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10 de fevereiro de 2004

POLAROID GCP

Uma senhora já de meia-idade, de cabelo louro, usa um fato de treino de veludo vermelho que exibe bem grande a sua marca: Dolce & Gabbana, procurando fingir uma idade que já não tem.

Os adolescentes que jogam râguebi e que vão ali fazer treino físico distinguem-se sempre pelas meias altas, pelas camisolas com motivos alusivos ao jogo. Em alguns casos, até pelo tipo físico, se é que tal é imaginável.

Há dois trintões que ali vão quase diariamente fazer o seu treino de musculação; carregam as máquinas de pesos que me assustam só de olhar para eles, depois levantam-nos com rostos de grande sofrimento e ruídos de quem está a fazer um esforço sobre-humano.

Os estagiários dos cursos de educação física parecem, quase sempre, perdidos, sem saber para onde se virar, a tentar perceber se é a isto que vão dedicar a sua vida profissional quando terminarem a universidade. Isto: passar dias a fio fechado num ginásio a fazer treinos e querer ajudar pessoas que, na maior parte dos casos, ali estão apenas por uma qualquer sensação de culpa, para impressionar alguém, para fingir que estão a fazer alguma coisa pelo seu corpo. Esses nunca se vêem muito tempo.

Algumas máquinas estão desligadas das tomadas e têm uma folha branca impressa a computador: "equipamento em manutenção". Como quase toda a gente que ali vai. Muitos deles vão irregularmente ou fazem meia-dúzia de sessões antes de desistir. Já conheço de vista os que estão ali a sério.

No balneário, os miúdos que acabam de sair do judo entram em brincadeiras parvas, próprias da idade. Um deles põe desodorizante, daqueles baratos, fortes, com um cheiro muito enjoativo, mesmo ao meu lado, enquanto um miúdo mais novo repete irritantemente tudo o que ele diz, como vingança por lhe terem atirado a mochila para cima dos cacifos.

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