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16 de abril de 2005

POLAROID: VIZINHA À JANELA

No rés-do-chão do prédio ao lado, mora — presumo que com a família — uma daquelas velhotas "à antiga portuguesa", que passa o dia à janela, a ver quem passa (mas mais quem não passa, que a rua não é assim tão concorrida). Mas, de longe em longe, a senhora lá me dirige a palavra. "Olhe, o senhor desculpe, faz favor diz-me as horas?" E eu penso que, provavelmente, a senhora quer saber há quanto tempo está à janela; quanto tempo mais vai ali ficar; se está ali a fazer horas até ao almoço, até ao jantar, até ao lanche. Só à noite é que ela não está à janela.

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