Pesquisa personalizada
Mostrar mensagens com a etiqueta cinema. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta cinema. Mostrar todas as mensagens

5 de setembro de 2009

LET'S LOOK AT THE TRAILER

Não sei bem explicar porquê, mas tenho um feeling que isto vai ser qualquer coisa de extraordinário.



O Sítio das Coisas Selvagens (Where the Wild Things Are) de Spike Jonze tem estreia prevista entre nós para 26 de Novembro.

25 de agosto de 2009

LET'S LOOK AT THE TRAILER

Há muito tempo que não via um trailer que explicasse tão bem o que é um filme sem explicar absolutamente nada do que ele é. Há muito quem não vá gostar de Os Limites do Controlo, de Jim Jarmusch, e eu percebo que não se goste nada. Mas eu gosto muito. 






5 de agosto de 2008

PUT ON YOUR SUNDAY CLOTHES

Amo "O Segredo de um Cuscus", que é um filme extraordinário, mas isto é, até ver, o meu filme do ano. Quando virem (a partir de dia 14), vão perceber. (E, já agora, o filme é ainda melhor do que o trailer - o que, hoje em dia, é só por si um milagre.)

3 de agosto de 2008

AS PALAVRAS DO MESTRE #7: SENSIBILIDADE E BOM SENSO

«Resumamos. Esta rubrica semanal não gostaria de se limitar a registar os sucessos garantidos. Também não tem a pretensão (que seria ridícula) de rever os lugares-comuns críticos. Também não é um índice infalível dos filmes "a ver" ou "a não ver". Simplesmente, falamos dos filmes que nos parecem interessantes por razões que nos agrada discutir com o leitor. Dizer "mal" de um filme não significa de todo que dissuadamos o leitor de o ver; tal como não garantimos que o leitor tenha certamente prazer a ver um outro filme de que dizemos bem, não apenas porque a infalibilidade não é o nosso forte, mas porque esse bem e esse mal não tem muitas vezes nenhuma medida comum. (...) As referências críticas não são as mesmas. Mal falamos da mesma coisa, mesmo que se trate de cinema. Gostaríamos que o leitor não esperasse de nós uma direcção de consciência, nem sequer um catálogo dos filmes a ver, mas simplesmente reflexões sobre acontecimentos cinematográficos que lhe caberá a ele situar relativamente à variedade dos géneros cinematográficos e naturalmente dos seus gostos particulares. Agradecemos-lhe de antemão por isso.»

Estas palavras (traduzidas do francês por moi-même) extremamente sábias e sensatas sobre a crítica (no caso de cinema, mas que são aplicáveis a praticamente tudo, quer seja literatura, televisão, música, teatro, artes plásticas ou outra coisa qualquer) foram lidas na última edição da habitualmente bem intelectual e nem sempre sensata revista francesa Cahiers du Cinéma (nº 636, de Julho/Agosto de 2008). 

Mas não foram escritas hoje, mas sim há 50 anos: mais precisamente em Junho de 1952, por André Bazin, fundador, em 1951, da revista e um dos mais influentes teóricos da arte da crítica. Ao longo de 2008, por ocasião do cinquentenário da morte de Bazin (que faleceu, aos 40 anos, em 1958 e já não teve oportunidade de ver a eclosão, no ano seguinte, do novo cinema francês que seria designado por Nouvelle Vague), a revista tem reproduzido todos os meses um dos milhares de artigos que o crítico publicou em vida mas nunca foram recuperados ou republicados nas várias antologias do seu trabalho.

E a verdade é que a simplicidade e a sensatez do trabalho crítico de Bazin nada tem a ver com muito do que passa hoje por ser "crítica": a simplicidade não implica preguiça, o pensamento não implica intelectualização. É tudo uma questão de sensibilidade e bom senso. Bazin tinha-as, muitos dos seus seguidores nem por isso. 

13 de junho de 2008

LER

Não tenho uma boa explicação, mas praticamente todos os livros que tenho lido nestas férias são livros sobre cinema - é um pouco como se trouxesse trabalho de casa, só que não é, porque não os estou a ler por obrigação mas sim por prazer. E o acaso quis que, primeiro, fossem todos sobre cinema, e, segundo, que parte deles tenham sido comprados em São Francisco, nesse tesouro do livro em segunda mão que é a Aardvark Books (227 Church na esquina com a Market).

Future Noir: The Making of Blade Runner, de Paul M. Sammon (Nova Iorque: HarperPrism, 1996), é o que o seu título indica - a história da criação e produção do filme de Ridley Scott de que eu tanto gosto. De certa maneira, é o equivalente literário do fabuloso documentário que acompanhava a recente edição em DVD do filme, só que anterior aí uns bons dez anos. É um livro claramente de "obsessivo", meticulosamente pesquisado, e por isso mesmo pontualmente enfastiante na sua preocupação com pormenores que não têm verdadeiramente a importância que Sammon lhes quer dar. Alguns capítulos são genuinamente supérfluos e há momentos em que se percebe que Sammon não sabe o que dizer, outros são pequenas jóias (as discussões sobre as várias versões do argumento e sobre a relação problemática de Philip K. Dick com a produção são notáveis).

