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24 de fevereiro de 2004

SINAIS DOS TEMPOS

Há quem diga que a melhor maneira de conhecer uma cidade é percorrendo-a a pé - embora eu já conheça o Porto, o adágio não deixa de ser verdadeiro, e cada novo passeio acaba por revelar novas sugestões, novas ligações. Ontem, por exemplo, passando junto ao Jornal de Notícias (que magnífico edifício de época, tão próximo daqueles centros urbanos de escritórios que o cinema americano dos anos 50 imortalizou!, recordando-me o edifício da Philips em Lisboa onde hoje está sediada a RDP), o viaduto fez-me recordar algo de Madrid à escala.

Depois, deslumbro-me com os sinais dos tempos que parecem, aqui, resistir bem mais do que em Lisboa. Na 31 de Janeiro ainda há um letreiro do Diário Popular, jornal que já não existe há décadas mas que, durante anos, era a leitura oficial lá de casa e o único jornal que o meu pai lá deixava entrar (o concurso das Sete Diferenças a que eu concorria todos os Verões sem nunca ganhar nada...). Por onde quer que passe, há fachadas, letreiros, dísticos, registos de outros tempos e de outras opções estéticas, muito longe do franchising e da uniformização. Há algum tempo saiu um livro chamado "Lisboa Gráfica", dedicado a este tipo de intervenções gráficas na arquitectura da cidade - para quando um "Porto gráfico", tanto mais significativo quanto no centro da Invicta há exemplos desses porta sim porta sim?

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