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19 de maio de 2005

POLAROID: CONSULTÓRIOS

Enquanto aguardo a minha vez de ser atendido pela recepcionista, duas solteironas com ar de beatas (camisas cinzentas de gola fechada ao pescoço, colar de pérolas, óculos tintados, saias recatadas e sapatos rasos) confundem-se com o número da senha que é chamada.

Uma idosa de bengala senta-se com dificuldade na cadeira ao lado da minha, depois de pousar um saco de compras em cima da mesinha de apoio, ao lado do capacete do rapaz que está a ser atendido. A senhora transporta um odor bafiento, claustrofóbico, usa roupa demasiado quente para o calor que está; tem o cabelo ralo apanhado numa trança e, como muitas das idosas portuguesas, insiste em usar brincos à minhota. Vira-se para mim e pergunta-me qual o número que está escrito na sua senha; pede-me três vezes para o repetir.

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