Sesimbra: Marca das Três Milhas, domingo 18 de Janeiro, 11h27: 17.3m, 41min, 13ºC
E ainda há quem diga que o mergulho é uma actividade relaxante? Há dias - e hoje nem foi dos piores - em que tem mais de aventura radical, em que um gajo se pergunta porque é que navega umas milhas para fora da costa e, depois de ter sido sacudido que nem bebida alcóolica em shaker de cocktail, se atira ao mar em movimento com uma garrafa de ar às costas. Posto desta maneira, não faz muito sentido, pois não?
Uma vez lá no fundo, percebe-se porquê. De regresso ao mesmo spot do domingo passado, a menor visibilidade e a corrente suave mas resistente contra a qual nadámos metade do tempo de imersão haviam mudado a paisagem, mas a longa esteira de pedras cobertas de anémonas, muitas salgadeiras, alguns corais a espaços mantinha-se um teimoso oásis no meio da areia, balizado pelas cordas-guia deixadas pelos pescadores locais para marcar as armadilhas que jazem vazias no fundo. Desde os pequenos peixes-pedra que se confundem com o fundo arenoso aos cardumes prateados que ziguezagueavam de direcção, nem a suspensão que coava a luminosidade conseguia impedir o espectáculo de ser deslumbrante. Alguém viu um peixe-lua (seria o mesmo da semana passada?), este nadando em mar alto; não fui eu e fiquei com pena. O resto é uma pacatez e uma plenitude incapazes de serem traduzidas em meras palavras.
E, em rigor, não estava assim tão mau cá fora: só o frio vento de nordeste e alguma ondulação a criar uma corrente desconfortável mas passageira à superfície. Ao regresso, em que voltámos contra a direcção do vento (mais forte), é que o efeito shaker se fez sentir, ainda por cima em semi-rígido a toda a brida. Se as pulseiras homeopáticas contra o enjôo não resultassem, tinha sido lindo.
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