Gosto de saborear ironias como a que se apresenta na actual campanha de imprensa da Vodafone para vender o seu cartão de banda larga remota (creio eu).
Reza uma das páginas inteiras: Vale a pena esperar por um dia de sol, por uma noite de amor, por uma boa causa, por uma boa ideia, por um filho. Agora, para abrir um e-mail?
E a ironia, evidentemente, é que esta frase, que resume muito bem a frustração que todos nós sentimos quando a tecnologia desacelera por razões às quais somos alheios, está a ser usada para vender mais tecnologia mas não para libertar o tempo do consumidor para coisas verdadeiramente mais importantes. Porque a maior rapidez do correio, da mensagem, da consulta, a maior facilidade de comunicação apenas à superfície nos libertam para termos mais tempo para nós - na realidade, apenas nos torna mais dependentes do sistema, mais curiosos em explorá-lo até aos limites.
Todos vivíamos muito bem sem telemóveis nem sms há uma década atrás. Hoje não podemos sequer imaginar como era a nossa vida sem eles e entramos em parafuso quando estamos longe de um. E por muito que valha a pena esperar por tudo menos por um e-mail, iremos continuar pacientemente à espera do e-mail, que, naquele momento, é a coisa mais importante pela qual vale a pena esperar.
Não estou, evidentemente, isento de culpas no cartório. E, para que fique registado, sou cliente TMN.
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