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7 de junho de 2007

E A CULTURA, ESTUPIDO

Muitos dos museus de São Francisco têm entrada livre na primeira terça-feira de cada mês: todas as exposições disponíveis podem ser visitadas sem precisar de pagar bilhete. Os museus de São Francisco já de si costumam ter muitos visitantes, mas nestes dias as enchentes são monumentais, quer por parte dos locais quer por parte dos turistas (em excursões-Rodarte ou não, com muitos asiáticos e latinos). Aproveitando a ocasião, visitamos o Museu de Arte Asiática (em pleno centro da cidade no Civic Center, esquina da Larkin com a McAllister, em frente à Câmara Municipal e à Biblioteca Pública, a dois passos da Market), com duas exposições de arte popular japonesa: as espantosas ilustrações de Taiso Yoshitoshi de finais do século XIX, que abrangem o período de abertura do Japão à cultura ocidental, e uma retrospectiva de Tezuka Osamu, um dos reis do manga japonês, que prova a quem quiser que não, a BD japonesa não é só Heidis e Marcos e Dragonballs e pode ser algo de muito mais perturbante, escuro e desafiador. (As filas para entrar na exposição de Tezuka eram granditas; a exposição, organizada por um museu australiano, pode ser vista até 9 de Setembro em exclusivo no museu, enquanto a de Yoshitoshi está até 2 de Setembro).

Paramos para almoçar e seguimos para o extraordinário Museu da Legião de Honra, um extraordinário palácio neo-clássico que é uma réplica do palácio parisiense da Légion d'Honneur numa das pontas da cidade em Lincoln Park, com uma vista sumptuosa sobre a Golden Gate. Em exposição uma série de peças de joalharia francesa do século XX, da Art Nouveau aos nossos dias, cedidas maioritariamente por coleccionadores privados (entre os quais Elizabeth Taylor) e onde pontificam deslumbrantes criações de René Lalique. As excursões-Rodarte eram aqui de matronas americanas de classe média ou média-baixa deslumbradas ou de turistas asiáticas que se fartavam de tomar notas sobre cada peça em linguagens ideográficas. Diziam-me ao ouvido que o intuito de tanta nota era criar réplicas baratas para os mercados orientais, mas quero acreditar que não passava de má língua.

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