Arzachena, no Noroeste da Sardenha, é uma cidadezinha atravessada pela Viale Costa Smeralda, uma estrada de província que curva e contra-curva continuamente, recordando-me da algarvia Serra do Caldeirão, que a corta praticamente ao meio e a partir da qual algumas ruas se ramificam. Arzachena percorre-se a pé em 25 minutos de uma ponta à outra. Segundo me dizem, é uma das câmaras municipais mais ricas da Sardenha, já que algumas zonas costeiras dotadas de vilas e hotéis de luxo frequentadas por gente de bastantes posses (como a belíssima marina de Porto Cervo) reportam os seus impostos à câmara de Arzachena. À tarde, tem o mesmo aspecto imóvel de uma vilazinha alentejana ou algarvia numa tarde de Verão; arquitectura mediterrânica em pedra de cores claras com telha cor de tijolo. Arzachena é uma cidadezinha de província. Os custos da insularidade não são um exclusivo seu — afectam toda a Sardenha — mas a realidade é que aqui pouco há para fazer.
As montanhas à distância, que separam o interior da costa, funcionam, ao mesmo tempo, como barreira que esconde o que está do outro lado e protecção para o que está deste. Há, aqui, um silêncio que não existe na cidade; aquela sensação de, subitamente, termos saído do mundo, parado o tempo. Do confortável sofá nesta casa emprestada, coberto por tapetes rústicos e almofadas ornamentadas com fio dourado de inspiração muçulmana, desta varanda mediterrânica com balaustradas de ferro forjado e colunatas romanas em pedra maciça, tudo parece muito distante.
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