Mesmo à porta de minha casa, tenho um daqueles supermercados pequenos de bairro que serve perfeitamente a população da zona embora não evite a visita a uma "grande superfície" de vez em quando à procura daquelas coisas que não se encontram (tão boas) por aqui. Foi por isso que estranhei quando comecei a ver uma mendiga sentada alguns metros à frente da saída do supermercado fazer dele o seu "poiso" diário, pernas cruzadas escondidas pela saia de tecido colorido, sentada em cima de um cartão dobrado, quase inteiramente coberta, deixando só as mãos e o rosto à vista, segurando à frente um cartão escrito à mão em português macarrónico com uma imagem religiosa colada, dizendo não ter marido nem trabalho e crianças para alimentar e pedindo ajuda pelo amor de Deus. A mendiga não fala nem se dirige às pessoas: está ali apenas, com um copo de plástico de cerveja vazio à frente. Por vezes, está acompanhada de uma menina dos seus oito anos, mas a maior parte das vezes está sozinha. Tem ar de ser uma daquelas ciganas de Leste que são "pedintes profissionais" e que hoje vemos cada vez mais, mas posso estar enganado.
A verdade é que não passa muita gente pelo local que a mendiga escolheu para pedir esmola, sobretudo quando, subindo alguns metros, tem uma avenida que está sempre cheia de transeuntes. O seu copo de plástico está quase sempre vazio, ou tem poucas moedas de denominação pequena.
1 comentário:
pedindo-ajuda-pelo-amor-de-deus é lindo!
Olha que não sei, se morasse aí e estivesse num dia bom, se não lhe dava umas achegas de estratégia de marketing e de product placement.
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