Os gatos estão a apanhar o sol possível em cima do telhado da arrecadação que se vê da janela do meu quarto. Uma gata passa, a miar, espreguiçando-se como se não estivesse ali mais ninguém, mas não pára; atravessa o telhado devagarinho até desaparecer no prédio ao lado. Os gatos não param de olhar para ela, mesmo depois de ela deixar de se ver; seguem-na com o olhar como Vinicius deve ter seguido a garota na esplanada de Ipanema.
Claro que é sempre possível que a gata fosse um gato. Ou que os gatos fossem gatas. Ou que fossem todos gatos. Ou todos gatas.
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