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20 de maio de 2005

POLAROID: ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM

São nove da manhã. Algumas pessoas amontoam-se no pequeno corredor do centro de saúde, esperando que a porta da sala de enfermagem se abra. Uma jovem dos seus 20 e poucos anos, com uma filha pequena pela mão, resmunga que lá dentro as pessoas «dão à língua» e não dão vazão. Resmungo com ela: então porque é que não protesta com a senhora em vez de cá fora? Depois da senhora que estava lá dentro sair, quando a enfermeira pede, com uma voz exasperada, para as pessoas esperarem na sala, levanta-se um coro de protestos. Espero 45 minutos pela minha vez e, quando a pessoa antes sai, um senhor que esteve em pé cinco minutos à espera pergunta se não pode entrar porque tem a tensão muito alta e da farmácia próximo o reenviaram para aqui; a enfermeira insiste que tem de tirar senha e esperar na sala, «mas afinal estou com a tensão muito alta, quero saber se fico aqui se vou para o hospital» -- respondo-lhe que talvez fosse mais rápido ir ao hospital. Enquanto isso, na sala de espera, reina um ambiente de porteirinha, com as «vizinhas» a resmungarem umas com as outras sobre os atrasos, as burocracias. A burocracia já de si é insuportável; ouvir esta gente que se compraz em protestar por as coisas correrem mal mas não é capaz de ajudar a que elas corram bem e ainda puxa mais para baixo torna tudo insustentável.

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