A minha mãe também acha que a Mariza não tem nada que ir cantar o hino nacional e que a banda da GNR serve perfeitamente. Onde é que já se viu agora uma fulana como a Mariza ir cantar o hino? Como se ninguém conhecesse o hino. Ao que tive de pacientemente explicar-lhe: se a maior parte da juventude não tem grande ideia do que é o 25 de Abril, achas verdadeiramente que eles sabem o hino nacional? Ou haveria outra razão para Paulo Portas ter proposto que se cantasse o hino nacional na escola, no início de cada aula?
A esse (des)propósito, Marçal Grilo diz hoje na Pública que 60 por cento dos portugueses têm, no máximo, seis anos de escolaridade; 80 por cento dos empresários têm menos de nove anos de escolaridade; e 50 por cento da população diz que não quer aprender mais nada.
Os portugueses ainda pensam que isto de progredir é sobretudo uma questão de sorte. Não reconhecem que é uma questão de trabalho, de esforço, de estudo, de perseverança. Não reconhecem que a valorização das pessoas se faz pela educação e pela valorização do saber. (...) As nossas taxas de abandono escolar (...) repercutem muito esta forma de olhar com alguma desconfiança para a educação, sem acreditar no seu valor.
Mas isso é, acho eu, porque em Portugal não se dá valor ao trabalho intelectual: a minha mãe continua a perguntar-me quando é que eu arranjo um emprego a sério.
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