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14 de janeiro de 2004

A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA #3

Uma das coisas que se perdeu do vinil para o CD (e uma das poucas que me fazem falta) era aquela noção de "identidade gráfica" que as editoras discográficas costumavam ter - o conforto de se reconhecer o design de uma etiqueta, uma marca colocada na capa ou na contra-capa que nos dava a entender poder estar ali um bom disco, ou apenas a sensação de reencontrar um velho amigo.

Agora mesmo, fui buscar o CD de "Mainstream", de Lloyd Cole, para recuperar a letra de "Hey Rusty", e reconheci na bolacha de alumínio o velho logotipo da Polydor: o semi-círculo, misto de arco-íris, anfiteatro e disco-meio-tirado-da-capa que abria a preto sobre um rectângulo vermelho, símbolo graficamente tão feliz que ainda hoje, décadas depois de ter sido criado, ainda é usado pela actual detentora dos direitos da marca. E lembro-me das velhas etiquetas vermelhas coladas ao centro dos vinis. Esse tipo de etiquetas desapareceu completamente com o advento do CD e, com eles, uma das mais estimulantes avenidas de construção visual de uma identidade gráfica constante, coerente e perene. Não é com certeza por acaso que o logotipo da Polydor sobreviveu às sucessivas convulsões da editora que o criou; há identidades que nem as leis do mercado conseguem abafar.

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