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18 de agosto de 2004

OS TEMPOS QUE CORREM

Um dia acordamos e olhamos para as coisas que nos rodeiam de outra maneira, e quase não reconhecemos o que ali está. No outro dia, quando fui jantar a casa dos meus pais, olhei para o bairro onde cresci e dei por mim a estranhar muitas das lojas com as quais cresci já lá não estarem. Como a loja dos 300 que, depois de várias encarnações diferentes, veio substituir a velha Grande Feira do Disco, na rua Forno do Tijolo, que era dirigida pelo letrista de Marco Paulo e que acabou, ingloriamente, por encerrar as portas no final dos anos 80 (ou princípio dos 90?). Muito disco em promoção lá comprei eu entre 1984 e 1988, ainda do vinil que agora puxei finalmente para o escritório enquanto não arranjo um gira-discos que funcione.

Mas a Grande Feira do Disco já lá não está há quase dez anos e só agora é que a notícia me bateu. Como, ontem, a passar pela 5 de Outubro, ver que o Nimas já não tem aquele "alpendre" (que, no fundo, era uma caixa de luz) que me habituei a ver, substituido por uma placa modernaça mas sem o mínimo cachet.

Não estou a ser velho do Restelo — duvido que a Grande Feira do Disco ainda tivesse viabilidade nos nossos dias, tal como estava. Mas, por vezes, há coisas em que não vale a pena mexer; como, por exemplo, as sistemáticas mudanças de logotipo que algumas marcas de discos foram fazendo ao longo dos anos para finalmente admitirem que o logotipo original, muitas vezes dos anos 50, é que era o bom (não é caso único, mas assim de repente lembro-me da RCA. E da Epic. E da Mercury). Porque se percebe quando o design se faz a pensar numa vida inteira e não no que está a dar agora.

(com desculpas ao Miguel Vale de Almeida por lhe ter "usurpado" o nome do blog para este post)

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