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18 de junho de 2004

MÃE, O QUE É UM ALVALÁXIA?

Hoje estive no Alvaláxia, o tal conceito pioneiro de lazer que está ali anexo ao Estádio Alvalade XXI. Fui lá a uma projecção de imprensa organizada nos cinemas do local, que me parecem muito simpáticos, muito confortáveis, muito civilizados e muito vazios — a julgar não tanto pela minha experiência (não costuma haver sessões públicas às onze da manhã) mas pelo que sei de amigos que frequentam e que nunca viram o mega-complexo de Paulo Branco a abarrotar com as massas como o Colombo em domingo chuvoso à tarde.

À saída da sessão, à hora de almoço, perdi algum tempo a vaguear pelo Alvaláxia e consegui não perceber exactamente o que é que aquilo é suposto ser. Tem lojas, mas não é um centro comercial; aliás, não se percebe bem se aquilo são lojas ou banquinhas de uma qualquer feira pós-moderna do século XXI, onde o comércio é todo virtual e já não há paredes físicas entre esta e aquela loja. Tem algumas comidas rápidas (as mesmas dos outros sítios todos), mas tudo com aspecto meio-cheio (ou meio-vazio), sem filas de espera nem multidões reunidas.

O Alvaláxia tem, já, um aspecto de experiência pioneira que correu mal; de visionarismo do género "isto é o futuro do lazer!" que chegou umas largas dezenas de anos antes do que devia. Tudo ali me remete para aqueles conceitos utópicos de arquitectura futurista dos anos 60, até nas formas desiguais, nos ocos forrados a napa: uma zona de lazer inventada, programada, esperando uma comunidade que ainda não existe nem parece, para já, vir a criar-se. Lembrou-me o "Fahrenheit 451" de Truffaut. Não sei bem porquê.

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