(dia da visita bimestral ao barbeiro para traumatizar a mãe)
Há sempre mais alguém no barbeiro quando entro para cortar o cabelo, mas hoje o sr. Pais, a filha e o jovem empregado estão sentados no banco corrido onde os clientes costumam esperar, a ler o jornal, a olhar para ontem. Quando eu entro, pelas dez e meia, sou o único cliente. É a filha que se levanta para me cortar o cabelo. Não há muito tempo (um ano? talvez mais?) o empregado estava na tropa e ouvia-o contar histórias de caserna ao sr. Pais enquanto cortavam o cabelo aos clientes; hoje uma barriga bem à portuguesa (de cerveja ou de fast food?) começa a ver-se por baixo do pólo azul-bebé. Sai para ir tomar café, volta pouco antes de eu sair.
A filha do sr. Pais pergunta-me o proverbial "como vai ser" e puxa da máquina para cortar o cabelo. Geralmente nunca leva mais de 15 minutos a fazê-lo; hoje leva 10 minutos se tanto (será que entrei com o cabelo mais curto do que habitualmente? será que ela levou menos tempo para poder voltar ao não-fazer-nada?). Nenhum cliente entra enquanto lá estou. Nem o rádio está aceso (costuma estar no Rádio Clube Português). Sente-se o Verão bairrista lisboeta, com os regulares ausentes de férias, o ritmo geral das coisas significativamente mais lento do que é habitual.
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