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2 de julho de 2004

MARLON BRANDO 1924-2004

A minha memória de cinéfilo guarda três papéis de Marlon Brando. Dois, curiosamente, vistos em reprise na mesma sala, o Quinteto, ou, melhor dizendo, o Cinebolso (ali, ao pé da Estefânia), durante os dois-três anos (1983-1985, salvo erro) em que Pedro Bandeira Freire procurou resgatar a sala ao purgatório do porno como uma extensão do Quarteto: "O Padrinho" e "Apocalypse Now", de Francis Ford Coppola, vistos em cópias gastas que regressavam a Lisboa para fazerem a semana durante a hoje desaparecida temporada de reposições de Verão. Em ambos, a sensação de uma cobra enroscada que pacientemente aguarda o seu momento para atacar a sua presa, sublinhada pelos chiaroscuros da fotografia de Gordon Willis em "O Padrinho" e pelos contrastes vermelhos e negros, suados e infernais, de Vittorio Storaro em "Apocalypse Now".

O terceiro é o seu breve cameo como Jor-El, o pai do Super-Homem, na simpática mas hoje datada adaptação cinematográfica que Richard Donner dirigiu em 1978, e que vi no écran descomunal de 70mm do Império, na noite da sua estreia em Portugal, que coincidiu com o dia do meu 11º aniversário.

Lembro-me também do trailer, em efusivo Technicolor tropical, da "Revolta na Bounty" de Lewis Milestone, que vi várias vezes no écran do velho Monumental, em antecipação do filme principal, também durante as temporadas de Verão em que as caríssimas cópias de 70mm ainda podiam ser rentabilizadas em salas que as podiam exibir.

Os papéis que efectivamente o celebrizaram, que explicaram porque é que ele foi o actor mais influente do cinema americano nos anos 50, ficaram para mais tarde; para as tardes e as noites em que as televisões ainda passavam cinema clássico e ainda nos possibilitavam conhecer a história do cinema sem termos de sair de casa.

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