Há poucas coisas mais estranhas do que sermos interpelados na rua por alguém que não vemos há 25 anos, sobretudo quando a pessoa interpelada (no caso, eu) tem uma memória fotográfica inexistente, daquela do género "eu-sei-quem-este-tipo-é-mas-não-estou-nada-a-ver", que nos deixa sempre completamente à toa qualquer que seja a opção que tomamos.
No caso, eu sabia perfeitamente quem era a pessoa, mas não tinha nada a imagem na cara — bastou vir o nome para eu me lembrar, Escola Secundária dos Anjos no tempo antes de ela ser um centro de apoio ao emigrante, aí 1983? 8º? 9º? 10º? Já não me lembro, mas lembro-me que foi na altura em que comecei a ouvir música mesmo a sério, e o Miguel lembrou-me que tinha lá em casa uma das primeiras críticas de discos que escrevi, sobre os Classix Nouveaux (of all people, mas eu na altura era um neo-romântico gorduchito que não tinha coragem de me vestir à neo-romântico, os Duran Duran eram o nec plus ultra). Lembro-me, sobretudo, que o Miguel foi a primeira pessoa a apresentar-me aos U2, emprestou-me o War e eu escrevi-lhe um texto em que dizia que o disco seria tão melhor se o Larry Mullen fosse um bom baterista (admito que a aparelhagem não estivesse bem equalizada).
Para algumas pessoas, sou gajo para não ter aprendido muito desde então. Eu, pessoalmente, discordo (o War não é o meu U2 favorito, mas é um discão do caraças). Mas os Classix Nouveaux continuam a ser um prazer culpado.
Blog-notas de ideias soltas; post-it público de observações casuais; fragmentos em roda livre, fixados em âmbar. Eu, sem filtro. jorge.mourinha@gmail.com
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24 de outubro de 2009
PDC (projecto de digitalização em curso)
Isto continua a ser muito bom. Isto também (embora se alguém me explicasse porque é que os telediscos eram um bocado para a treta eu agradecia). Isto é absolutamente fabuloso e eu já me tinha esquecido como o álbum era notável (outro exemplo aqui, embora a qualidade do som seja merdosa).
5 de outubro de 2009
POSTAL DE LONDRES
War Horse no New London Theatre - mil espectadores num auditório acanhado construído em 1973 nos andares superiores de um prédio em pleno Soho, acessível através de uma interminável sucessão de lances de escadas, uma peça que o Alex definiu como "magia pura", com o trabalho da Handspring Puppet Company sul-africana nesta adaptação do romance de Michael Morpurgo absolutamente sublime na capacidade de recriar a alma do cavalo com três marionetistas visíveis a darem corpo e vida a um esqueleto articulado.
Uma visita à Waterstone's de Piccadilly (203-206 Piccadilly, metro Piccadilly Circus), seis andares de livros no antigo edifício da loja de cavalheiros Simpsons - uma extraordinária arquitectura Art Deco a que a cadeia de livrarias emprestou uma funcionalidade pragmática e um stock absolutamente interminável. Um par de números mais abaixo, descubro a extraordinária Hatchard's (187 Piccadilly, metro Piccadilly Circus), quatro pisos que se confirmam de maneira notável à imagem que temos de uma livraria inglesa: cheia de cantos, confortável, discreta, elegante, educada, vazia nesta hora de almoço de domingo.
Uma sanduíche, um café e um hedonista quadrado de caramelo no Caffe Nero do Piccadilly Market, no jardim da igreja de S. Jaime (197 Piccadilly, metro Piccadilly Circus) com a caravana verde do acompanhamento psicológico a dar para o túmulo do visconde de Southwood.
A desilusão de ver a HMV de Oxford Street (150 Oxford Street, metro Oxford Circus) reduzida a uma sombra do que era, com o stock de discos e livros muito reduzido para dar lugar a DVDs e jogos de computador, mesmo que a secção de clássica do e nichos do piso inferior continue muito boa. Mas o catálogo profundo tem falhas indesculpáveis e os livros já não são o que foram. Trago os novos dos Prefab Sprout e David Sylvian (mais baratos do que se os comprasse cá), a reedição de Reckoning dos R. E. M., os remasters de Unhalfbricking e Liege and Lief dos Fairport Convention (que nem sequer encontro cá, e que encontro mais baratos do que se os comprasse cá). Mas nem na HMV nem na Hatchard's nem na Waterstone's encontro o livro dos 50 anos da Island, e o Stay Positive dos Hold Steady é mentira.
A descoberta dos maravilhosos e suculentos hamburgers da cadeia Byron (slogan: "proper hamburgers". Absolutamente) e das pastelarias francesas Paul (ai aquele macaron praline), ainda por cima lado a lado na Gloucester Road para dose dupla de hedonismo (Byron: 75 Gloucester Road, com lojas na Kensington High Street, no centro comercial Westfield em White City e na King's Road; Paul: 73 Gloucester Road, com mais 21 lojas em Londres).
A maravilhosa cama do Crowne Plaza London Kensington, uma das melhores em que já dormi; o próprio hotel, recentemente renovado, é simpático, moderno, confortável — só precisa de pessoal mais bem treinado...
Uma visita à Waterstone's de Piccadilly (203-206 Piccadilly, metro Piccadilly Circus), seis andares de livros no antigo edifício da loja de cavalheiros Simpsons - uma extraordinária arquitectura Art Deco a que a cadeia de livrarias emprestou uma funcionalidade pragmática e um stock absolutamente interminável. Um par de números mais abaixo, descubro a extraordinária Hatchard's (187 Piccadilly, metro Piccadilly Circus), quatro pisos que se confirmam de maneira notável à imagem que temos de uma livraria inglesa: cheia de cantos, confortável, discreta, elegante, educada, vazia nesta hora de almoço de domingo.
Uma sanduíche, um café e um hedonista quadrado de caramelo no Caffe Nero do Piccadilly Market, no jardim da igreja de S. Jaime (197 Piccadilly, metro Piccadilly Circus) com a caravana verde do acompanhamento psicológico a dar para o túmulo do visconde de Southwood.
A desilusão de ver a HMV de Oxford Street (150 Oxford Street, metro Oxford Circus) reduzida a uma sombra do que era, com o stock de discos e livros muito reduzido para dar lugar a DVDs e jogos de computador, mesmo que a secção de clássica do e nichos do piso inferior continue muito boa. Mas o catálogo profundo tem falhas indesculpáveis e os livros já não são o que foram. Trago os novos dos Prefab Sprout e David Sylvian (mais baratos do que se os comprasse cá), a reedição de Reckoning dos R. E. M., os remasters de Unhalfbricking e Liege and Lief dos Fairport Convention (que nem sequer encontro cá, e que encontro mais baratos do que se os comprasse cá). Mas nem na HMV nem na Hatchard's nem na Waterstone's encontro o livro dos 50 anos da Island, e o Stay Positive dos Hold Steady é mentira.
A descoberta dos maravilhosos e suculentos hamburgers da cadeia Byron (slogan: "proper hamburgers". Absolutamente) e das pastelarias francesas Paul (ai aquele macaron praline), ainda por cima lado a lado na Gloucester Road para dose dupla de hedonismo (Byron: 75 Gloucester Road, com lojas na Kensington High Street, no centro comercial Westfield em White City e na King's Road; Paul: 73 Gloucester Road, com mais 21 lojas em Londres).
A maravilhosa cama do Crowne Plaza London Kensington, uma das melhores em que já dormi; o próprio hotel, recentemente renovado, é simpático, moderno, confortável — só precisa de pessoal mais bem treinado...
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