaixo do braço e uma série de folhas A4 dobradas com o logotipo da segurança social na outra mão. Não tira senha e vagueia pela sala com ar misto de furioso e maçado, e a velocidade frenética de uma mosca que sabe que tem alguma coisa que fazer depressa mas não se recorda do quê; também não procura falar com nenhum dos funcionários ao balcão, e ao fim de dois-três minutos vai-se embora, dizendo meio para si meio para os poucos clientes, numa voz insuficientemente alta, que a atendem melhor na segurança social, apesar do chinfrim.

8 de agosto de 2006

HUMOR INGLÊS DO SUL #2

Numa peça sobre a corrida governamental do estado americano do Arkansas na Economist desta semana, os "Emo kids" — adolescentes apreciadores de um estilo de rock alternativo designado por "emo" que combina música enérgica com uma exploração literária e sensível das emoções-montanha-russa em que a adolescência é prenhe — são designados como "young people afflicted with melancholia".

ESTES PUBLICITÁRIOS SÃO UNS EXAGERADOS #2

Agora que vi o anúncio televisivo da campanha do avião, das crianças e das estradas, acho que já começo a perceber melhor as reticências dos sindicatos da aviação. Continuo a achar que continua a não induzir as pessoas em erro, acho agora é que a coisa é de muito pior gosto do que parecia.

POLAROID: METRO

À minha frente, a senhora (que me recorda de uma Janice Soprano menos gorda) veste uma T-shirt azul bebé com um peixe cor-de-laranja muito Nemo e a legenda "no sushi", e tem sobre as calças de ganga uma mala de fundo azul claro decorada com quadrados em que cada quadrado tem um grande plano de um animal desenhado em estilo "cartoon" — burros, vacas, cavalos, porcos.

7 de agosto de 2006

EARTHQUAKE WEATHER

Um jantar em Long Beach, em casa do Robert, restaurador de instrumentos musicais especializado em órgãos de igreja, dedicado apreciador de Apple Macintosh e cozinheiro emérito (um ossobuco extraordinário com risotto antecedido de um magnífico folhado de cebola) culmina numa das mais extraordinárias visões que já tive, pela janela que dava para a baixa de Long Beach: uma hora non-stop de relâmpagos fluorescentes num céu nocturno acinzentado em todas as nuvens, capacete pesado e abafado de poluição, sem que uma única vez chova ou troveje.

4 de agosto de 2006

ESTES PUBLICITÁRIOS SÃO UNS EXAGERADOS

Vi hoje o tal cartaz do Ministério da Administração Interna que diz que todos os anos os acidentes de automóveis nas estradas portuguesas vitimam um avião cheio de crianças. E confesso que não percebo o bruáa que se gerou à sua volta: enquanto consumidor, percebi perfeitamente que aquele anúncio não está a dizer que andar de avião é perigoso, mas sim a informar que o número de crianças que morrem nas estradas em Portugal ao longo de um ano equivale ao número de passageiros de um avião (mas que tipo de avião? uma avioneta? um avião de passageiros comercial? um avião militar?). Não vou dizer que é do melhor gosto, mas perceberia que toda a gente se levantasse em armas por achar que é de mau gosto usar as criancinhas como argumento (como José Manuel Trigoso, da Prevenção Rodoviária Portuguesa). Agora que o meio da aviação se levante por achar que a coisa dá uma imagem negativa do viajar de avião já me parece algo exagerado. Mas pronto, também é verdade que estamos no Verão.

3 de agosto de 2006

MANTEIGA DE AMENDOIM #2

Não foi uma boa ideia deixar o boião de vidro gasto da manteiga de amendoim no lava-louça para lavar. Hoje de manhã, era um verdadeiro formigueiro. Fica esclarecido porque é que elas andavam a passear pela cozinha quando eu liguei o esquentador.

2 de agosto de 2006

HUMOR INGLÊS DO SUL

É por causa destas e doutras que eu gosto dos ingleses. Isto é o primeiro parágrafo de uma peça sobre a Vodafone na edição desta semana da Economist:

"Annual shareholders' meetings in Britain are meant to follow a comforting, if sometimes fractious, routine. Individual investors take the microphone year after year to heap scorn on the managers of their companies. Often there is name-calling. More often there are complaints about the sandwiches being served. Sometimes there are grumbles about the previous' years sandwiches. This is usually followed by a mad rush for tea, biscuits and the much-maligned sandwiches in an adjoining room."

1 de agosto de 2006

SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS

Quando aterro em Los Angeles, a passagem pela alfândega, com verificação do passaporte e entrega dos formulários de entrada nos EUA, entope devido à quantidade absurda de passageiros que acaba de chegar para um número de guichets que não é elástico. Um dos funcionários que está a atender a minha fila, baixinho, louro, corpulento, sai do guichet e dirige-se coloquialmente à multidão reunida, explicando que estão a fazer todos os possíveis para despachar as pessoas o mais rapidamente possível, mas o processo não pode ser acelerado e naquele momento acabam de aterrar três vôos intercontinentais, pedindo paciência e para ajudarmos ao máximo preenchendo tudo o que temos de preencher.

Apesar do funcionário repetir o aviso uma segunda vez e de despachar viajantes a um ritmo alucinante, levo 45 minutos para passar a alfândega, já que há uma quantidade de grupos excursionistas que viajam em família, são atendidos em simultâneo e atrasam o processo todo, e os outros funcionários não são tão lestos como este.