Blog-notas de ideias soltas; post-it público de observações casuais; fragmentos em roda livre, fixados em âmbar. Eu, sem filtro. jorge.mourinha@gmail.com
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29 de janeiro de 2006
UNITED ARTISTS STONESTOWN
A experiência americana de ir ao cinema, descubro, não é afinal tão diferente da portuguesa pré-multiplex. O United Artists Stonestown Twin é um cinema dos anos 60 ou 70 que fica no bairro de (adivinharam) Stonestown, junto a um grande centro comercial ancorado por uma loja Macy's e outra Nordstrom (armazéns tipo Cortefiel ou Corte Inglés), mas é-lhe claramente anterior. São duas salas gémeas de 450 lugares num edifício separado com estacionamento próprio, bilhetes por computador e um ar de sala-estúdio que pertence a outra era do cinema - a projecção e o som são bons, mas nada do outro mundo; o átrio alcatifado rodeado por portas de vidro acede às duas salas e às casas de banho; a bilheteira fica do lado de fora, não há arrumadores na sala nem porteiro (entra-se depois de comprar os bilhetes). Claro que não poderiam faltar as proverbiais pipocas e doces e refrigerantes (juro que a cola mais pequena é meio litro de gasosa), o que é curioso para um cinema que exibe nas duas salas, em sessões desfasadas, "O Segredo de Brokeback Mountain" e passa os trailers do filme palestiniano "Paradise Now", "Memórias de uma Gueixa", "Os Produtores" e do mais recente James Ivory, "The White Countess" - e não tem cadeiras modernas com recipientes para bebidas mas sim cadeiras de cinema forradas a tecido esverdeado, como antigamente. Lá dentro, contudo, a sala é uma barbaridade: pensem no velho Londres (quando era só uma sala)... não, risquem isso: pensem no actual Londres, tripliquem-lhe o comprimento, dobrem-lhe (pelo menos) o pé direito e imaginem um King mais bafiento. Ou, para quem mora no Porto, imaginem um Nun'Álvares ao cubo. Ou seja: desenganem-se se achavam que só há multiplexes nos States. Eles também têm cinemas com personalidade.
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