Ao embarque, reparo que um passageiro português pergunta a um comissário de bordo, em português: "desculpe, o vôo vai cheio?" O comissário não lhe liga, quer por estar distraído quer por não perceber que é com ele que estão a falar quer por não falar português. E o senhor, parado na coxia, insiste, até uma hospedeira que também não fala português pedir para continuar a andar para não empatar.
O vôo leva um pouco mais de tempo que se esperaria, segundo o comandante para evitarmos o mau tempo. Parece que estava a nevar em Nova Iorque quando saímos (à hora) de Lisboa, mas em Lisboa estava a chover a potes. Como de costume, o lusófono de serviço na tripulação fala português com um forte sotaque brasileiro, mas percebe-se que é espanhol (ou pelo menos hispânico). Em contrapartida, o assistente de bordo que serve o almoço é americano de New Jersey, com sotaque Soprano e tudo, mas fala bem português (luso-americano de segunda geração?). Enquanto serve o almoço (lasanha ou galinha Vesúvio), ouço-o a brincar com a colega que o ajuda sobre as idiossincrasias do emprego: o modo como um passageiro responde à pergunta "e o que vai beber?" com a pergunta "o que é que tem?"; o modo como outro passageiro pede uma "sevenep" (presumo que, pelo modo como o pronunciou, seja português). O facto de adorar o seu trabalho e de o adorar ainda mais quando chega a casa.
1 comentário:
Galinha Vesúvio é um nome fantástico.
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