O tempo tem aquele feitio curioso de passar mais devagar quando queremos que ele passe mais depressa. E essa velocidade subjectiva é tanto mais relevante quanto mais sozinhos ou mais distraídos estamos. Por vezes, essa distracção pode consistir em nada mais do que olhar pela janela, procurando descobrir padrões na observação desapaixonada das idas e vindas do quotidiano, dos carros que páram e arrancam nos semáforos, das pessoas que atravessam a rua, a praça, que páram a levantar dinheiro no multibanco ou a a observar uma montra mais ou menos vistosa. Mas, mais tarde ou mais cedo, consoante a subjectividade do momento, voltamos a estar sozinhos connosco próprios no que, no fundo, nos é um lugar estranho (Sofia, outra vez, sempre). E um lugar será sempre tanto mais estranho quanto mais sozinhos estivermos.
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