Segundo lote da revisitação do catálogo Bor Land, iniciada no fim-de-semana e completada aproveitando a chuva miudinha que cobre Lisboa de um cinzento muito nortenho.
Os Alla Polacca, de quem aqui elogiei o EP "Not the White P?", confundem-me. A sua metade do duplo CD "We Have Made Thousands of Lonely People Happy: Why Not You?" (o segundo CD é assinado pelos Stowaways) é uma desilusão - pós-rock a mais, inspiração a menos, melhor nos momentos mais estratosféricos - , mas as suas três colaborações na compilação colectiva "Looking for Stars", também em formato mais convencional de canção, dão a entender que eles também não se safam mal. Pergunto-me se está precisamente nessa multiplicidade de formatos o segredo.
Já que estou a falar de "Looking for Stars", em que cinco nomes tiveram direito a três temas cada para mostrar o que valem: muito bem Old Jerusalem, igualmente muito bem Polaroid (muito anos 80, num cruzamento inspirado das influências do eixo Liverpool-Manchester com as elegias melódicas da primeira Sétima Legião), francamente menos bem Boiar e Abstrakt Circkle, ambos boiando num cabaret desconstruído que soa demasiado a in-joke de universitário armado em intelectual.
Francamente bem, também, os Norton no EP "Make Me Sound"; dentro da corrente do indie frágil com guitarras ambientais, têm bom gosto e alguma inspiração. Nada de novo, mas bem feito.
A segunda metade do split "We Have Made Thousands..." cabe aos Stowaways, e aqui outra grande desilusão - aquilo que me parecia inspirado na compilação "007" surge aqui demasiado marcado pela inspiração Radiohead. Em tempos li, a propósito dos Velvet Underground, que o impacto de um grupo pop na cultura se mede pelo número de bandas que inspira, mas deveria medir-se também pelo número de bandas que inspira mal. No caso dos Stowaways, há muito pouco de próprio e demasiado tirado da banda de Thom Yorke, que continua a ser um marco incontornável... para o bem e para o mal.
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