Blog-notas de ideias soltas; post-it público de observações casuais; fragmentos em roda livre, fixados em âmbar. Eu, sem filtro. jorge.mourinha@gmail.com

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27 de março de 2011
escolas gerais
O carteirista do 28 só traiu que era carteirista quando, ao sair do eléctrico, deixou-o arrancar antes de vestir o casaco e desatar a correr.
16 de março de 2008
QUE FAZES AÍ LISBOA
Está um rapaz dos seus 25, 30 anos a tomar café quando aparece um daqueles alfacinhas de gema, cinquentão (pelo menos) de barriga protuberante e voz de bagaço, que gosta de falar alto para mostrar a toda a gente que chegou e acha que tem muita graça quando faz perguntas do género "então também bebes cafés?". Será vizinho ou conhecido do rapaz e o modo como o cumprimenta — com a tal voz de bagaço a falar alto que se ouve em todo o lado no café que não é pequeno — dá a entender que têm um certo grau de familiaridade, e continua com as suas perguntas do género "estás contente por ter nascido?". Como quem sente que só recorrendo a chavões gastos e pretensamente bem-humorados consegue afastar o cinzento do rame-rame quotidiano sem perceber que está a ser um chato.
por outras palavras:
irritantes quotidianos,
Lisboa antiga,
portugal no seu melhor
10 de dezembro de 2007
BALCANIZAR POR AÍ
Ou como o Largo do Chiado foi invadido por uma mini-orquestra klezmer-Kusturica à hora do almoço de segunda-feira e ficamos todos um bocado sem saber o que fazer.
por outras palavras:
Lisboa antiga,
observações descentradas,
polaroid
20 de novembro de 2007
JÁ NINGUÉM ESCREVE COISAS DESTA MANEIRA
Mas, em 1903, escreviam-se coisas desta maneira...
O Magiolly amancebou-se com uma cantadora famosa, a Ana do Porto. Entre os seus percalços, cita-se o de ter gramado uma facada do D. Miguel Soutto de El-Rei, mas aquele, depois, partiu a cabeça a este com um cacete à porta do Marrare do Arco do Bandeira.
— José Pinto Ribeiro de Carvalho (Tinop), in História do Fado (Lisboa: Dom Quixote, 2003 [5ª ed.])
O Magiolly amancebou-se com uma cantadora famosa, a Ana do Porto. Entre os seus percalços, cita-se o de ter gramado uma facada do D. Miguel Soutto de El-Rei, mas aquele, depois, partiu a cabeça a este com um cacete à porta do Marrare do Arco do Bandeira.
— José Pinto Ribeiro de Carvalho (Tinop), in História do Fado (Lisboa: Dom Quixote, 2003 [5ª ed.])
por outras palavras:
Lisboa antiga,
portugal no seu melhor
28 de setembro de 2007
ELÉCTRICO 25
Isto de ser um alfacinha de gema não quer dizer que se conheçam todos os recantos de Lisboa — hoje, pela primeira vez em 40 anos, desci a rua das Flores (sim, a da tragédia) até à rua de São Paulo e apanhei o eléctrico 25, que vai da Alfândega aos Prazeres pelo Conde Barão, por Santos, pela Lapa e pela Estrela e dá para gozar a viagem muito mais calmamente do que o mais turístico 28, aproveitando para ver ruas que eu conhecia de maneiras completamente diferentes. Claro que na rua de São Paulo se pára de cinco em cinco metros por causa das carrinhas que descarregam mercadorias, mas é bom fazer estas pausas no meio da lufa-lufa da cidade.
por outras palavras:
eléctrico,
Lisboa antiga,
viva o transporte público
21 de setembro de 2007
POLAROID: PRAZERES
À porta do cemitério, o segurança que monta guarda à entrada sorri para as empregadas da limpeza que estão a entrar, anunciando-lhes que o almoço do dia são pataniscas de bacalhau com arroz de feijão.
por outras palavras:
Lisboa antiga,
observações descentradas,
polaroid
11 de setembro de 2007
POLAROID: CARREIRA 28
O eléctrico 28 vem da Sé em direcção à Estrela. Vem cheio, embora não a abarrotar, e numa das paragens da Baixa entra um casal muito bem vestido, ele de fato e gravata impecável, ela num saia-casaco cor-de-rosa com sapatos creme, pastas nas mãos, como quem vem de uma reunião de trabalho. Não é preciso estar muito atento para perceber que não são clientes habituais dos transportes públicos. E, de facto, até eu sair no Chiado, o senhor (mais velho que a senhora) desenrola uma série de queixas bem-dispostas, desde o preço do bilhete (€1.30, tarifa única, quando antes se pagavam sete tostões para ir do Calhariz ao Camões e dez para ir até à Estrela) ao pior serviço, sobretudo comparado ao táxi que apenas lhes custou €2.50 do Camões até ali e se calhar levava menos tempo que o eléctrico, ao que o condutor respondia que contra o trânsito da cidade ele não podia fazer nada. A senhora, essa, apenas disse que "tem tanta piada andar de eléctrico".
por outras palavras:
Lisboa antiga,
Lisboa tem muito trânsito,
polaroid,
portugal no seu melhor,
viva o transporte público
12 de maio de 2007
POLAROID: ELÉCTRICO 28
Dois miúdos vão à pendura nas traseiras do eléctrico para não terem de pagar bilhete. Quando o eléctrico pára no sinal junto à Assembleia da República, um turista espanhol do outro lado da rua, de óculos escuros, faz cara de mau e diz-lhes "desçam daí". Os miúdos fazem de conta que não ouvem. O turista insiste. "Desçam daí". "O senhor deixou-nos". "Quem é que vos deixou?" Silêncio. "Desçam daí". O turista começa a mover-se em direcção ao eléctrico para os tirar. "A gente já desce." Os dois miúdos acabam por descer e seguem a linha do eléctrico - assim que o turista está fora do alcance eles desatam a correr para apanhar o eléctrico que entretanto entrou em andamento um pouco mais à frente.
por outras palavras:
eléctrico,
Lisboa antiga,
polaroid
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