Sesimbra: Baía da Armação, domingo 15 de Fevereiro, 11h56: 12.8m, 51min, 14º C
No trajecto de ida, ainda com um sol tímido a brilhar por cima de nuvens de algodão altas a tintar o céu azul, são as falésias costeiras, a cair quase a pique sobre o mar chão cor de chumbo móvel, a mostrar as camadas milenares de sedimento, que chamam a atenção. No trajecto de volta, já à beira de entrar na baía de Sesimbra, vejo meia-dúzia de pescadores de fim-de-semana empoleirados numa reentrância das rochas; pergunto-me como terão chegado ali sem ser de barco. O vento, entretanto, levantou um pouco, o céu tornou-se num capacete acinzentado de nuvens brancas sujas, caíu o frio, negado pelo azul desmaiado que retorna calmamente ao céu à medida que guio de regresso a Lisboa.
Lá em baixo, a vida fervilhante de cardumes, anémonas, estrelas do mar, salgadeiras, até um choco que pachorrentamente se passeia (qual hipopótamo subaquático) pelas rochas em declive da costa até encontrarem o mar alto numa fronteira invisível em que a areia começa a dominar, tudo me faz lembrar "À Procura de Nemo" e o seu retrato multicor dos recifes de coral australianos. Mas faltam as cores - a suspensão da água torna-a num verde enevoado, a um tempo espesso e aquoso; é preciso o foco brilhante de luz da lanterna para devolver a cor a este universo em suspensão, vogando ao sabor da corrente. E, apesar de tudo, há muito menos vida do que na imagem que fazemos dos recifes de coral australianos. A suficiente, ainda assim, para encher 50 minutos de mergulho - não foram mais porque o João Torres ficou com frio, apesar do computador marcar os exactos mesmos 14 graus da semana passada. As máquinas, pelos vistos, não têm sempre razão.
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