Sesimbra: Pedra do Cavalo, domingo 5 de Junho, 15h30; 9.5m, 31 min, 17º C
Sesimbra: Pedra do Cavalo, domingo 5 de Junho, 16h45; 7.6m, 26 min, 18º C
Cinco semanas depois do "passeio à rua da asneira", com um joelho inflamado pelo meio, uma ausência prolongada de exercício físico e uma sobrecarga de trabalho em antecipação às bem merecidas férias, o domingo radioso e cheio de sol traz a compensação perfeita, apesar do início algo atribulado, com os protestos dos pescadores de Sesimbra a cancelarem uma primeira tentativa no sábado e a marcha lenta de domingo de manhã a atrasar as actividades para a tarde.
Não é exactamente um mergulho tradicional. Vim apenas acompanhar um amigo americano de passagem por Lisboa que quis concluir cá o curso básico de mergulho, faltando-lhe apenas as duas últimas aulas de mar. Intermediando com a escola de mergulho, fui servir de tradutor em caso de necessidade (que não houve), assistente para quaisquer eventualidade e reserva moral se o rapaz se desse mal. Não deu. Bem pelo contrário: o ar do David depois de completar o último mergulho era de uma indescritível felicidade — que só quem já esteve debaixo de água consegue perceber.
O dia, esse, estava de luxo — céu azul, sol quente, nenhum vento, água límpida e calma (apesar do sedimento que prejudica a visibilidade). Tempo perfeito para mergulhar (a ironia de os pescadores terem escolhido este fim-de-semana de verdadeiro Verão para protestar não deve com certeza ter escapado a muitos). Enquanto o José e o David fazem os exercícios de rotina, eu entretenho-me a observá-los — a segurança e a confiança do instrutor, o à-vontade tentativo do aluno — ou a olhar para o que me rodeia: os pequenos peixinhos bebés, quase transparentes sobre a areia, os cardumes e peixes que flutuam por ali. A câmara descartável que trouxe para tirar uns instantâneos escorregou para fora do colete e é ver se a encontras — nem uma busca rapidinha pela área dá por ela e, no intervalo entre os dois mergulhos, percorremos a superfície com o barco sem a encontrar. A água está menos fria do que é costume, está-se bem nestas profundidades baixinhas; no fim do mergulho, uma volta pela zona da Pedra do Cavalo, mesmo à saída do porto, possibilita ver um polvo que lentamente sai de baixo da sua pedra e assume a forma tradicional, antes de se camuflar por entre rochedos maiores.
Apesar da baixa profundidade e do limite de tempo imposto pela inexperiência do aluno e pelos tópicos a cobrir na aula, este poderia bem ser o mergulho perfeito — ou o mergulho ideal. Se tal coisa existisse.
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