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19 de dezembro de 2004

TELEJORNAL

É impressão minha, ou (à falta de congressos partidários, crises políticas e outros acontecimentos semelhantes) os noticiários de fim-de-semana estão cada vez mais virados para a exploração do "caso da vida", da reportagem sobre as injustiças, as iniquidades e as infelicidades que pululam pelo nosso país? Por vezes pergunto-me como é que um estrangeiro verá estes telejornais que, ao mesmo tempo que exibem políticos seguros de si e executivos que pintam imagens de amanhãs que cantam, remexem à procura das desgraças quotidianas, dos labirintos kafkianos em que a burocracia encerra as pessoas, da luta que por vezes é apenas sobreviver. Algures entre o folhetim do desgraçadinho e a ilusão de sucesso, está um Portugal normal que os telejornais raramente mostram, porque a imensa maioria nunca gosta de se ver ao espelho; gosta de se sentir melhor que os infelizes e de resmungar com aqueles que estão melhores que ela. Faz sentido. Ou talvez não.

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