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15 de julho de 2004

POLAROID: REMEMBER MUSIC FOREVER

A jovem está sentada à minha frente na carruagem de metro em direcção ao Marquês de Pombal. Loura, cabelos compridos, com o rosto luzidio e circular que caracteriza um tipo eslavo ou então suburbano de origem rural. Tem um saco de papel suspenso da mão, entre as pernas. Calça sandálias e veste uma T-shirt branca com a frase "Remember Music Forever" escrita à mão; por cima de algumas letras estão cosidos quadrados de pano que têm retratos de artistas do momento, a preto e branco e cinzento, com um tratamento tipo lápis de cera claramente feito em computador; reconheço Eminem e Britney Spears (ou será Celine Dion? O efeito não permite distinguir).

Passa um vendedor da Cais, vestido com a tradicional T-shirt e boné amarelo. Não fala, mostra a revista aos passageiros a ver se eles querem. Faço sinal que não, a senhora que viaja ao lado da jovem também, mas a jovem acena com a cabeça, pega na revista que ele estende, pergunta quanto é (o vendedor diz-lhe o preço com os dedos da mão) e folheia-a com alguma atenção. No fim devolve-a ao vendedor, dizendo "não, obrigado". O vendedor estende-lha de novo e a jovem, levantando-se enquanto o comboio abranda e entra na próxima estação, diz-lhe: "não, obrigado. Não traz nada de jeito."

Na mesma estação em que a jovem sai, entra uma senhora que folheia uma revista feminina, de pequeno formato e cores garridas, devorando avidamente um artigo do qual apenas leio os títulos: "Marlon Brando - Sex-Symbol Morreu na Miséria".

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