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25 de abril de 2004

25/4/2004

O dia está lindo numa Lisboa solar, calor a antecipar o Verão. Uma pena ficar em casa nesta manhã. Saio com a máquina fotográfica.

Pouca gente na rua, ainda menos carros em movimento. Apenas o pontual casal idoso que vestiu a melhor roupa de domingo para sair. Chegado ao Marquês percebo que afinal o desfile militar que eu pensava ter sido de manhãzinha ainda nem sequer começou, o trânsito está cortado e muita gente vestida de cores leves passeia pela Avenida da Liberdade. Aqui e ali soldados da polícia militar ou agentes da polícia conversam ou percorrem a avenida.

É quase meio-dia e muita gente acotovela-se já junto às barreiras montadas frente aos palanques erguidos em frente ao Parque Mayer para acomodar as individualidades.

Um senhor de cabelos brancos, impecavelmente vestido de branco, cola um autocolante da CDU na T-shirt, ao lado de um pin da JCP. Diz em voz alta para quem o quiser ouvir que parece que voltámos aos tempos da PIDE e que "esse Portas e esse Barroso" são fascistas. O senhor que está ao seu lado afasta-se discretamente.

Indianos (ou serão paquistaneses?) sobem e descem a avenida a querer vender cravos.

Um polícia militar que monta guarda de costas para o cinema São Jorge resmunga entre dentes, maçado por tudo estar atrasado, mas assim que percebe que um casal estrangeiro está a enquadrá-lo para uma fotografia faz pose marcial e, depois, sorri.

Uma senhora idosa quer atravessar a avenida pela passadeira, mas o mesmo polícia pede-lhe para ir atravessar mais à frente, ali é para a recepção das individualidades. A senhora levanta a voz numa indignação popular muito proletária, "atravessa-se é na passadeira", a contragosto avança alguns metros para atravessar numa zona onde parece já ser permitido, mas grita para trás "só não atravesso porque não quero!".

Vou subindo a avenida calmamente enquanto a parada começa ao som das bandas marciais; são mais que muitas as máquinas fotográficas, as câmaras de video assestadas sobre os soldados que marcham. Há mesmo quem desça a correr para voltar a apanhar um familiar, um namorado, um amigo que está no desfile; ou quem acene ou grite um nome. Um casal de turistas, polacos pelo guia que têm na mão, fica ali a ver, divertido.

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