No Campo Grande, ouve-se a voz do condutor: "estação terminal, é favor abandonar o comboio". Um senhor de meia-idade que viaja ao meu lado pergunta-me se o comboio não segue para Odivelas; explico-lhe que este não, que são comboios alternados e o seguinte prosseguirá caminho.
A estação de Alvalade, que está em obras de ampliação, é uma das poucas estações que ainda não foi renovada (quase todas estão na linha verde, de Telheiras ao Cais do Sodré). Quando o metro se estendeu a Alvalade, aquele bairro era considerado "fora de mão", quase um subúrbio da cidade; a estação tinha a peculiaridade de ter não duas mas três linhas, com uma para os comboios que terminavam em Alvalade, e duas para os comboios que partiam de Alvalade — uma para Entre Campos, outra para Sete Rios, embora à saída da estação a linha dupla se transformasse numa única.
Hoje, o terceiro cais está tapado por chapas metálicas enquanto lá atrás se ouve o ruído de obras. No cais, contudo, continuam os velhos bancos de ripas de madeira castanhas-escuras, estilo jardim, os velhos azulejos azul e cinza, o chão e o tecto de cimento armado gris. Precocemente envelhecido.
Ao meu lado no comboio para a Baixa-Chiado, uma jovem escreve num caderno de argolas enquanto preenche afincadamente um livro de exercícios gramaticais de russo.
O metro está cheio de adeptos alemães e checos, No caso dos alemães, não seria preciso as camisolas brancas da selecção para percebermos que são alemães. No caso dos checos, não seria difícil perceber que não eram portugueses, mas como vêm quase todos com camisolas da selecção a identificação é facilitada. À saída do metro, no Rossio e nos Restauradores, o número de adeptos aumenta exponencialmente, sobretudo em esplanadas, com canecas de cerveja à frente, mas tudo ordeiro e civilizado.
Alguns jogadores da selecção grega passeiam sozinhos, sem serem notados, pela Avenida da Liberdade, traídos apenas pelas T-shirts que trazem vestidas.
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