O pai não é capaz de se calar, a dizer ao filho (novinho, novinho, eu diria escola primária) que "o que pediste para almoçar está a levar muito tempo", "assim não conseguimos chegar a tempo", "assim é muito apertado ir buscar-te para almoçar e depois voltar a tempo da escola", "da próxima vez vamos ao McDonald's".
Fiquei com vontade de esbofetear o homem e de lhe dizer: pare lá com essa merda, a culpa não é do miúdo que não tem idade ainda para perceber essas coisas. É sua que não pensou nisso e quis fazer a vontade ao miúdo e agora arrependeu-se. Não o fiz. Mas não sei se não devia ter feito.
Blog-notas de ideias soltas; post-it público de observações casuais; fragmentos em roda livre, fixados em âmbar. Eu, sem filtro. jorge.mourinha@gmail.com
Pesquisa personalizada
31 de março de 2011
30 de março de 2011
29 de março de 2011
Clap clap clap # 2
Subscrevo por inteiro, com duas ressalvas: nunca foi um prazer culpado (nem culposo); e nunca usei, deus me livre!, T-shirts dos Spacemen 3.
28 de março de 2011
ajuda sinhôr
Não sou apologista das brincadeiras com a miséria alheia (embora confesse que, depois de ter lido isto e suas sequelas, percebo que o humor negro seja a única maneira de lidar com certas coisas).
Mas há qualquer coisa de simultaneamente perturbante e ridículo quando vejo o mesmo pedinte romeno que quase grita "ajuda sinhôr" enquanto estica o copo onde pede e estica o corpo em direcção às pessoas que entram no supermercado noutros sítios consoante a hora ou o dia. Num dia vejo-o à porta do Minipreço da Alexandre Herculano, noutro à porta de uma pastelaria de Campo de Ourique, noutro ainda à porta do café ao lado da Cinemateca, às vezes a encontrar-se com uma outra pedinte romena que alterna com ele à porta do Minipreço. É quase como se estivessem a cumprir expediente de acordo com uma escala de serviço.
Mas há qualquer coisa de simultaneamente perturbante e ridículo quando vejo o mesmo pedinte romeno que quase grita "ajuda sinhôr" enquanto estica o copo onde pede e estica o corpo em direcção às pessoas que entram no supermercado noutros sítios consoante a hora ou o dia. Num dia vejo-o à porta do Minipreço da Alexandre Herculano, noutro à porta de uma pastelaria de Campo de Ourique, noutro ainda à porta do café ao lado da Cinemateca, às vezes a encontrar-se com uma outra pedinte romena que alterna com ele à porta do Minipreço. É quase como se estivessem a cumprir expediente de acordo com uma escala de serviço.
27 de março de 2011
escolas gerais
O carteirista do 28 só traiu que era carteirista quando, ao sair do eléctrico, deixou-o arrancar antes de vestir o casaco e desatar a correr.
26 de março de 2011
frase do dia
"Ser português é um pouco mais do que gravar um soundbyte a apoiar a selecção nacional de futebol."
dúvida existencial
Ainda estou a tentar perceber porque é que os nutricionistas têm sempre tão mau aspecto.
21 de março de 2011
20 de março de 2011
[24]
Vejo Paulo Portas a dirigir-se ao congresso do CDS-PP e lembro-me do que Helena Sacadura Cabral disse há um par de semanas a Nicolau Breyner: "o Paulo abraçou a política como se fosse uma carreira eclesiástica".
19 de março de 2011
título da semana
História do Mundo sem as Partes Chatas
(visto a atravessar a Álvares Cabral na mão de uma rapariga)
(visto a atravessar a Álvares Cabral na mão de uma rapariga)
17 de março de 2011
o tempo que passa
O tempo, de facto, não faz bem nenhum a algumas coisas. Este álbum, nos idos de 1985/1986, foi coisa que me bateu muito forte. Hoje, confesso que percebo muito bem o "sonho americano" de Jim Kerr e amigos mas já não consigo olhar para ele da mesma maneira. O teledisco, esse, sempre foi um horror.
15 de março de 2011
é terça-feira
Nos noticiários fala-se da crise política, da greve dos camionistas, da tragédia do Japão, dos confrontos na Líbia. Mas no café, de manhã, o televisor está ligado na TVI em altos berros, onde um polícia fardado canta a "Ave Maria" de Schubert com letra em português.
À mesa do almoço, as cinco senhoras confrontam os filmes que têm visto. Falam entusiasmadas de "Algures", "Poesia", querem ir ver "Copacabana", às tantas falam dos olhos de Javier Bardem. A palavra que usam é sempre a mesma: "sensibilidade". No supermercado, os miúdos do liceu em intervalo alarvam no bolo de aniversário da festa de mudança de nome, rodeado de serpentinas e confetti.
À mesa do almoço, as cinco senhoras confrontam os filmes que têm visto. Falam entusiasmadas de "Algures", "Poesia", querem ir ver "Copacabana", às tantas falam dos olhos de Javier Bardem. A palavra que usam é sempre a mesma: "sensibilidade". No supermercado, os miúdos do liceu em intervalo alarvam no bolo de aniversário da festa de mudança de nome, rodeado de serpentinas e confetti.
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