Blog-notas de ideias soltas; post-it público de observações casuais; fragmentos em roda livre, fixados em âmbar. Eu, sem filtro. jorge.mourinha@gmail.com
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21 de maio de 2004
A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA #7: TUDO É BAGAGEM
Se fosse possível seleccionar aquilo que preferiríamos esquecer e "apagá-lo" da nossa memória como um ficheiro de computador, quereríamos fazê-lo?
"O Despertar da Mente", de Michel Gondry (estreou ontem em todo o país), é uma história de amor contada ao contrário, de trás para a frente, sobre a impossibilidade de deixar para trás aquilo que mais nos marcou, sobre a incapacidade de esquecer aqueles que mais nos tocaram. Tem mais um notável argumento quebra-cabeças de Charlie Kaufman, o argumentista de "Queres Ser John Malkovich?" e "Inadaptado". Tem Jim Carrey, Kate Winslet e Kirsten Dunst e só isso já chegaria. Tem, acima de tudo, um coração maior que o mundo que nos diz: a dor não existe isolada da alegria, a felicidade não existe sem o seu contraponto de tristeza, não podemos querer o mundo sem esperar pagar o preço do aluguer. Tudo o que vivemos é, agora, parte de nós e não podemos evitar transportá-lo connosco. E algumas coisas tocam-nos demasiado fundo para as querermos ou podermos esquecer.
"Lost in Translation", "O Grande Peixe", em breve "Má Educação", de Almodóvar, e agora "O Despertar da Mente" — que belo ano de grande cinema.
PS: o título português é idiota. Tanto mais idiota quanto a própria legendagem resolve, a certa altura, o problema de como traduzir o complicado título original americano - "Eternal Sunshine of the Spotless Mind". É uma citação de um poema. E mais não digo.
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