Na casa de hamburgers onde hoje almocei, o televisor está ligado, com o som baixo, no canal VH1. Flashback da minha adolescência: o teledisco super-elaborado de "The Wild Boys", dos Duran Duran - a canção onde, depois de um período de fanatismo teenager, comecei a não lhes achar grande piada. Mas o teledisco continua a ser divertido, sobretudo quando aparece um pseudo-monstro cego de dentuça afiada.
Duas banalidades modernas mais à frente, flashback dos meus dez anos: Kate Bush com o seu ar de leoa pré-rafaelita, evoluindo na gravidade zero da neve carbónica no teledisco primitivo de "Wuthering Heights". Por onde andas tu, que há mais de dez anos que não dás notícias, oh diva?
O empregado que me atende o pedido lembra-me — até nos modos — um João Baião que tivesse engordado um tudo nada, com o ar envelhecidamente resignado de quem já foi e hoje atende bancários engravatados à hora do almoço.
Ao meu lado, um senhor com ar de Fernando Alves tenta explicar à senhora com quem almoça a diferença horária com o Brasil — mas ele próprio parece não a compreender, riscando o A4 dobrado em quatro onde toma notas a esferográfica preta em letras maiúsculas de escola primária.
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