O outro lado do serviço de transportes públicos de São Francisco, para lá dos eléctricos históricos que fazem o serviço entre a esquina da Market com a Castro e Fishermen's Wharf, é o metro subterrâneo (ou, enfim, semi-subterrâneo; pelo menos a linha J faz parte do percurso à superfície junto a Dolores Park) que passou agora a fechar às dez da noite devido a obras de beneficiação. O David diz-me que parte do célebre primeiro filme de George Lucas, "THX-1138", foi filmado na linha MUNI subterrânea antes de ela abrir ao público e talvez isso explique (embora eu não veja o filme há anos) porque carga d'água toda a arquitectura e ambiente do metro me parece tão anos 70, tão estilizado e frio e desconfortável. O metro tem linhas designadas por letras e as composições em circulação são anunciadas por uma voz feminina incorpórea que, através do sistema de som das estações, informa o tempo que ainda temos de esperar pelos próximos comboios, quais as linhas que servem, quantas carruagens trazem. Quase sempre, apanho comboios de uma única carruagem que vêm cheios a abarrotar, em estações iluminadas a luz fluorescente brutalmente fria, com os cais a servirem ambas as direcções colocados entre as duas linhas e as escadas de acesso no centro dos cais.
Pormenor curioso: não há, nem no metro, nem nos eléctricos históricos, nem nos autocarros, bilheteiras com empregados. Os passageiros ou têm passe ou pagam no momento o bilhete, inserindo o dinheiro na máquina automática, após o que, nos autocarros/eléctricos, o condutor/revisor lhes passa para a mão o "transfer", ou seja, o bilhete que dará acesso a viajar na rede de transportes públicos durante cerca de 90 minutos sem ter de pagar novo bilhete.
Pormenor ainda mais curioso: todas as máquinas de bilhetes em qualquer ponto do sistema apenas aceitam "exact change", o valor exacto e preciso da tarifa, e não dão troco de espécie nenhuma. Algumas estações de metro têm máquinas de trocos, mas apenas dão troco de notas de 10 ou 20 dólares. Sem trocos - notas de dólar ou moedas de 25 cêntimos, os célebres "quarters" - não se vai longe no MUNI. É, por isso, habitual ouvir as pessoas, quando pagam uma compra numa loja ou uma refeição num restaurante ou num café, a perguntar se não é possível fornecer parte do troco em "quarters" - "MUNI money".
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