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26 de dezembro de 2003

O FANICO MAIS IMPROVÁVEL DA HISTÓRIA DO CINEMA

...acontece a certa altura de "O Fascínio", de José Fonseca e Costa (estreia hoje). Creio que é Sylvie Rocha quem o dá. Num flashback no qual a esposa de um latifundiário fascistóide é obrigada a vê-lo degolar o seu amante republicano. Ela, num resplandecente vestido verde-esmeralda, atira a cabeça para trás, num gesto teatral eleva as costas da mão à testa, entreabre a boca, fecha os olhos, fica ali parada um instante, em periclitância (a palavra existirá?), e deixa-se cair como um saco de batatas. Fanicos destes só deveriam ser permitidos em récitas de sociedades amadoras. E é pena, porque o fanico, mais o inenarrável sotaque espanhol dos actores portugueses (ai, aquela bichona arquetípica... ai, aquela madame de bordel rechonchuda...), maculam indelevelmente um filme escorreito e bem feito.

Nota muito mais para a soberba música de António Pinho Vargas. Por onde andas, que há demasiado tempo não ouvimos a tua melancolia?

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