Aldina Duarte assume a pose icónica da fadista tradicional, mas subverte-a com a entrega quase desesperada de quem faz isto não por trabalho ou por pose mas por fé, por destino. Porque tem de ser. É aquilo que o universo lhe pede — e ela não sabe dizer-lhe que não. Ela não pode dizer-lhe que não.
Aldina Duarte é um bloco de granito duro por limar que está, apenas. Não cede nem faz concessões. Existe, apenas. A nós cabe-nos aceitá-lo, compreendê-lo, amá-lo, admirá-lo. Aldina Duarte é o fado hardcore, puro e duro. Ela dá(-se) a 200, 300%. Quem não estiver preparado para lhe responder com menos do que isso não a merece. Ontem à noite, a Culturgest cheia soube merecê-la. Falta só Portugal render-se-lhe como se tem rendido a outras (que se dizem) fadistas mas que não chegam nem perto da intensidade e da beleza transcendente do recital com que Aldina Duarte nos presenteou.
Isto, sim, é fado. O resto é conversa da treta.
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