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19 de julho de 2008

A PROPÓSITO DO NOSSO IMAGINÁRIO CULTURAL

Andava há anos à procura dos álbuns de Luc Orient, uma das personagens que mais retive na memória da velha revista Tintin — uma série de ficção científica que combinava elementos da "space opera" mais tradicional (e muito derivativa de Flash Gordon) com uma abordagem científica mais circunspecta e uma série de visuais psicadélicos muito anos 1970, com argumentos de Greg e desenhos de Eddy Paape. Depois de investigar um bocadinho, lá descobri que a série foi criada em 1967 e deixou-se acabar por 1981, apesar de tentativas pontuais de a retomar, com um total de 18 álbuns publicados em França. 

Que eu me recorde, a edição portuguesa da revista Tintin publicou os primeiros 14 episódios da série, mas em álbum a Bertrand só lançou três (O Senhor de Terango, O Segredo das 7 Luzes — capa em cima — e 24 Horas para o Planeta Terra). E quando comecei à procura dos álbuns em francês, já tinham todos sido descatalogados.

Fiquei, então, muito feliz quando, numa visita à Fnac outro dia, dei lá com o segundo volume de uma "Intégrale Luc Orient" que as edições do Lombard começaram a publicar este ano, em cinco volumes  que reunem a totalidade dos álbuns originais. A Fnac só tinha o segundo, tirei-me de cuidados, liguei-me à net e mandei vir da Fnac francesa os três já publicados, não sem aquela trepidação: será que este fragmento do meu imaginário cultural resistiu ao tempo?

Digerido pacientemente o ciclo de Terango (Os Dragões de Fogo, 1967; Os Sóis de Gelo, 1967, O Senhor de Terango, 1968; O Planeta da Angústia, 1969; e A Floresta de Aço, 1969 — cinco aventuras sequenciais onde os cientistas do laboratório Eurocristal descobrem a existência de uma benfazeja civilização extra-terrestre cujo planeta de origem foi entretanto subjugado por um tirano que pretende atacar a Terra), a resposta é positiva. A meio caminho entre a estranheza poética da ficção científica europeia modelo Druillet/Heavy Metal e a "space opera" mais convencional, a série criava algumas visões verdadeiramente inspiradas, mesmo que aqui e ali os guiões se resolvessem de modo mais atabalhoado (O Planeta da Angústia sobretudo tem problemas sérios). Apesar disso, contudo, parte do charme da série é precisamente esse lado "datado" (hoje em dia dificilmente se faria banda-desenhada de ficção-científica deste modo a um tempo desprendido e inspirado). O contemporâneo Valérian é outra coisa, mas Luc Orient é tão interessante quanto eu me lembrava dele. 

2 comentários:

Mr. Steed disse...

chuif!

estou tão emocionado...tb tu? e o Taka Takata???? e o Bruno Brazil?

como eu sou amiguinho toma lá uma data de links bacanos sobre BD.

http://www.bdnet.com
http://www.bedetheque.com
http://www.canalbd.net
http://bd.casterman.com
http://www.coinbd.com
http://www.dargaud.com
http://www.dupuis.com
http://www.bdtheque.com
http://lejournaldetintin.free.fr/index.php

karmona disse...

Já me dava por contente se conseguisse arranjar tempo para reler os LO's publicados na velha (e mui saudosa!) revista Tintin!!