Adventures in the Screen Trade: A Personal View of Hollywood and Screenwriting, de William Goldman (Nova Iorque: Warner Books, 1984), é uma mistura de memória pessoal e introdução sucinta ao funcionamento de Hollywood escrita por um romancista e dramaturgo que se tornou argumentista de sucesso (Dois Homens e um Destino, Os Homens do Presidente). É um retrato notável, lúcido e incisivo, da Hollywood pós-1970 que, apesar de escrito há quase 25 anos, continua a ser de uma actualidade arrepiante; ao mesmo tempo, é também um dos mais extraordinários retratos que já li do que significa escrever, quer seja para um livro ou para o cinema. Dispensavam-se as bojardas à teoria dos autores (muito pragmaticamente americanas), e pelo final, quando Goldman começa a dissecar como se escreve um argumento, a coisa começa a ser demasiado técnica - o que não invalida que eu ache que devia ser leitura obrigatória para qualquer cineasta português (lema muito grande: "SCREENPLAY IS STRUCTURE").

All About "All About Eve", de Sam Staggs (Nova Iorque: St. Martin's Press, 2000), é o único dos três que não foi comprado mas sim emprestado pelo Michael: é uma combinação de história da produção de um dos filmes mais aclamados da Hollywood dos anos 1950, All About Eve de Joseph L. Mankiewicz, e comentário sociológico sobre a sua longevidade enquanto filme clássico e objecto de culto pelas comunidades profissionais do teatro e gay (que não são necessariamente a mesma). Meticulosamente pesquisado e montado a partir de depoimentos recolhidos noutros livros e artigos (quando Staggs começou a escrever, a maior parte dos envolvidos no filme já haviam falecido), All About "All About Eve" é fascinante enquanto história da produção de um filme de prestígio dentro do sistema de estúdio da Hollywood clássica, e intrigante no modo como investiga ao milímetro a base real da sua história ficcional e o que o filme representou para cada um dos intervenientes. No entanto, assim que Staggs começa a entrar em áreas de crítica cinematográfica e comentário sociológico, o livro afoga-se por completo, com o autor a arranjar justificações que pura e simplesmente não se aguentam à tona para justificar o culto. Isto para já não falar do inexplicável desprezo que Staggs vota à obra posterior de Mankiewicz e da displicência com que trata Minnelli e Fassbinder como fraudes empoladas. Pessoalmente, teria gostado bem mais do livro se Staggs não se tivesse deixado levar por uma agenda que o texto não consegue justificar.

27 de maio de 2008

MUITO LÁ DE CASA

É um cinema "à antiga", que resistiu aos tempos e evitou a divisão em multi-salas - um dos raros em São Francisco a ter conseguido escapar ao camartelo. Entrar no Castro é uma experiência que recorda os bons velhos tempos em que ir ao cinema não era a banalidade pipoqueira mas sim uma experiência quase religiosa — e o Castro, inaugurado em 1922, reproduz na fachada uma catedral mexicana. E, uma vez lá dentro, o enorme candelabro art-déco, o órgão centrado no fosso de orquestra por baixo do écrã, o cortinado de veludo vermelho são relíquias de outra era que não agradarão apenas aos nostálgicos.

Claro que as pipocas e outras guloseimas são inevitáveis (afinal, não foram os EUA quem inventou a ideia de enfardar no cinema?) mas, quando as luzes se apagam e o cortinado abre, ver um écrã grande a iluminar-se é maravilhoso. Sobretudo quando o filme em questão é Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, que parece feito para os prazeres fora de moda de uma sala de cinema à antiga, com direito a fila à porta para marcar lugar meia hora antes das portas abrirem — e com uma sala suficientemente grande para haver lugar para todos.  

29 de dezembro de 2007

2007 IMAGENS

1. Letters from Iwo Jima/CARTAS DE IWO JIMA, Clint Eastwood, 2007
2. Ratatouille/RATATUI, Brad Bird & Jan Pinkava, 2007
3. The Fountain/O ÚLTIMO CAPÍTULO, Darren Aronofsky, 2006
4. Moartea Domnului Lazarescu/A MORTE DO SR. LAZARESCU, Cristi Puiu, 2004
5. Sunshine/MISSÃO SOLAR, Danny Boyle, 2007

