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12 de outubro de 2006

POLAROID: AEROPORTO

Toda a gente desce a rampa das chegadas à excepção de duas senhoras com um ar profundamente português, vestidas como se tivessem ido às compras às lojas do bairro, cheias de sacos de papel, casacos ou camisolas nas mãos, que a sobem tranquilamente e se plantam exactamente no meio das portas, no caminho de toda a gente que quer sair. Um dos empregados da manutenção fala com elas um pouco e dirige-as para o guichet que fica ao lado das portas, já na rampa, e as senhoras lá vão à procura não sei bem do quê; mas, durante os dez minutos que se seguem, continuam a passear, com um ar resignado, entre o guichet e as portas, sempre parando e pousando os sacos no chão exactamente no meio das portas, perfeitamente alheadas de estarem no meio do caminho dos viajantes que chegam, apesar das repetidas indicações dos funcionários.

1 comentário:

Aldina Duarte disse...

Eu acredito que quem toda a vida foi ignorado que acaba ignorando os demais, quando já não tem mais nada a perder...

Até sempre!