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31 de julho de 2004

MOLESKINE DO CARVOEIRO: HIGHLIGHTS #1

Há já alguns anos que não vinha fazer estes dias inquietos e preguiçosos a "torrar" ao sol do Verão encadeante da província mais a sul. Já me esquecera do cansaço de guiar em auto-estrada, mesmo que os 270km desde Lisboa se façam agora num tiro (a minha última visita ao Algarve data, ainda, de antes do completar da A2).

No percurso, vejo as tricas habituais dos condutores portugueses: três carros entram nas proverbiais picardias de ultrapassagem, forçando-se mutuamente a velocidades insanes acima dos 140 à hora (e não estamos a falar de BMWs ou Mercedes topo de gama, a não ser talvez na imaginação de quem os conduz). Mais à frente, dois carros parados na berma e um agente da BT a multar o condutor, apanhado em plena infracção por um dos carros sem marcas da brigada; mais à frente ainda, um carro caído na vala separadora central, o carro da BT num sentido, o reboque no outro, os agentes a atravessarem a auto-estrada como quem atravessa a rua.

O calor cola-se ao corpo, parece tolher os movimentos e a capacidade de pensar. Apenas apetece ficar prostrado na cama, no sofá, na areia da praia (por entre mergulhos refrescantes na água), com um livro ou uma revista nas mãos. Não há muito mais a fazer, nesta pequenina praia de pescadores, uma língua de areia encaixada entre duas falésias à frente de um pequeno largo cheio de restaurantes e bares pró turista onde desembocam duas ruas paralelas de sentidos de trânsito opostos. Em ambas a paisagem é monótona: cafés, restaurantes, artesanato, imobiliárias, papelarias, cafés, restaurantes, imobiliárias, supermercados, sempre em casas de pedra caiadas de branco, algumas com telha algarvia cor de tijolo. Tudo igual a todas as vilas e aldeias turísticas do Algarve — de que viverá esta gente na estação baixa, quando não há magotes de turistas ingleses ou alemães vermelho-lagosta das queimaduras solares, emborcando caneca de cerveja atrás de caneca de cerveja, gastando sem problemas as libras ou os euros que recebem semanalmente em economias com níveis de vida mais desafogados que os nossos? Será que estes sítios "fecham" durante o Inverno?

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