Não sou apologista das brincadeiras com a miséria alheia (embora confesse que, depois de ter lido isto e suas sequelas, percebo que o humor negro seja a única maneira de lidar com certas coisas).
Mas há qualquer coisa de simultaneamente perturbante e ridículo quando vejo o mesmo pedinte romeno que quase grita "ajuda sinhôr" enquanto estica o copo onde pede e estica o corpo em direcção às pessoas que entram no supermercado noutros sítios consoante a hora ou o dia. Num dia vejo-o à porta do Minipreço da Alexandre Herculano, noutro à porta de uma pastelaria de Campo de Ourique, noutro ainda à porta do café ao lado da Cinemateca, às vezes a encontrar-se com uma outra pedinte romena que alterna com ele à porta do Minipreço. É quase como se estivessem a cumprir expediente de acordo com uma escala de serviço.
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