Acho que todos nós passamos por aquele momento da descoberta adolescente existencialista do eu que depois tentamos traduzir em poesia. Esse momento deu-me na faculdade; durante um período louco de quatro anos em que o único hedonismo era a minha acumulação de horas de aulas, um emprego part-time, as minhas primeiras colaborações jornalísticas e uma capacidade estúpida de ouvir e digerir música. Para o bem e para o mal, esses quatro anos moldaram muito de mim. Quanto à má poesia adolescente, correndo o risco de parecer David Fonseca, escrevi-a quase sempre em inglês, porque era a minha cadeira principal e naquela altura permitia-me outra flexibilidade que a rigidez latina do português não tinha. Algumas das coisas que escrevi não me parecem de todo mal hoje em dia, mas isso sou eu. Como acredito no complexo de culpa judaico-cristão e estou em modo Mel Gibson decidi-me a auto-flagelar-me colocando aqui um exemplo da minha má poesia adolescente em inglês. Sintam-se à vontade para vergastar nos comentários.
SUMMER THROUGH FALL
I look into this face
what do I see
a broader reflection
of all the faults in me
...what a price to pay for just being in love
for the first time in your life
you can’t tell what is to come
you can’t tell what is to happen
but you jump
and you fall
sometimes
and the hardest of it all
is when you’re awake through the fall
and you don’t know what to think
of all the hurt and the sorrow
that you see in that face
you thought you knew
so well
in the end
there is always something left for you to find out
for you to try out
for you to cry over
because it hurts all that much
when you know who the face is
and the face could be yours
and the fall could be yours
and the fall may be yours
if you jump.
(Outubro de 1989)
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