seguidos de

300/300, Zack Snyder, 2007
Death Proof/À PROVA DE MORTE, Quentin Tarantino, 2007
Across the Universe/ACROSS THE UNIVERSE, Julie Taymor, 2007
ANGEL, François Ozon, 2006
Shoot 'Em Up/ATIRAR A MATAR, Michael Davis, 2007
Knocked Up/UM AZAR DO CARAÇAS, Judd Apatow, 2007
Flags of Our Fathers/AS BANDEIRAS DOS NOSSOS PAIS, Clint Eastwood, 2006
The Good German/O BOM ALEMÃO, Steven Soderbergh, 2006
The Good Shepherd/O BOM PASTOR, Robert de Niro, 2006
Bug/BUG, William Friedkin, 2006
The Golden Compass/A BÚSSOLA DOURADA, Chris Weitz, 2007
CALLE SANTA FE, Carmen Castillo, 2007
Iklimler/CLIMAS, Nuri Bilge Ceylan, 2006
Stranger than Fiction/CONTADO NINGUÉM ACREDITA, Marc Forster, 2006
Control/CONTROL, Anton Corbijn, 2007
Gwoemul/A CRIATURA, Bong Joon-Ho, 2006
Blood Diamond/DIAMANTE DE SANGUE, Edward Zwick, 2006
Half Nelson/ENCURRALADOS, Ryan Fleck, 2006
Hot Fuzz/ESQUADRÃO DE PROVÍNCIA, Edgar Wright, 2007
FARVÄL FALKENBERG, Jesper Ganslandt, 2006
Fay Grim/FAY GRIM, Hal Hartley, 2006
El Laberinto del Fauno/O LABIRINTO DO FAUNO, Guillermo del Toro, 2006 
Stardust/O MISTÉRIO DA ESTRELA CADENTE, Matthew Vaughn, 2007
NE TOUCHEZ PAS LA HACHE, Jacques Rivette, 2006
LE PAPIER NE PEUT PAS ENVELOPPER LA BRAISE, Rithy Panh, 2006
Paranoid Park/PARANOID PARK, Gus van Sant, 2007
PERSEPOLIS, Marjane Satrapi & Vincent Paronnaud, 2007
Planet Terror/PLANETA TERROR, Robert Rodriguez, 2007
Eastern Promises/PROMESSAS PERIGOSAS, David Cronenberg, 2007
Renaissance/RENASCIMENTO, Christian Volckman, 2005
RETOUR EN NORMANDIE, Nicolas Philibert, 2006
Shortbus/SHORTBUS, John Cameron Mitchell, 2006
Das Leben der Anderen/AS VIDAS DOS OUTROS, Florian Henckel von Donnersmarck, 2006
Zidane - a 21st Century Portrait/ZIDANE, UM RETRATO DO SÉCULO XXI, Douglas Gordon & Philippe Parreno, 2006
Zodiac/ZODIAC, David Fincher, 2007

27 de abril de 2007

A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA #15



Por motivos profissionais, tenho passado muito tempo no Forum Lisboa, que convém sempre explicar ser o antigo cinema Roma — e, por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, imprimiu-se agora um pequeno caderninho com a história daquela sala inaugurada em Março de 1957 e encerrada à exibição cinematográfica em Outubro de 1988, numa altura em que os seus perto de mil lugares já haviam deixado de fazer sentido.

Arquitectonicamente, o Roma construia-se como um daqueles anfiteatros em declive (com os balcões no prolongamento desnivelado da plateia em vez de suspensos como varandas) que, por exemplo, o Europa (Campo de Ourique) também tinha, com uma daquelas magníficas fachadas "cegas" típicas da década de 50. Nunca foi sala que eu tivesse frequentado muito — os meus "poisos" mais regulares eram as noites de estreia do Império, do Monumental, do São Jorge... - mas o Roma tem um lugar muito especial na minha memória porque foi a primeira sala de Lisboa onde fui ao cinema sozinho, no final do Verão de 1980, para ver "Vagabundos Selvagens", um western que hoje se diria "crepuscular" de Blake Edwards com William Holden e Ryan O'Neal, numa "matinée" de terça-feira das reposições que eram então hábito regular das temporadas de Verão dos cinemas de Lisboa.

Foi também lá que vi o filme-concerto que Hal Ashby rodou com os Rolling Stones, "Let's Spend the Night Together" (cujo título em português não me vem agora à mente), e o "Purple Rain" com Prince, que fez uma semana de exibição, numa tarde de semana de 1985 com cinco pessoas na sala e uma projecção escandalosamente má. E foi lá que vi, em 1986, o "Era uma Vez na América" de Leone, na versão integral europeia de quase quatro horas, numa sessão da noite que acabou para lá da uma da manhã numa sala já decadente, com não mais de uma dezena de pessoas numa sala de quase mil lugares desconfortável e fria.

Gosto de reencontrar no Forum Lisboa a traça e a arquitectura do velho Roma que foi armazém de cópias durante muitos dos anos em que esteve fechado.