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29 de fevereiro de 2004

É NOITE DE OSCARES. E DAÍ?

Daqui a bocado vão começar os Oscares e não faço a mínima intenção de ficar a pé a vê-los, como qualquer bom cinéfilo que se preze. Porque - e falo por experiência - com a décalage horária é uma chatice absoluta ficar a noite toda sentado em frente à "idiot box" (definição deliciosa que o grande comediante britânico Robert Morley pronunciava com um desprezo mal disfarçado num filmezinho menor dos anos 70 chamado "Quem Anda a Matar os Grandes Chefes da Europa?"). Já a horários normais quatro horas de programa de ritmo bastante irregular seria difícil de aturar, então madrugada dentro só mesmo os indefectíveis de estômago forte (que eu já deixei de ser há uns tempos) conseguem resistir. Além do mais, a cerimónia dos Oscares não é - nunca foi - uma celebração do Cinema, mas um espectáculo formatado para o mínimo denominador comum do americano médio, que a nós europeus parece demasiado polido, demasiado banal, demasiado mastigado, demasiado déjà-vu.

Secretamente, claro, estou a torcer por Sofia e pela vitória do seu "lugar estranho" perdido na tradução, mas sem esperanças de maior, face ao proverbial conservadorismo de uma academia mais interessada no status quo. Será que a Marta já estará a regressar de Los Angeles quando a cerimónia for para o ar?

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